Máquinas Agrícolas Automotrizes: Balanço De 2001 Revela Forte Expansão

            Em 2001, o mercado de máquinas agrícolas automotrizes apresentou o melhor desempenho dos últimos sete anos (1995-2001), com a produção de 44.339 unidades. Verifica-se aumento de 25% na produção em relação a igual período do ano anterior, estimulado pelos acréscimos de 14,4% nas vendas no mercado interno (passando de 31.062 em 2000 para 35.523 em 2001) e de 56,5% nas exportações, que aumentaram substancialmente frente ao observado no mesmo período de 2000 (totalizando 8.246 máquinas em 2001). No agregado (mercado interno mais exportações), foram comercializadas 43.769 máquinas frente às 36.332 negociadas no ano anterior (tabela 1).
            TABELA 1 - Produção, Vendas e Exportação de Máquinas Agrícolas Automotrizes1, Brasil, 2000 e 2001 e Janeiro a Fevereiro de 2001 e 2002

(em unidade)
Item
2000
2001
janeiro a fevereiro
(b/a-1)*100
(d/c-1)*100
(a)
(b)
2001 (c)
2002 (d)
Trator de roda
Produção
27.546 
34.781 
3.749 
4.311 
26,3
15,0
Vendas no mercado interno
24.591 
28.203 
2.719 
3.361 
14,7
23,6
Exportação
3.455 
5.814 
681 
901 
68,3
32,3
Total das vendas
28.046 
34.017 
3.400 
4.262 
21,3
25,4
Colheitadeiras
Produção
4.296 
5.196 
1.058 
1.316 
20,9
24,4
Vendas no mercado interno
3.780 
4.098 
922 
1.213 
8,4
31,6
Exportação
683 
1.202 
140 
219 
76,0
56,4
Total das vendas
4.463 
5.300 
1.062 
1.432 
18,8
34,8
Máquinas agrícolas1
Produção
35.501 
44.339 
5.410 
6.255 
24,9
15,6
Vendas no mercado interno
31.062 
35.523 
4.025 
4.951 
14,4
23,0
Exportação
5.270 
8.246 
1.018 
1.370 
56,5
34,6
Total das vendas
36.332 
43.769 
5.043 
6.321 
20,5
25,3

Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA).

            As exportações brasileiras de máquinas agrícolas em 2001, favorecidas em grande parte pela posição cambial do real e pelo aumento do volume global de produção, destinaram-se principalmente aos países da América do Sul, com destaque para a Argentina, e à América do Norte (Estados Unidos e México), respondendo esses países por 80,6% das unidades exportadas. Contudo, as dificuldades econômicas que enfrenta a economia argentina levarão as indústrias a buscar outros clientes internacionais.
            Por tipo de máquina, observa-se, de 2000 para 2001, crescimento nas vendas no mercado interno de 14,7% para tratores de rodas, de 18,6% para cultivadores motorizados, de 35,8% para retroescavadeiras e de 8,4% para colheidoras, em decorrência do bom resultado da safra de verão 2000/01, em que foram colhidos aproximadamente 98 milhões de toneladas de grãos.
            Em 2001, a comercialização de tratores de rodas, amplamente majoritária nas vendas de máquinas agrícolas, foi regionalmente concentrada. As regiões Sul e Sudeste absorveram juntas 74,4% do total das vendas no mercado interno, concentração essa decorrente da reconhecida especialização no cultivo de grãos na primeira região e de cana-de-açúcar na segunda. Isoladamente, o Estado de São Paulo adquiriu 7.962 tratores, liderando as compras dessa máquina agrícola, seguido de Rio Grande do Sul e Paraná com respectivamente 4.276 e 3.964 máquinas. No caso das colhedoras, 86,1% das vendas foram efetuadas nas regiões Sul e Centro-Oeste, em função da concentração do cultivo de grãos em grande escala nessas regiões, o que torna obrigatória a utilização desse equipamento. Os estados que mais demandaram colhedoras novas em 2001 foram o Paraná, com 1.121 máquinas (crescimento de 29 % em relação a 2000), e o Rio Grande do Sul e o Mato Grosso, com respectivamente 850 e 786 máquinas.
            O mercado de máquinas continuou aquecido no início de 2002, uma vez que no primeiro bimestre as vendas internas de tratores de rodas cresceram 23,6% em relação ao mesmo período de 2000, somando 3.361 unidades. Já as vendas de colhedoras apresentaram maior aumento (31,6%), estimuladas pela boa quantidade de grãos que estão sendo colhidos na atual safra. Também registrou-se aumento nas exportações, no referido período, de tratores de rodas (32,3%) e de colhedoras (56,4%).
            Entre janeiro e fevereiro de 2002, a montadora AGCO do Brasil (antiga MF) manteve a liderança nas vendas internas de tratores de rodas, por meio da comercialização de 1.114 unidades. Em seguida, posicionaram-se a VALTRA do Brasil Ltda. e a New Holland – CHN Latino Americana, que distribuíram, respectivamente, 842 e 824 tratores, concentrando, juntas, essas montadoras, 82,7% do total desse mercado.
            As montadoras também se esforçam em abrir novas oportunidades de mercado. Nesse sentido, a logística aeroportuária tem merecido ações estratégicas através do convencimento da necessidade de substituição das frotas de tratores das companhias aéreas. Somente uma das montadoras colocou 60 novos tratores junto a importante empresa de aviação.
            O bom desempenho do setor tem como um dos fatores responsáveis a renovação, com acréscimo dos recursos disponíveis, do Programa Modermfrota, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujas linhas de crédito são bastante atrativas (taxas de juros fixas entre 8,75% e 10,75% ao ano) - o que facilitou bastante as condições de pagamento na aquisição de novas máquinas por parte dos produtores e empresas agropecuárias -, aliada à safra recorde e à melhoria da renda dos produtores ao longo de 2001, impulsionada pela pressão cambial que incrementou os preços recebidos pelos produtores.
            A previsão do setor para 2002 é de que as vendas de tratores no mercado interno atinjam 30 mil unidades, superando em torno de 2 mil as unidades vendidas em 2001, e o mercado de máquinas agrícolas como todo aumente em torno de 5% em relação ao ano anterior.



1 Inclui cultivador motorizado, trator de esteira, trator de roda, colheitadeira e retroescavadeiras.
 

Data de Publicação: 28/03/2002

Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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