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Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro no Período 1997-2007
                                 Nos últimos anos da década de 1990, as exportações dos agronegócios paulistas diminuíram de US$6,36 bilhões em 1997, para US$ 5,46 bilhões em 2000. A partir de então passaram a exibir nítida tendência de crescimento, terminando 2007 com US$15,49 bilhões (Figura 1 e Tabela 1). Nota-se que em 2007 há redução do ritmo da expansão anual, quando comparado com os anos anteriores. 
Figura 1- Valor das Exportações dos Agronegócios, São Paulo, 1997-2007. 
 
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Tabela 1 - Balança Comercial dos Agronegócios, Brasil, Outras Unidades da Federação e São Paulo, 1997-2007 
(US$ bilhão) 
| Ano |        |            |            | ||||||||
|        Export.  |            Import.  |            Saldo  |            Export.  |            Import.  |            Saldo  |            Export.  |            Import.  |            Saldo  | |||
| 1997 |        24,96  |            12,69  |            12,28  |            18,60  |            7,09  |            11,51  |            6,36  |            5,59  |            0,77  | ||
| 1998 |        23,05  |            12,28  |            10,77  |            16,85  |            7,04  |            9,81  |            6,20  |            5,24  |            0,97  | ||
| 1999 |        21,66  |            9,11  |            12,56  |            15,46  |            5,24  |            10,22  |            6,21  |            3,87  |            2,34  | ||
| 2000 |        21,78  |            9,47  |            12,31  |            16,32  |            5,63  |            10,69  |            5,46  |            3,84  |            1,62  | ||
| 2001 |        25,01  |            8,56  |            16,45  |            18,81  |            5,01  |            13,80  |            6,20  |            3,55  |            2,64  | ||
| 2002 |        26,06  |            7,68  |            18,38  |            19,52  |            4,66  |            14,86  |            6,54  |            3,02  |            3,52  | ||
| 2003 |        32,43  |            8,51  |            23,92  |            24,76  |            5,34  |            19,42  |            7,67  |            3,17  |            4,50  | ||
| 2004 |        41,51  |            10,20  |            31,31  |            31,47  |            6,44  |            25,03  |            10,04  |            3,76  |            6,28  | ||
| 2005 |        46,30  |            10,07  |            36,23  |            34,55  |            6,29  |            28,26  |            11,75  |            3,78  |            7,97  | ||
| 2006 |        52,04  |            11,86  |            40,18  |            37,36  |            37,29  |            7,37  |            14,75  |            4,49  |            10,26  | ||
| 2007 |        61,84  |            17,10  |            44,74  |            36,70  |            46,35  |            11,67  |            15,49  |            5,43  |            10,06  | ||
            As importações dos agronegócios paulistas caíram durante os seis primeiros anos da série analisada, de US$5,59 bilhões em 1997, para US$3,02 bilhões em 2002. Em 2003 iniciou-se fase de crescimento, terminando 2007 com US$5,43 bilhões (Figura 2 e Tabela 1). 
  
Figura 2- Valor das Importações dos Agronegócios, São Paulo, 1997-2007. 
 
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
O saldo da balança comercial dos agronegócios paulistas aumentou continuamente no período 1997-2006, com exceção do ano de 2000, finalizando 2006 com um superávit de US$10,26 bilhões. Entretanto, em 2007 verifica-se a reversão dessa tendência de crescimento dos saldos da balança comercial setorial, que recua para US$10,06 bilhões (Figura 3 e Tabela 1). No caso paulista, as quedas das divisas geradas pelas exportações de açúcar, cujos preços internacionais recuaram, explicam o recuo do superávit setorial.
Figura 3 - Saldo da Balança Comercial dos Agronegócios, São Paulo, 1997-2007. 
 
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
O valor das exportações dos agronegócios das outras Unidades da Federação - que no primeiro ano do período em análise atingiu US$18,60 bilhões - diminuiu até 1999, apresentando valores crescentes desse ano em diante, chegando a US$46,35 bilhões em 2007 (Figura 4 e Tabela 1). Diferentemente dos agronegócios paulistas, esse desempenho das demais Unidades da Federação deriva, principalmente, dos aumentos das divisas obtidas com exportações de milho e soja, cujos preços internacionais apresentaram signficativa alta em 2007, fruto da política de biocombustíveis de outras nações, em especial da decisão norte-americana de produção de etanol a partir do milho, que elevou os preços internacionais dessa commodity.
Figura 4 - Valor das Exportações dos Agronegócios, Total das Outras Unidades da Federação, 1997-2007. 
 
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
As importações dos agronegócios das outras Unidade da Federação exibiram, em linhas gerais, comportamento similar às dos agronegócios paulistas, com tendência de queda até 2002, e crescimento daí em diante, concluindo 2007 com a quantia de US$11,67 bilhões (Figura 5 e Tabela 1). Verifica-se o expressivo salto de 2007 em relação a 2006, situação que decorre do barateamento de produtos estrangeiros, em função da valorização da moeda brasileira.
Figura 5 - Valor das Importações dos Agronegócios, Total das Outras Unidades da Federação, 1997-2007. 
 
