Café: forte redução no volume exportado

            Em fevereiro de 2004, arrefeceu a tendência de alta no preço do café nos mercados internacionais, mantendo o patamar das cotações do produto alcançado em janeiro. Essa situação decorre do comportamento irregular nos preços médios mensais nos diferentes mercados. Em Nova Iorque, a cotação média mensal do café arábica (Contrato C, segunda posição de maio de 2004) teve alta de 1,04% em relação à média de janeiro de 2004. No mercado de robusta (Bolsa de Londres), verificou-se inversão na tendência do preço com queda de 3,75%. Na BM&F, o arábica atingiu alta de 2,31%. Por fim, considerando o indicador OIC-composto diário de fevereiro, observou-se alta modesta de 1,85% (gráfico 1).

Gráfico 1 - Cotações médias mensais do café em diferentes mercados de futuros e do OIC-composto diário, 2002 a 2004

                        Fonte: Gazeta Mercantil

            No decorrer de fevereiro, a cotação dos cafés arábicas - contrato C, para maio, na Bolsa de Nova Iorque, mostrou-se muito volátil/especulativa, mantendo porém ligeira tendência de alta, o que indica que se processa nova mudança no patamar para os preços do produto, sem, no entanto, reforçar a tendência altista no curto prazo (gráfico 2).

Gráfico 2 - Cotações diárias em fevereiro de 2004 na Bolsa de Nova Iorque, para café arábica, Contrato C, para maio de 2004

                            Fonte: Gazeta Mercantil

            Considerando-se as cotações de café nos mercados de futuros nos últimos 12 meses, verifica-se alta acumulada de 25,07% nas cotações mensais do café arábica na BM&F; e de 14,81% na bolsa de Nova Iorque e de 10,49% no indicador OIC-composto. Para o robusta, ao contrário, verificou-se queda acumulada de 9,75% na Bolsa de Londres.
            Em janeiro de 2004, o cafeicultor paulista foi beneficiado com o impacto das cotações no mercado internacional do café, mesmo enfrentando um real valorizado. O preço médio recebido subiu 8,80% em relação ao do mês anterior, trazendo maior alento para todos os que subsistem da atividade. A trajetória dos preços de café recebidos pelos produtores (em reais), nos últimos 12 meses, aponta para uma alta de 19,46% (gráfico 3).

Gráfico 3 - Preços médios mensais recebidos pelos produtores de café arábica, Estado de São Paulo, período de 2001 a 2004

                            Fonte: Instituto de Economia Agrícola.
 

Exportações no primeiro bimestre

            Face ao primeiro bimestre de 2003, houve declínio para todos os itens das exportações brasileiras de café em igual período de 2004. No caso do robusta, a queda nas exportações atingiu 88,24% e 85,97%, respectivamente em volume e valor, tendo sido a principal queda observada. As exportações de arábica também tiveram queda significativa (18,29%), relativamente compensada pelo aumento nos preços recebidos, embora não suficiente para ao menos empatar com a receita do período anterior. A última semana de fevereiro, com as festividades do carnaval e paralisação dos negócios, pode ter contribuído em parte com essa diminuição nas exportações (tabela 1).

TABELA 1 – Volume e receita das exportações de café, Brasil, primeiro bimestre 2003 e 2004

(volume em sc. 60 kg e receita em US$)

Item
Jan.-Fev./2003
Jan.-Fev./2004
Variação (%)
Arábica Volume 
3.576.446
2.921.970
-18,29
Valor 
202.144.466
192.279.192
-4,88
Robusta Volume
626.555
73.688
-88,24
Valor
26.643.954
3.736.106
-85,97
Torrado Volume
13.569
5.140
-62,11
Valor
1.169.837
713.123
-39,04
Total Volume
4.286.570
3.000.798
-29,99
Valor
229.958.258
196.728.421
-14,45
Fonte: www.cecafe.com.br.

            Também as exportações de café solúvel arrefeceram nesse primeiro bimestre, com o volume exportado somando 354.721 sacas, enquanto em igual período do ano anterior a exportação atingiu 429.128 sacas do produto, ou seja, queda de 17% nos embarques.
            Esse declínio das exportações pode ser atribuído a dois fatores fundamentais: a) menor volume de café disponível nos estoques e b) especulação por parte dos cafeicultores que estão aguardando melhores preços para comercializar seu produto. Esse segundo motivo é a principal razão para a forte queda das exportações de robusta, pois as cotações desse tipo no mercado interno suplantaram a vigente na Bolsa de Londres, criando dificuldades de abastecimento para a indústria (torrefadoras e solubilizadoras). Caso tal dificuldade se mantenha, logo haverá reivindicação para que o governo acelere o ritmo dos leilões com maiores volumes sendo alienados.

Data de Publicação: 12/03/2004

Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Nelson Batista Martin (nbmartin@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor