A Internet na agricultura

            A comunicação empresarial 'deixa de ser uma atividade que se descarta ou se relega a segundo plano, em momentos de crise e de carência de recursos, para se firmar como um insumo estratégico, de que uma empresa ou uma entidade lança mão para ‘fidelizar’ clientes, sensibilizar multiplicadores de opinião ou interagir com a comunidade', afirma o professor Wilson da Costa Bueno no livro Comunicação Empresarial Teoria e Pesquisa (Editora Manole). E para isso se vale de novas tecnologias (como intranets, extranets, sites institucionais, newsletters eletrônicas, chats, etc.) de maneira a se tornar 'mais ágil, mais interativa, mais focada na expectativa dos vários públicos com quem a empresa se relaciona'.1 
            No caso das instituições de pesquisa agropecuária, a comunicação via Internet tem importância vital na medida em que, além das vantagens citadas acima, é instrumento poderoso de democratização do acesso a informações e tecnologias geradas, quer no âmbito sócio-econômico ou no agronômico e zootécnico. Já é possível sonhar com o dia em que cada salão de igreja, cooperativa, casa de agricultura, sede de sindicato ou de associação tenha um terminal em que o agricultor possa não apenas consultar on-line os preços de mercado, no Brasil e no exterior, como também ter o seu e-mail pessoal para receber, por exemplo, o resultado de análises laboratoriais ou solicitar outros tipos de serviços.
            É antecipando-se a isso que o Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, decidiu adotar a Internet como linha de frente na sua estratégia de comunicação, por considerá-la um meio eficiente de atingir o agricultor e demais agentes do agronegócio, bem como os formuladores de políticas públicas.
            Parceria com a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), em 2002, permitiu promover uma grande reformulação no site institucional (www.iea.sp.gov.br), com destaque para a criação do banco de textos, uma espécie de biblioteca virtual de economia agrícola. O banco já reúne mais de 1.100 artigos (correspondentes a 12 anos de trabalho) de pesquisadores do IEA e de outras instituições, abordando os mais diversos assuntos, que podem ser acessados e copiados na íntegra.
            Paralelamente, a equipe de informática do IEA criou e aperfeiçoou o banco de dados, que oferece informações agropecuárias, por cinco anos, relativas a área agrícola, rebanhos e produção, valor da produção, preços agrícolas e preços de terra, para o total do Estado e por regiões (Escritórios de Desenvolvimento Rural e Regiões Administrativas), bem como dados municipais do último ano. Além disso, a biblioteca IEA foi informatizada e disponibilizada no site, com o seu acervo podendo ser consultado por assunto ou por autor.
            Também encontra-se na íntegra no site a versão eletrônica (formato pdf) de publicações como Informações Econômicas (revista técnica) e Agricultura em São Paulo (revista científica), o que permite o acesso ao seu conteúdo com no mínimo um mês antes da edição impressa.. Outra inovação são os links por cadeias produtivas dos principais setores do agronegócio, abrangendo entidades e organizações de suporte (infra-estrutura, insumos, pesquisa, etc.), de produção/industrialização e de serviços.
            Assim, o site do IEA está sustentado no tripé banco de textos/banco de dados/biblioteca, com inúmeras possibilidades de acesso por parte dos usuários, constituídos de lideranças agrícolas e técnicos do setor (agrônomos e economistas de cooperativas, empresas e entidades de classe como associações e sindicatos), jornalistas da capital e do interior, técnicos de governo, professores, pesquisadores e alunos de universidades (inclusive internacionais), organizações não-governamentais (ONGs) e consultores.

1 Artigo publicado no Suplemento Agrícola do jornal O Estado de S. Paulo, 28/01/2004

Data de Publicação: 05/02/2004

Autor(es): José Venâncio De Resende Consulte outros textos deste autor