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
A balança comercial dos agronegócios das outras Unidades da Federação mostrou saldo em queda de US$1,70 bilhão entre 1997 e 1998. Esse resultado passou a apresentar crescimento contínuo nos anos seguintes, terminando 2007 com superávit de US$34,68 bilhões (Figura 6 e Tabela 1). Isso reflete a força dos agronegócios em ampliar a base territorial das exportações brasileiras.
Figura 6 - Saldo da Balança Comercial dos Agronegócios, Total das Outras Unidades da Federação, 1997-2007. 
 
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Em nível nacional, a partir de 2001, as exportações dos agronegócios inverteram a tendência de queda observada entre 1997 e 2000, seguindo o comportamento das agronegócios paulistas, chegando em 2007 à quantia de US$61,84 bilhões (Figura 7 e Tabela 1). Um destaque fundamental decorre da verificação que a valorização da moeda brasileira não impactou o ritmo de expansão das exportações setoriais, em função dos aumentos de preços dos principais produtos exportados como o da soja e do milho.
Figura 7 - Valor das Exportações dos Agronegócios, Brasil, 1997-2007. 
 
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
O valor das importações dos agronegócios brasileiros passou de US$12,69 bilhões em 1997, para US$17,10 bilhões em 2007. Em linhas gerais, a tendência de queda verificada até 2002 inverteu-se desse ano em diante, fechando o período em patamar superior ao de 1997 (Figura 8 e Tabela 1). Essa aceleração das importações dos agronegócios brasileiros em 2007 reflete os impactos do câmbio sobrevalorizado.
Figura 8 - Valor das Importações dos Agronegócios,Brasil, 1997-2007. 
 
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Os saldos da balança comercial dos agronegócios brasileiros foram positivos em todos os anos de 1997 a 2006, porém, um ritmo mais acelerado de crescimento iniciou-se após o ano de 2000, fechando 2007 com superávit de US$44,74 bilhões, espelhando o comportamento dos agronegócios paulistas (Figura 9 e Tabela 1).
Figura 9 - Saldo da Balança Comercial dos Agronegócios, Brasil, 1997-2007. 
 
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
A relevância dos agronegócios, que apresentaram saldos comerciais positivos em todos aos anos considerados (Tabela 1), pode ser aquilatada quando se considera o desempenho da balança comercial dos demais setores. Tanto para o Brasil como um todo, como para as demais Unidades da Federação (exclusive São Paulo), superávits passaram a existir apenas a partir de 2003, sendo que em São Paulo em todos aos anos há déficit das transações dos demais setores com o exterior (Tabela 2).
Tabela 2 - Balança Comercial dos Demais Setores, Brasil, Outras Unidades da Federação e São Paulo, 1997-2007 
(US$ bilhão) 
| Ano |        |            |            | ||||||||
|        Export.  |            Import.  |            Saldo  |            Export.  |            Import.  |            Saldo  |            Export.  |            Import.  |            Saldo  | |||
| 1997 |        28,03  |            47,06  |            -19,03  |            16,30  |            24,13  |            -7,83  |            11,73  |            22,94  |            -11,20  | ||
| 1998 |        28,09  |            45,43  |            -17,34  |            16,06  |            22,74  |            -6,68  |            12,03  |            22,69  |            -10,68  | ||
| 1999 |        26,35  |            40,10  |            -13,76  |            15,01  |            20,66  |            -5,65  |            11,33  |            19,44  |            -8,11  | ||
| 2000 |        33,31  |            46,31  |            -13,01  |            18,98  |            24,58  |            -5,60  |            14,33  |            21,74  |            -7,41  | ||
| 2001 |        33,21  |            47,01  |            -13,80  |            18,79  |            25,78  |            -6,99  |            14,42  |            21,23  |            -6,79  | ||
| 2002 |        34,30  |            39,56  |            -5,26  |            20,74  |            22,75  |            -2,01  |            13,57  |            16,82  |            -3,25  | ||
| 2003 |        40,65  |            39,79  |            0,86  |            25,25  |            22,63  |            2,62  |            15,40  |            17,16  |            -1,76  | ||
| 2004 |        54,96  |            52,63  |            2,33  |            33,96  |            29,28  |            4,68  |            21,00  |            23,35  |            -2,35  | ||
| 2005 |        72,01  |            63,54  |            8,47  |            45,75  |            36,82  |            8,93  |            26,26  |            26,72  |            -0,46  | ||
| 2006 |        85,77  |            79,49  |            6,28  |            54,37  |            46,93  |            7,44  |            31,40  |            32,56  |            -1,16  | ||
| 2007 |        98,81  |            103,52  |            -4,71  |            62,57  |            60,55  |            2,02  |            36,24  |            42,97  |            -6,73  | ||
Em linhas gerais, constata-se que o desempenho da balança comercial brasileira está diretamente associada ao desempenho do principal segmento econômico nacional, representado pelos agronegócios. Comparando-se os resultados nacionais e das Unidades da Federação, há que ser frisada a condição de liderança paulista, não apenas como a principal plataforma exportadora da economia e dos agronegócios brasileiros, mas também a principal base produtora nacional de bens de capital e insumos, daí a expressão de sua representatividade nas importações nacionais. Nos agronegócios, em particular, as importações paulistas sustentam a produção de bens de capital e insumos que garantem a modernidade de amplas extensões das agriculturas das demais Unidades da Federação.
Palavras-chave: agronegócios, balança comercial, exportações, importações.
Data de Publicação: 18/03/2008
                Autor(es): 
                Sueli Alves Moreira Souza Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor              

                    
                        