Balança Comercial dos Agronegócios Paulistas e Brasileiros no Primeiro Bimestre de 2009

            No primeiro bimestre de 2009, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$ 5,56 bilhões (28,7% do total nacional), e as importações2, US$7,77 bilhões (42,9% do total nacional), registrando um déficit de US$2,21 bilhões. Em relação ao primeiro bimestre de 2008, o valor das exportações paulistas diminuiu 32,1% e o das importações, 17,5%, elevando em 79,7% o déficit comercial (Figura 1). O desempenho das exportações paulistas (-32,1%), comparando-se os dois primeiros meses 2009 com os de 2008, mostra queda maior que a brasileira (-25,7%), enquanto que nas importações, a diminuição no Brasil foi maior (-25,4%) do que em São Paulo (-17,5%). Assim, na conjunção das performances das exportações e importações, o saldo da balança comercial paulista teve aumento do déficit enquanto que a brasileira, apesar da redução, mostra saldo positivo (-30,3%). Trata-se da manifestação da realidade da crise econômica mundial, uma vez que todos os indicadores de comércio exterior apresentam recuos expressivos.

Figura 1 - Balança Comercial, Estado de São Paulo, Primeiro Bimestre de 2008 e 2009.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Os agronegócios paulistas também apresentaram exportações decrescentes (-16,3%), atingindo US$1,95 bilhão; como as importações tiveram maior diminuição (-31,5%), somando US$0,87 bilhão, houve pequeno aumento de 1,9% no saldo comercial em relação a primeiro bimestre de 2008, somando US$1,08 bilhão3 (Figura 2). Há que se destacar que as importações paulistas nos demais setores - exclusive os agronegócios - somaram US$6,90 bilhões para exportações de US$3,61 bilhões, gerando um déficit externo desse agregado, de US$ 3,29 bilhões. Assim, conclui-se que o déficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho dos agronegócios estaduais, cujos saldos se elevaram, pois as importações diminuíram mais do que as exportações.

Figura 2 - Balança Comercial dos Agronegócios Estado de São Paulo, Primeiro Bimestre de 2008 e 2009.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            A participação das exportações dos agronegócios paulistas no total do Estado cresceu 6,7 pontos percentuais, enquanto a participação das importações diminuiu em 2,3 pontos na comparação dos dois primeiros meses de 2008 com os de 2009 (Figura 3). Isso revela que os impactos da crise internacional se deram primeiro nas vendas externas dos demais setores.

Figura 3 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Estado de São Paulo, Primeiro Bimestre de 2008 e 2009.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            A balança comercial brasileira registrou superávit de US$1,24 bilhão no primeiro bimestre de 2009, com exportações de US$19,37 bilhões e importações de US$18,13 bilhões. Esse desempenho aconteceu em função de queda das exportações (-25,7%) similar à diminuição das importações (-25,4%) gerando redução expressiva do saldo comercial (-30,3%)(Figura 4). Mais uma vez a economia brasileira sofre os impactos da crise econômica sobre o comércio internacional.

Figura 4 - Balança Comercial, Brasil, Primeiro Bimestre de 2008 e 2009.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            No primeiro bimestre de 2009, as exportações dos agronegócios brasileiros recuaram 15,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo US$8,20 bilhões (42,3% do total). Já as importações do setor diminuíram 37,1%, também em comparação com primeiro bimestre de 2008, somando US$2,48 bilhões (13,7% do total). O superávit dos agronegócios no primeiro bimestre de 2009 foi de US$5,72 bilhões4, 0,7% inferior ao do mesmo período do ano passado (Figura 5). Portanto, o desempenho dos agronegócios sustentou a balança comercial brasileira, uma vez que os demais setores, com exportações de US$ 11,17 bilhões e importações de US$ 15,65 bilhões, produziram no período um déficit de US$ 4,48 bilhões.

Figura 5 - Balança Comercial dos Agronegócios, Brasil, Primeiro Bimestre de 2008 e 2009.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            As participações dos agronegócios nos totais do País cresceram em termos das exportações (+5,1 pontos percentuais) e recuaram em relação às importações (-2,5 pontos percentuais) (Figura 6). Isso revela a capacidade dos agronegócios brasileiros em responder aos movimentos da crise internacional.

A participação paulista no total da balança comercial brasileira caiu em termos das exportações (-2,7 pontos percentuais) mas aumentou no tocante às importações (+4,1 pontos percentuais) (Figura 7).

Figura 6 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Brasil, Primeiro Bimestre de 2008 e 2009.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
 

Figura 7 - Participação da Balança Comercial Paulista no Total do Brasil, Primeiro Bimestre de 2008 e 2009.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Em relação aos agronegócios brasileiros, as exportações setoriais de São Paulo no primeiro bimestre de 2009 representaram 23,8%, ou seja, 0,2 ponto percentual a menos que no mesmo período em 2008, enquanto as importações representaram 35,1%, sendo 2,9 pontos percentuais superiores à verificada no ano anterior (Figura 8).

Figura 8 - Participação do Agronegócio Paulista no Brasileiro, Balança Comercial, Primeiro Bimestre de 2008 e 2009.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

__________________________________________________________________________________
1Estado produtor (Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

2Estado importador (Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

3Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios paulistas foi de US$1,23 bilhão.

4Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios brasileiros foi de US$6,27 bilhões.

Palavras-chave: agronegócios, balança comercial, exportações, importações.

Data de Publicação: 16/03/2009

Autor(es): Sueli Alves Moreira Souza Consulte outros textos deste autor
José Roberto Vicente (jrvicente@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor