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Câmbio e Desempenho do Comércio Exterior dos Agronegócios Paulistas e Brasileiros no Período 1997-2011
                     (1, 2)
  
  
             
Desde os últimos anos da década de 1990, as exportações dos agronegócios 
paulistas inicialmente diminuíram, passando de R$16,64 bilhões em 1997, para 
R$16,81 bilhões em 1998, e a partir de então passaram a exibir nítida tendência 
de crescimento, terminando essa fase em 2006 com R$42,33 bilhões. Até 2009 há 
reversão do crescimento contínuo, recuando para R$36,70 bilhões. Em 2010, há 
novo crescimento alcançando R$38,86 bilhões, trajetória que continua em 2011 ao 
atingir R$39,65 bilhões (Figura 1). 
               As 
importações dos agronegócios paulistas apresentaram comportamento irregular até 
2005, quando se iniciou fase de crescimento, terminando esse ciclo em 2008 com 
R$17,16 bilhões. Em 2009, as aquisições xternas setoriais paulistas recuam para 
R$14,46 bilhões. Em 2010, retoma-se o crescimento das aquisições externas 
atingindo R$15,51 bilhões, que avança para R$18,14 bilhões em 2011 (Figura 2). 
             O 
saldo da balança comercial dos agronegócios paulistas aumentou no período 
1997-2006, com exceção do ano de 2000, finalizando 2006 com um superávit de 
R$29,44 bilhões. Entretanto, de 2007 em diante verifica-se a reversão dessa 
tendência de crescimento dos saldos da balança comercial setorial, que recua 
para R$20,45 bilhões em 2008. No caso paulista, as quedas das divisas geradas 
pelas exportações de açúcar, cujos preços internacionais recuaram, explicam o 
recuo do superávit setorial no biênio 2007-08. Em 2009, ocorre nova reversão com 
aumento do saldo para R$22,25 bilhões que se intensificou em 2010, atingindo 
R$23,35, exatamente pela continuidade da nova temporada altista do açúcar no 
mercado internacional, mas que praticamente se mantêm com R$21,52 bilhões em 
2011 (Figura 3).                  O 
valor das exportações dos agronegócios do conjunto das demais unidades da 
Federação - que no primeiro ano do período em análise atingiu R$48,69 bilhões - 
diminuiu em 1998, apresentando valores crescentes desse ano em diante, apesar da 
queda observada entre 2004 e 2006, chegando a R$130,34 bilhões em 2008. A crise 
econômica reverte esse crescimento contínuo em 2009 com recuo das vendas 
externas para R$118,44 bilhões. Em 2010, pequeno recuo e as exportações dos 
agronegócios das demais unidades da Federação voltam ao patamar de R$114,98 
bilhões. O crescimento das vendas externas eleva a geração de divisas para 
R$130,11 bilhões em 2011 (Figura 4).                As 
importações dos agronegócios do conjunto das demais unidades da Federação 
mantiveram-se relativamente constantes até 2002 e, em geral, cresceram daí em 
diante, concluindo 2008 com a quantia de R$40,99 bilhões. Verifica-se o 
expressivo salto no biênio 2007-08, consequência do barateamento de produtos 
estrangeiros em função da valorização da moeda brasileira. Em 2009, as 
aquisições externas setoriais recuam de maneira expressiva para R$28,09 bilhões, 
dados os impactos mais imediatos da crise econômica mundial de 2008 que combinou 
menor demanda interna com desvalorização da moeda brasileira. Em 2010, a 
conjunção de crescimento econômico com câmbio valorizado elevou as importações 
setoriais para R$30,15 bilhões e para R$38,93 bilhões em 2011 (Figura 5). 
             A 
balança comercial dos agronegócios do conjunto das demais unidades da Federação 
mostrou saldo em queda entre 1997 e 1998, e crescimento contínuo nos anos 
seguintes, terminando o ano de 2004 com superávit de R$107,60 bilhões. Em 2009, 
quando a crise produziu redução das importações em percentuais maior que o das 
exportações, o saldo comercial atingiu R$90,34 bilhões. Em 2010, movimento que 
persiste verifica-se saldos setoriais alcançando R$84,83 bilhões, totalizando 
R$91,18 bilhões em 2011 (Figura 6).                  Em 
nível nacional, a partir de 2000, as exportações dos agronegócios cresceram até 
2004, seguindo o comportamento dos agronegócios paulistas, e após recuo até 
2007, chegaram em 2008 à quantia de R$165,97 bilhões. Em 2009, as vendas 
externas setoriais recuaram para R$155,14 bilhões em decorrência da redução de 
demanda fruto da crise mundial, uma vez que o câmbio sofreu desvalorização no 
imediato pós-crise. Ainda assim, os resultados não foram inferiores, dada a 
manutenção de elevado patamar das compras chinesas de soja em grão e os ganhos 
das maiores quantidades e melhores preços do açúcar, com resultado da quebra da 
safra da Índia, que de exportadora passou a importadora do produto. Em 2010, 
ainda que com valorização do câmbio, maiores preços internacionais dos 
principais produtos mantêm as vendas externas setoriais (R$153,84 bilhões), 
subindo para R$169,77 bilhões em 2011 (Figura 7).                O 
valor das importações dos agronegócios brasileiros passou de R$33,21 bilhões em 
1997, para R$35,15 bilhões em 2002. Em linhas gerais, a tendência de queda 
verificada em 2002 inverteu-se desse ano em diante, fechando o período 2002-2006 
em patamar ainda superior ao de 1997. De 2006 em diante, ocorreu 
aceleração das importações dos agronegócios brasileiros, levando ao patamar de 
R$58,15 bilhões em 2008, como reflexo da combinação entre câmbio desvalorizado e 
da alta de preços de produtos essenciais como trigo e derivados e dos 
fertilizantes. Em 2009, a crise internacional faz recuar as aquisições 
externas setoriais como resultante da menor demanda e da queda de preços das 
commodities e dos insumos. Na realidade de 2010, as condições inversas de 
maiores preços internacionais e a valorização cambial elevaram as importações 
para R$45,66 bilhões e para R$57,07 bilhões em 2011 (Figura 8).              Os 
saldos da balança comercial dos agronegócios brasileiros foram positivos em 
todos os anos da série analisada: porém, um ritmo mais acelerado de crescimento 
iniciou-se após o ano de 2001, fechando 2004 com superávit de R$134,59 bilhões. 
Em linhas gerais, esse comportamento refletiu aumentos das exportações em 
percentuais maiores que os verificados nas importações setoriais. Em 2008, a 
crise reduziu o saldo comercial setorial para R$109,80 bilhões, mas volta a 
aumentar para R$112,59 bilhões em 2009 e para R$112,70 bilhões em 2011 (Figura 
9).                  A 
relevância dos agronegócios, que apresentaram saldos comerciais positivos em 
todos aos anos considerados, pode ser aquilatada quando se considera o 
desempenho da balança comercial dos demais setores. Para o Brasil como um todo, 
superávits ocorreram apenas de 2003 a 2006, sendo que em São Paulo há déficit 
das transações dos demais setores com o exterior em todos aos anos, inclusive 
crescentes nos últimos anos, repercutindo no desempenho nacional.              A 
crise internacional de 2008 que abalou as economias das principais nações 
mundiais impactou de forma decisiva a balança comercial dos agronegócios, com 
quedas tanto das exportações como das importações, refletindo em menores fluxos 
de comércio no ano de 2009. Em 2010, contudo, retomam-se as exportações 
setoriais que foram fundamentais, pois os déficits dos demais setores crescem em 
São Paulo e se mantêm no Brasil mesmo com o superávit das demais unidades 
da Federação, principalmente em função das exportações de minérios. De qualquer 
maneira, a realidade vivida no biênio 2010-2011 de crescimento econômico com 
câmbio valorizado, barateando em demasia os preços dos produtos estrangeiros, 
vem elevando os dispêndios com exportações, em especial de manufaturados. 
             Em 
linhas gerais, fica caracterizada a importância dos agronegócios para as contas 
externas brasileiras, na medida em que os demais setores da economia apresentam 
déficits nas suas transações com o exterior. Da mesma maneira, há outro elemento 
essencial, derivado de que a estrutura agroindustrial paulista, em especial a de 
bens de capital e insumos, acaba sustentando com as importações dessas 
mercadorias, os surtos modernizadores dos agronegócios das outras unidades da 
Federação brasileira. Ademais, São Paulo, com sua logística privilegiada e 
estrutura de agroserviços transacionais e financeiros, concentra o fluxo dos 
produtos destinados ao exterior, conformando-se como principal plataforma do 
comércio exterior setorial.  __________________  2Para conversão para câmbio para 
valores constantes de dezembro de 2011, fez-se uso do Índice Nacional de Preços 
ao Consumidor Amplo (IPCA) (disponível em: <http://www.ibge.gov.br>). Todos 
os indicadores utilizados cobrem o período 1997-2011.  Palavras-chave: câmbio, agronegócio, 
balança comercial, exportações e importações.  

Figura 1 – Valor das Exportações dos Agronegócios, São Paulo, 
1997-2011. 
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola a partir 
de dados básicos de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO 
EXTERIOR. Secretaria de Comércio Exterior - MDIC/SECEX. Sistema de análise 
das informações de comércio exterior (ALICE). Brasília: MDIC, 2012. 
Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: out. 
2012. 
  
  
  

Figura 2 – Valor das Importações dos Agronegócios, São Paulo, 
1997-2011. 
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola a partir 
de dados básicos de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO 
EXTERIOR. Secretaria de Comércio Exterior - MDIC/SECEX. Sistema de análise 
das informações de comércio exterior (ALICE). Brasília: MDIC, 2012. 
Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: out. 
2012. 
Figura 3 – Saldo da Balança Comercial dos Agronegócios, São Paulo, 
1997-2011. 
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola a partir 
de dados básicos de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO 
EXTERIOR. Secretaria de Comércio Exterior - MDIC/SECEX. Sistema de análise 
das informações de comércio exterior (ALICE). Brasília: MDIC, 2012. 
Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: out. 
2012. 
  
  

Figura 4 – Valor das Exportações dos Agronegócios, Total das Demais 
Unidades da Federação, 1997-2011. 
Fonte: Elaborada pelo Instituto de 
Economia Agrícola a partir de dados básicos de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, 
INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Secretaria de Comércio Exterior - MDIC/SECEX. 
Sistema de análise das informações de comércio exterior (ALICE). 
Brasília: MDIC, 2012. Disponível em: 
<http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: out. 2012. 
  
  
  

Figura 5 – Valor das Importações dos Agronegócios, Total das Demais 
Unidades da Federação, 1997-2011. 
Fonte: Elaborada pelo Instituto de 
Economia Agrícola a partir de dados básicos de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, 
INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Secretaria de Comércio Exterior - MDIC/SECEX. 
Sistema de análise das informações de comércio exterior (ALICE). 
Brasília: MDIC, 2012. Disponível em: 
<http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: out. 2012. 
  
Figura 6 – Saldo da Balança Comercial dos Agronegócios, Total das 
Demais Unidades da Federação, 1997-2011. 
Fonte: Elaborada pelo Instituto 
de Economia Agrícola a partir de dados básicos de: MINISTÉRIO DO 
DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Secretaria de Comércio Exterior 
- MDIC/SECEX. Sistema de análise das informações de comércio exterior 
(ALICE). Brasília: MDIC, 2012. Disponível em: 
<http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: out. 2012. 
  
  

Figura 7 – Valor das Exportações dos Agronegócios, Brasil, 
1997-2011. 
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola a partir 
de dados básicos de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO 
EXTERIOR. Secretaria de Comércio Exterior - MDIC/SECEX. Sistema de análise 
das informações de comércio exterior (ALICE). Brasília: MDIC, 2012. 
Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: out. 
2012. 
  
  
  

Figura 8 – Valor das Importações dos Agronegócios, Brasil, 
1997-2011. 
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola a partir 
de dados básicos de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO 
EXTERIOR. Secretaria de Comércio Exterior - MDIC/SECEX. Sistema de análise 
das informações de comércio exterior (ALICE). Brasília: MDIC, 2012. 
Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: out. 
2012. 
  
Figura 9 – Saldo da Balança Comercial dos Agronegócios, Brasil, 
1997-2011. 
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola a partir 
de dados básicos de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO 
EXTERIOR. Secretaria de Comércio Exterior - MDIC/SECEX. Sistema de análise 
das informações de comércio exterior (ALICE). Brasília: MDIC, 2012. 
Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: out. 
2012. 
  
  
  
  
1Os indicadores das 
exportações e importações nacionais e setoriais foram obtidos no banco de dados 
de comércio exterior do Instituto de Economia Agrícola, sendo dados elaborados 
pela instituição a partir de dados básicos da Secretaria de Comércio Exterior do 
Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC). A evolução da taxa de 
câmbio será realizada com base nas médias anuais da cotação do dólar 
norte--americano obtidas das médias aritméticas das taxas de compra e das taxas 
de venda calculadas pelo Banco Central do Brasil (disponível em: 
<http://www4.bcb.gov.br>). 
  
  
Data de Publicação: 25/10/2012
                Autor(es): 
                Sueli Alves Moreira Souza Consulte outros textos deste autor
Marina Brasil Rocha (mabrasil@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor              
 
                    







 
                    
                        
