Mercado de Produtos de Eucalipto em São Paulo, 2011/2012

 

            Ao encerrar o segundo ano em que se publicaram sistematicamente cotações e índices de preços pagos ao produtor rural de eucalipto no Estado de São Paulo, buscou-se sintetizar o comportamento desses parâmetros durante esse período recente, ressaltando seus principais aspectos e analisando, em especial, o mercado em 2011 e suas perspectivas para 2012.
 

            Pela evolução dos índices de preços calculados pelo IEA, verificou-se que, durante a década, houve uma tendência de elevação das cotações até 2005. Em 2006, houve uma queda acentuada e depois elas se recuperaram até 2008, tornando a declinar novamente em função da crise econômica mundial, que se instalou a partir de outubro.
 

            Ressalve-se que, como suas origens são muito diferentes, a coleta sistemática de dados pelo IEA se deu a partir de 2007/08. Assim, a evolução e os valores anteriores a essa data devem ser considerados com reservas, até porque os dados de 2005 parecem estar muito acima do que se poderia esperar do mercado na época.
 

            Para haver um acompanhamento mais consistente do mercado, redefiniram--se os índices de preços e reiniciou-se a sequência a partir de 2007, quando a série histórica do IEA começou; esse ano pode ser considerado 'normal' em termos de mercado, sem pressões de demanda ou choques de oferta.
 

            O resultado desse novo índice pode ser visualizado na tabela 1. Ela mostra que, no ano de 2009, o setor foi afetado pela crise econômica mundial do final de 2008, quando o PIB brasileiro ficou estagnado, e o dos Estados Unidos e dos países da Europa foi negativo. Já para o ano de 2010, o setor se recuperou com a retomada do crescimento econômico, principalmente nos países ditos emergentes, sendo que em 2011 houve novamente uma estagnação seguida de um recuo, principalmente a partir do segundo semestre (Tabela 1), reflexo talvez da crise europeia de 2011/2012.

Tabela 1 - Índices Anuais Acumulados de Preços de Eucalipto para o Produtor, Estado de São Paulo, 2007 a 2011

Índices/Ano
2007
2008
2009
2010
2011
Laspeyres
100,00
107,81
97,39
108,58
104,93
Paasche
100,00
107,63
96,75
107,85
104,26
Fisher
100,00
107,72
97,07
108,21
104,60
 

Fonte: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Mercados florestais. São Paulo: IEA, 2011. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/floresta/mercados.php>. Acesso em: fev. 2011.

 

Regionalização dos Índices

            Durante o período considerado, ficou evidenciado que as cotações variaram bastante em função das regiões e de suas especificidades de mercado.
 

            A regionalização agrícola, suas definições e diferentes perspectivas resultam, não raramente, em polêmicas do tipo conceitual e metodológico. Existem diversos conceitos tais como ecológico, geográfico, administrativo demográfico, geo-funcional (área de dispersão de influência de centros urbanos), entre outros. Mas é certo que esses conceitos que tratam de definir determinadas áreas podem ser considerados empíricos e fundamentais para definir uma região em pelo menos três grandes vias tradicionais: homogeneidade, polarização e política.
 

            Em geral, a realidade das variáveis a serem aplicadas são soluções dos problemas enfrentados e dependem dos objetivos; portanto, os critérios de homogeneidade devem ser concebidos e definidos a partir das necessidades e disponibilidade de informações.
 

            A regionalização aqui proposta tem a finalidade de delimitar zonas com explorações florestais, mais especificamente a cultura do eucalipto. O objetivo é verificar se há relação entre os índices de preços recebidos pelos produtores em decorrência do destino da sua produção.
 

            Na figura 1 é possível caracterizar pelo menos três grandes regiões de consumo de madeira de eucalipto no Estado de São Paulo.
 
 

O Mercado em 2011
 

            Ao analisar por grupos de produtos durante o ano passado (2011), o mercado para madeira de eucalipto no Estado de São Paulo apresentou um aumento das atividades consumidoras de lenha até o início do segundo semestre, em razão do aquecimento das atividades ligadas à construção civil e à indústria da carne, para em seguida cair durante todo o semestre seguinte.
 

 
Figura 1 - Principais Regiões na Produção de Eucalipto e sua Aptidão, Estado de São Paulo.
Fonte: Dados da pesquisa.
 
 

            Os grandes consumidores de energia proveniente de madeira continuaram sendo: cerâmicas, frigoríficos, indústrias alimentícias (óleo vegetal, suco de laranja, alimentos processados, torrefadoras e secagem de grãos), granjas, rações, curtumes, indústria de fertilizantes, além do consumo urbano, representado por panificadoras, docerias, restaurantes (churrascarias e pizzarias) entre outros, e praticamente todos eles refrearam suas atividades.
 

            Os demais setores consumidores, como celulose e painéis/chapas, praticamente mantiveram as suas produções, ficando nos patamares vigentes antes da crise de 2008, com um retardamento um pouco mais longo nos painéis por conta da reação um tanto demorada do mercado internacional em 2010.
 

            Os mercados para tratamento e serraria, bastante atrelados à pecuária e à construção civil, também desaqueceram e estabilizaram as cotações dos produtos destinados a essas finalidades a partir do segundo semestre.
 

            Desde meados do ano, portanto, se consolidou uma leve tendência à baixa (Tabela 2), notadamente em algumas regiões mais voltadas para o consumo energético, onde a oferta inclusive pode ter crescido.
 

            Houve, portanto, uma redução das cotações a patamares inferiores ao período pré-crise de final de 2008. Nos últimos três anos, 2008 a 20111, o que mais acusou os efeitos da crise foi 2009, como era de se supor, principalmente no setor agroindustrial – celulose e painéis/chapas, por conta da retração dos seus principais mercados, apesar de o mercado de celulose ter se recuperado bem mais cedo, estabilizando-se, porém, a seguir (Tabela 3).
 
 

Tabela 2 - Cotações para o Produtor, Estado de São Paulo, 2011

(R$/m3)
Produto
jan.
fev.
mar.
abr.
maio
jun.
jul.
ago.
set.
out.
nov.
dez.
Média 2011
Energia
54,86
53,62
54,48
56,58
56,83
51,99
52,38
52,81
52,19
52,14
52,19
52,20
53,52
Processo
49,15
48,82
49,05
49,90
49,46
48,63
46,52
46,50
46,50
45,98
47,20
47,57
47,94
Tratamento1
76,33
76,33
74,70
72,70
72,45
75,86
74,90
72,61
73,45
73,72
74,77
74,78
74,38
Serraria1
125,70
126,27
115,70
115,92
116,15
117,97
117,79
115,68
121,62
121,43
122,11
121,20
119,80

 

1As cotações relativas a 'tratamento' e 'serraria’ não estão sendo consideradas para efeito dos índices de preço por carecerem ainda de um número maior de informações e, portanto, devem ser consideradas apenas como indicativas.
Fonte: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Mercados florestais. São Paulo: IEA, 2011. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/floresta/mercados.php>. Acesso em: fev. 2011.

 

Tabela 3 - Cotações Médias Anuais para o Produtor, Estado de São Paulo, 2008-2011

(R$/m3)
Destinação
2008
2009
2010
2011
Energia
53,96
51,77
57,19
53,52
Processo
50,01
43,68
48,90
47,94
Tratamento
70,15
65,94
71,56
74,38
Serraria
124,17
123,42
122,18
119,80

 

Fonte: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Mercados florestais. São Paulo: IEA, 2011. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/floresta/mercados.php>. Acesso em: fev. 2011.
 

            As cotações referentes a 'tratamento' e 'serraria' devem continuar sendo tratadas como indicativas, visto que o número de informações referentes a elas continua reduzido e a amplitude de variação regional das cotações é muito grande.
 

            Concomitantemente, continuou havendo substituição de lenha por bagaço de cana e resíduos gerais, contribuindo para segurar as cotações da madeira.
 

            Nas regiões citrícolas, a substituição foi por laranjais erradicados, além de recentemente continuar o uso também de óleos vegetais, para a produção de calor e vapor, o que também inibiu aumentos mais expressivos nas cotações.
 

            A procura por mudas esteve desaquecida durante todo o ano por causa da fraca demanda e das perspectivas indefinidas para 2012.
 

            Assim, para este ano deve haver continuidade dessas condições de mercado, com um relativo aumento na demanda por parte do setor de painéis e chapas cuja produção deve crescer face os investimentos feitos.
 

______________________
1CASTANHO FILHO et al. Mercado de produtos de eucalipto em São Paulo. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 6, n. 2, fev. 2011. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=12059>. Acesso em: fev. 2011.
 

Palavras-chave: mercado, eucalipto, preços, índice de preços.

Data de Publicação: 18/05/2012

Autor(es): Eduardo Pires Castanho Filho (castanho@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Mario Pires De Almeida Olivette (olivette@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor