Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista: Alta de 0,91% em Fevereiro de 2015

O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 (que mede a variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas) registrou alta de 0,91% no mês de fevereiro de 2015 na comparação com o mês anterior. Na decomposição dos grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) encerrou o mês com leve valorização de 0,32%, enquanto que o IqPR-A (produtos de origem animal) fechou em alta de 2,68% (Tabela 1).

 Na tabela 1, também são apresentados os comportamentos das variações nas quatro quadrissemanas de fevereiro/15 e do acumulado do ano (últimos 12 meses). O IqPR se manteve positivo em todas as quadrissemanas do mês e abaixo de 1%. O IqPR-V (vegetais) fechou positivamente, revertendo a tendência de queda verificada nas três primeiras quadrissemanas, e o IqPR-A (animais) apresentou índices crescentes com maior expressividade, iniciando a primeira quadrissemana com -1,02% e encerrando a 2,68%. 

 



Quando a cana-de-açúcar (que em fevereiro teve alta de 0,65%) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral) fecha o mês de fevereiro/2015 com alta de 1,19%, ou seja, 0,28 ponto percentual maior em relação ao IqPR com cana. O IqPR-V sem cana (vegetais) apresentou variação negativa, passando de 0,32% para -0,47%, recuo de 0,79 ponto percentual quando comparado ao índice com cana (Tabela 1).

Os produtos do IqPR que apresentaram altas nas cotações do mês de fevereiro/2015 em relação a janeiro/2015 foram, pela ordem: ovos (31,97%), banana nanica (9,64%), laranja para mesa (6,14%), laranja para indústria (2,11%), algodão (0,76%), cana (0,65%) e feijão (0,14%) (Tabela 2).

 


O período de quaresma é considerado a melhor época para o mercado de ovos. Tradicionalmente, há a abstinência das carnes e o ovo é a alternativa na mesa dos consumidores, gerando grande demanda e a elevação de seu preço. Coincidentemente afetando a oferta, há uma diminuição da postura. Com a aproximação do outono, a luminosidade diminui, o que reduz produtividade. Outro fator é a troca de penas das aves, ocorrendo um grande estresse no ciclo natural de produção.

No que se refere à banana nanica, o início das aulas com sua inclusão em grandes quantidades no cardápio da merenda escolar eleva a demanda pelo produto, o que, consequentemente, melhora os preços recebidos pelos produtores.

Já os produtos que apresentaram quedas de preços no mês de fevereiro foram a carne suína (21,26%), amendoim (12,19%), batata (10,62%), trigo (8,34%), leite cru resfriado (6,87%), soja (4,71%), milho (3,83%) e arroz (3,67%). Para tomate para mesa, café, carnes bovina e de frango, as cotações médias mensais não ultrapassaram a casa de -1,00% (Tabela 2).

A redução do consumo da carne suína no mercado interno e o rebaixamento nos montantes do produto direcionados à exportação são apontados como os principais motivos da desvalorização dos preços recebidos pelos suinocultores nesse mês de fevereiro.

Em resumo, no mês de fevereiro, 7 produtos apresentaram alta de preços (6 de origem vegetal e 1 de origem animal) e 12 apresentaram queda (8 vegetais e 4 de origem animal).

 

ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES

No acumulado dos últimos 12 meses (fevereiro/2014 a fevereiro/2015), o IqPR registrou variação positiva de 11,02%, com o IqPR-V (produtos vegetais) e o IqPR-A (animal) acumulando altas de 10,25% e 12,80%, respectivamente. Sem a cana-de-açúcar (cujo valor do ATR teve variação positiva de 3,45% na comparação de fevereiro/2015 com fevereiro/2014), os índices acumulados tiveram valorizações bem maiores: o IqPR sobe para 18,96% e o IqPR-V (vegetais) salta para 24,36%. Essa variação maior sem a cana mostra que parte dos produtos vegetais tiveram valorizações que puxaram o índice para patamares maiores. É o caso do café (commoditie) e da batata, do tomate e do feijão (que são produtos perecíveis, sensíveis aos problemas climáticos).   

Na figura 1, observa-se o comportamento das variações dos índices. O IqPR (linha azul) mantém a tendência de crescimento, influenciado pela variação mensal positiva do ATR da cana de fevereiro a maio de 2014, associada às quebras de produção de outros produtos ocasionadas pelo clima (seco e quente). Nos meses de junho e julho, inverte-se o direcionamento com variações negativas para a maioria dos produtos de origem animal e vegetal, e a partir de agosto há nova reversão, com todos os índices positivos e crescentes até o fevereiro de 2015, com exceção dos produtos de origem animal (IqPR-A) que, nos meses de dezembro/2014 e janeiro/2015, tiveram desaceleração. Já em fevereiro, influenciado pela alta do preço dos ovos, o IqPR-A retoma o crescimento ao subir 2,68% (Tabela 1).

Na comparação de fevereiro/2015 com fevereiro/2014, dez produtos apresentaram variações positivas, enquanto nove tiveram variações negativas. Os produtos que tiveram preços com incrementos em patamares mais elevados que a inflação acumulada nos últimos 12 meses, medidos pelo IPCA-IBGE em 7,7%, são os seguintes: batata (116,68%), feijão (63,41%), café (35,45%), carne bovina (24,03%) e tomate para mesa (18,13%). Já os valores do amendoim (5,80%), ovos (5,57%), ATR da cana-de-açúcar (3,45%), arroz (2,96%) e laranja para indústria (2,61%) tiveram variações positivas abaixo da inflação acumulada nos últimos 12 meses (Tabela 2).

Os produtos que apresentaram reduções de preços nos últimos 12 meses foram trigo (26,39%), algodão (26,09%), soja (11,99%), banana nanica (11,81%), leite cru resfriado (7,48%), milho (7,24%), laranja para mesa (2,76%), carne suína (2,26%) e carne de frango (0,19%) (Tabela 2).

 

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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/02/2015 a 28/02/2015 e base = 01/01/2015 a 31/01/2015.

 

2Artigo completo com a metodologia. PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: mar. 2015.

Palavras-chave: IqPR, índice agricultura, preços agrícolas, quadrissemana.

Data de Publicação: 17/03/2015

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maximiliano Miura (maximiliano.miura@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor