Soja: custo de produção para a safra 2003-04

            Pelo quinto ano consecutivo, a comercialização de soja em 2002-2003 foi mais uma vez favorável aos produtores brasileiros do grão, que de modo geral conseguiram vender suas produções a preços bastante remuneradores. A principal razão para isso foi o impacto das condições climáticas desfavoráveis nas lavouras estadunidenses de soja, dando novo impulso às cotações internacionais do grão, com repercussões nos preços dos subprodutos (farelo e óleo).
            Assim, mesmo considerando uma deterioração na relação dólar/real em relação à que vigorou em 2002, a escalada altista dos preços externos em 2003, particularmente no último trimestre do ano, favoreceu o desempenho positivo dos preços internos. Isto contribuiu para o delineamento de uma expectativa de que esse quadro também se mantivesse em 2004, induzindo, consequentemente, a uma perspectiva de crescimento na área de plantio da nova safra.
            O Instituto de Economia Agrícola (IEA) e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) estão prevendo, com base no levantamento de safras de novembro de 2003, que a nova safra paulista de soja alcance 1,985 mil toneladas, cerca de 21% a mais que a anterior, em uma área de plantio 16,2 % maior do que a de 2002-2003, atingindo 716,4 mil hectares.
            Entretanto, devido à irregularidade do clima (escassez de chuvas) nos primeiros meses de 2004, particularmente na região da Sorocabana, a perspectiva é de que a produtividade estadual fique comprometida, não atingindo os esperados 2.772 kg/ha, já que é nesse período que a produtividade das lavouras se define. Apesar disso, o aumento na área de plantio deverá compensar o recuo da produtividade, levando a crer que a safra poderá superar a produção passada, que foi de 1,638 mil toneladas.
            A queda na produtividade das lavouras paulistas não é um fato isolado, pois vem ocorrendo nas plantações dos principais estados produtores, o que deverá situar a produção brasileira de soja entre 58,5 e 60 milhões de toneladas, volume a ser confirmado nas próximas estimativas de safra.
            Contudo, o importante, daqui para a frente, é o produtor comercializar bem sua produção individual, aproveitando os picos de preços que a menor oferta de soja no mercado internacional, resultante da menor safra estadunidense em 2003, deverá propiciar ainda no primeiro semestre de 2004. Conforme vimos alertando rotineiramente, o conhecimento do custo de produção permite que o produtor estabeleça preços e margem de ganho antecipadamente, comercializando o seu produto somente em períodos de preços que lhe seja conveniente. O IEA, visando contribuir para isso, atualizou a planilha de custo médio de produção de soja na região de Orlândia, uma das principais regiões produtoras do estado (
tabela 1 ) .
            O custo operacional de produção para a safra 2003-2004, considerando a produtividade média regional de 47 sacos de 60 kg por hectare, totalizou R$927,73 o hectare, enquanto o custo total atingiu R$989,47 por hectare. O item que mais pesou no custo foi o gasto com material consumido, referente aos insumos gastos na condução das lavouras.
            Para o cálculo da renda bruta, utilizou-se a média dos preços recebidos pelos produtores paulistas em outubro, de R$39,45/sc. de 60 kg, perfazendo R$1.854,15 por hectare, mais que o dobro do montante gasto na produção. Isso mostra que há possibilidades bastante promissoras de ganhos expressivos em 2004.

Data de Publicação: 16/03/2004

Autor(es): Marina Brasil Rocha (mabrasil@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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