Mercado De Flores: O Caso Das Rosas Em São Paulo

            As estatísticas sobre o setor de flores e plantas ornamentais no Brasil são muitas vezes desorganizadas e contraditórias. A estimativa de dispêndio anual per capita de flores e plantas ornamentais, por exemplo, varia bastante, podendo apresentar uma amplitude entre R$6,00 e R$R$22,00. Apesar da inexistência de levantamento sistemático sobre o assunto, estima-se que o volume de negócios de flores movimente no varejo atualmente entre R$1,36 bilhão e R$1,53 bilhão.
            O Estado de São Paulo destaca-se entre os estados produtores de flores no panorama nacional, participando com 71,3% da área cultivada e 74,5% do valor da produção do País, em 1999, segundo AKI (2001). ARRUDA et al. (1997) consideraram que o mercado paulista ocupava 80% do total nacional.
Segundo o Levantamento Censitário de Unidade de Produção Agrícola do Estado de São Paulo (LUPA) de 1995/96, as principais flores cultivadas no Estado, em termos de área,  eram, para um total de 4.185,3 hectares, a rosa (23,5%), o crisântemo (11,9%), a branquinha ou Gypsophila (4,6%), o gladíolo (2,2%), o antúrio (2,1%), a violeta africana (1,6%), o lírio (0,9%), o cravo (0,8%) e a margarida (0,3%), além de mais 52,1% com outras flores.  A cultura de rosas, portanto, ocupava entre as flores discriminadas no Lupa a maior área na floricultura paulista (Tabela 1).

Tabela 1 - Área Cultivada com Flores, em hectares, por Escritório de Desenvolvimento
Regional (EDR), por tipo,  no Estado de São Paulo, 1995/96.

EDR  Antúrio  Branqui.  Cravo  Crisânt.  Gradíolo  Lírio  Margar.  Outras Fl.  Rosa  Violeta  Total 
Andradina  1,2  1,2 
Araçatuba  1,4  1,2  2,6 
Araraquara  1,0  1,0 
Assis 
Avaré  73,9  0,7  4,2  9,0  87,8 
Barretos  0,4  0,7  1,1 
Bauru  3,0  1,0  1,5  5,5 
Bragança Paulista  40,6  3,2  132,7  2,0  22,9  170,8  502,5  1,8  876,5 
Campinas  0,2  41,8  6,1  0,8  143,7  23,2  1,2  217,0 
Catanduva  0,6  0,6 
Dracena  0,5  2,4  2,9 
Fernandópolis  0,1  0,1  0,2 
Franca 
Guaratinguetá  2,0  0,1  40,0  0,1  0,1  42,3 
Itapetininga  36,3  0,5  3,6  11,2  4,0  55,6 
Itapeva  7,4  8,4  15,8 
Jales  1,4  0,2  1,6 
Jaú  2,4  2,4 
Limeira  18,5  17,3  1,2  37,0 
Lins  2,0  2,0 
Marília  0,2  0,2  0,1  0,2  0,3  1,0 
Mogi das Cruzes  9,1  4,6  12,5  81,8  3,6  1,3  447,7  169,6  21,3  751,5 
Mogi Mirim  0,9  0,5  61,4  5,0  0,7  218,1  166,6  30,7  483,9 
Orlandia 
Ourinhos  0,1  0,1 
Pindamonhagaba  1,8  2,0  7,1  5,3  12,1  0,4  86,4  38,0  153,1 
Piracicaba  9,7  1,2  0,1  11,0 
Presidente Prudente  7,2  0,1  0,1  5,2  12,6 
Presidente Venceslau  3,6  3,6 
Registro  35,9  384,3  420,2
Ribeirão Preto  21,0  0,1  21,1 
São João da Boa Vista  25,5  72,2  2,4  3,0  50,5  153,6 
São José do Rio Preto  1,0  0,7  1,7 
São Paulo  10,5  5,5  38,5  1,4  387,3  3,0  446,2 
Sorocaba  19,7  2,5  34,2  2,8  256,3  10,8  1,0  327,3 
Tupã  39,9  0,3  4,1  44,3 
Votuporanga  1,0  1,0 
Total  88,4  193,3  32,3  498,9  91,3  37,5  11,7  2.180,7  984,0  67,2  4.185,3 

Fonte: Dados Elaborados a Partir do Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agrícola do Estado de São Paulo (LUPA) 1995/96.

            Apesar da grande dispersão na produção de rosas no Estado, com 18 EDRs produtores, três regiões destacam-se pela concentração da atividade: Bragança Paulista, com 51,07%, seguida de Mogi das Cruzes  (17,24%) e de Mogi Mirim (16,29%). Estes três EDRs, além de representar 85,24% da área cultivada com rosas, são contíguos, indicando o aproveitamento das vantagens edafo-climáticas e logísticas existentes . Cerca de 99% da área cultivada com rosas localizaram-se em nove EDRs, sendo os demais, em ordem de importância, São João da Boa Vista, Pindamonhagaba, Campinas, Sorocaba, Avaré e Itapetininga (Tabela 2 e Mapa 1).

 Tabela  2- Área Cultivada com Rosas, em hectares, por Escritório de Desenvolvimento
Regional (EDR), Estado de São Paulo, 1995/96

EDR Ranking Area (ha)  Part.%  Acum.%
Bragança Paulista 1 502,5  51,07  51,07
Mogi das Cruzes 2 169,6  17,24  68,31 
Mogi Mirim 3 166,6  16,93  85,24 
São João da Boa Vista 4 50,5  5,13  90,37 
Pindamonhagaba 5 38,0  3,86  94,23 
Campinas 6 23,2  2,36  96,59 
Sorocaba 7 10,8  1,10  97,69 
Avaré 8 9,0  0,91  98,60 
Itapetininga 9 4,0  0,41  99,01 
São Paulo 10 3,0  0,30  99,31 
Lins 11 2,0  0,20  99,52 
Bauru 12 1,5  0,15  99,67 
Limeira 13 1,2  0,12  99,79 
Araraquara 14 1,0  0,10  99,89 
São José do Rio Preto 15 0,7  0,07  99,96 
Marília 16 0,2  0,02  99,98 
Guaratinguetá 17 0,1  0,01  99,99 
Ribeirão Preto 18 0,1  0,01  100,00 
Total do Estado 18 984,0  100,0  100,00 
 Fonte: Dados Elaborados a Partir do Levantamento Censitário de Unidades de Produção
Agrícola do Estado de São Paulo (LUPA) 1995/96.

Mapa 1 - Área cultivada com rosas, em hectares, por Escritório de Desenvolvimento Regional,
Estado de São Paulo, 1995/96 

Fonte: Elaborado a partir do Levantamento Censitário de Unidade de Produção Agrícola do Estado
de São Paulo, LUPA 1995/96.

            Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) - uma das principais praças de comercialização de flores no Estado, ao lado de CEASA/Campinas e Veiling/Holambra, foram comercializadas em média 3,2 milhões de dúzias por ano no período 1995-1999, com o preço médio de R$2,83 a dúzia (em valores nominais). Portanto, o valor movimentado nesse entreposto com rosas foi de R$9 milhões ao ano no período. A produção média mensal do período variou de 205 mil dúzias em julho (entressafra) a 339 mil dúzias em dezembro (plena safra). Por outro lado, os preços médios mensais no período variaram de R$1,85 a dúzia em janeiro a R$3,65/dz. em junho. O fato de o maior preço (junho) não coincidir com a maior escassez (julho) indica que o preço no mercado de rosas é afetado não só pela quantidade ofertada, mas também pela intensidade da demanda, que é ditado no mercado brasileiro pelas datas comemorativas (Figura 1).

ChartObject Figura 1 - Médias dos Preços Mensais e das Quantidades Comercializadas de Rosas no CEAGESP de São Paulo, no Período de 1995 a 1999

            Devido à valorização do real em relação ao dólar, no Plano Real, a produção brasileira perdeu competitividade no mercado exterior, prejudicando muitos exportadores de flores do País. A vantagem competitiva voltou aos exportadores brasileiros em janeiro de 1999, quando houve a desvalorização do real frente ao dólar, mas a volta da estrutura produtiva de muitos produtores, que haviam diminuído ou encerrado a atividade, ainda é muito lenta.
            A cotação do dólar atual  é um estímulo a mais para os exportadores brasileiros (e principalmente paulistas que responderam por 72,4% da exportação brasileira de flores e plantas ornamentais no primeiro semestre de 2001), ao lado do programa de incentivo à exportação dos ornamentais brasileiros promovido pela Agência de Promoção de Exportações (APEX), com o projeto ambicioso de elevar as exportações de US$13 milhões anuais atuais para US$80 milhões. O programa, com duração até 2003, foi elaborado com a cooperação do Instituto Brasileiro da Floricultura (IBRAFLOR) e denominado FloraBrasilis.

Bibliografia

AKI, Augusto. Produção de flores e plantas ornamentais no Brasil, 1999, em Diagnóstico: Prospeção de Produtos e Mercados. 2001 Disponível em http://florabrasilis.com.br.

ARRUDA, Silvia Toledo et al. Repensando a agricultura paulista: cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais do Estado de São Paulo. São Paulo, Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, 1997, 28 p. (Mimeo.).

CEAGESP Boletim Anual. São Paulo, 1995-99.
FloraBrasilis: Programa Brasileiro de Exportação de Flores e Plantas Ornamentais. 2001
http://florabrasilis.com.br.

LUPA 1995/96 Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agropecuária do Estado de São Paulo, 1995/96. Dados não publicados. São Paulo, 1998.

Data de Publicação: 13/11/2001

Autor(es): Ikuyo Kiyuna Consulte outros textos deste autor
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