Custo da colheita de feijão no Estado de São Paulo

            Dentre as etapas do ciclo operacional de uma cultura, normalmente a colheita se destaca em razão das dificuldades e dos altos custos envolvidos, seja ela realizada de forma manual ou mecanizada. Na cultura do feijão, essas dificuldades são maiores devido às suas características botânicas, pois há mais facilidades de deiscência das vagens (abertura da vagem que proporciona a liberação do grão), ocasionada tanto pelo estádio de desenvolvimento e condições da cultura quanto pela manipulação realizada por máquinas.
            Para analisar os custos envolvidos na colheita de feijão, avaliou-se o custo de operação de dois sistemas de colheita (semi-mecanizado e mecanizado), utilizados em uma propriedade situada na região Sudoeste do Estado de São Paulo, região tradicional na produção de feijão, com área de 200 hectares e produtividade de 57 sacos por hectare. Esse tamanho de propriedade é considerado representativo para o Estado, nesse nível de tecnologia.
            Foi utilizado o valor da mão-de-obra da colheita da safra das águas e os preços das máquinas referem-se a fevereiro de 2004. No cálculo do custo-horário das máquinas, utilizou-se a metodologia do Instituto de Economia Agrícola (tabela 1).

Tabela 1. Custo horário das máquinas e equipamentos utilizados na colheita de feijão, em Real

Item do custo Trator 110cv Recolhedora Ceifadora Tratorista
Custo variável 
30,41
10,20
13,08
-
Custo fixo
20,90
30,50
23,25
-
Custo total horário
51,31
40,70
36,33
4,17
Tempo em 1 ha (h)
-
0,35
0,83
-
Fonte: Instituto de Economia Agrícola da Agencia de Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (IEA/APTA).

            A colheita manual é feita em duas fases, das quais a primeira é realizada através da contratação de mão-de-obra manual para o arranquio e enleiramento e a segunda executada por máquina recolhedora-trilhadora.
            O custo da colheita manual foi calculado em R$158,80/ha ou R$2,78/sc. A operação de arranquio e enleiramento manual teve um custo de R$125,00/ha ou R$2,20/sc, enquanto a operação de recolhimento e trilha apresentou custo de R$33,68/ha ou R$0,59/sc.
            A colheita, totalmente mecanizada (ceifador/arrancador mecânico para arranquio e a recolhedora-trilhadora), apresentou custo de R$109,88/ha ou R$1,93/sc. O custo da operação realizada com o ceifador foi de R$76,20/ha ou R$1,34/sc, enquanto o custo de operação da recolhedora foi o mesmo da operação manual (R$33,68 /ha ou R$0,59/sc).
            Nas condições apresentadas, a colheita mecânica é a melhor opção em relação aos custos de operação. Mas uma decisão de troca do sistema de colheita manual para o totalmente mecanizado deve basear-se em análise econômica que leve em conta também o valor do investimento em equipamentos apropriados (ou valor do aluguel desses equipamentos). A decisão final vai depender, principalmente, da escala do empreendimento, bem como da constatação de que os ganhos adicionais líquidos adquiridos com a nova modalidade sejam maiores do que os ganhos líquidos da modalidade em uso.
            Além disso, devem-se avaliar outras condições necessárias para o uso, por exemplo, do ceifador, que requer uma sistematização do solo (principalmente adequação de espaçamentos) pois pode levar o produtor a incorrer em custos adicionais.
            A adoção da colheita mecânica pode mostrar-se uma solução para as questões trabalhistas ocorridas com a contratação de mão-de-obra, mas pode tornar-se um transtorno em caso de não se possuir mão-de-obra especializada e de não se executar a otimização do conjunto mecanizado, principalmente em relação ao número de horas de utilização no ano. Outro fator importante da colheita mecânica é o monitoramento das perdas, que são muito maiores nesse tipo de operação.
            Os custos de produção podem ser utilizados como indicadores na opção de sistemas de colheita, mas um estudo de viabilidade econômica detalhado deve ser utilizado na tomada de decisão.

Sites de referência sobre o assunto:

http://www.valtra.com.br/agrishow/1_26.htm
http://www.ufv.br/poscolheita/colheita/Feijao/Indice.htm
http://www.cnpaf.embrapa.br/negocios/cir_tec/circ_37.pdf

Data de Publicação: 27/05/2004

Autor(es): Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor