Puxado por Altos Reajustes nos Preços das Frutas, IqPR Volta a Subir em Agosto de 2016

Após obter a primeira queda no ano em julho, o Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 (que mede a variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas) encerrou o mês de agosto de 2016 com alta de 1,80% em comparação ao mês anterior, puxados principalmente pelos reajustes nos valores da banana nanica e do tomate de mesa. Na decomposição dos grupos de produtos, tanto o IqPR-V (produtos de origem vegetal) quanto o IqPR-A (produtos de origem animal) fecharam o mês de agosto com altas respectivas de 1,82% e 1,75% (Tabela 1).

 


Na tabela 1 são apresentados os resultados das variações dos índices entre a última semana de julho/2016 e as quadrissemanas de agosto/2016. Nesse período o IqPR apresentou ascensão de 2,73 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Ao analisar as 4 quadrissemanas do mês de agosto, nota-se que todos os índices apresentaram aceleração, com o IqPR passando de um movimento de queda nas duas primeiras quadrissemanas para um reajuste de 1,80% no fechamento mensal.

Quando a cana-de-açúcar (que em agosto/2016 teve o preço da tonelada no campo reajustado em 0,85%) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) registra uma alta mais elástica de 2,83%, puxados principalmente pelos produtos vegetais (IqPR-V sem cana) que tiveram variação positiva de 3,94% (Tabela 1). Esse resultado demonstra que a maioria dos produtos vegetais teve variações superiores a tonelada da cana no campo, ou seja, o IqPR sem cana (2,83%) ficou 1,03 ponto percentual maior do que o índice com cana (1,80%).

Os produtos do IqPR que apresentaram altas nas cotações do mês de agosto/2016 foram banana nanica (38,22%), tomate para mesa (28,71%), carne suína (20,88%), laranja para mesa (8,44%), arroz (8,05%), amendoim (7,55%), carne de frango (6,93%), leite cru resfriado (5,85%), milho (5,31%), laranja para indústria (4,72%), cana-de-açúcar (0,85%) e algodão (0,29%) (Tabela 2).


 

Problemas climáticos (com alternância de dias muito quentes intercalados por outros com ocorrências de geadas) reduziram a oferta da banana no último mês e, consequentemente, reajustaram os preços recebidos pelos produtores.

Também foi o clima que interferiu na alta dos preços do tomate de mesa no mês de agosto. As fortes chuvas ocorrentes acima da média nas principais regiões produtoras paulista reduziram a oferta do produto, reajustando os preços recebidos pelos tomaticultores.

Os produtos que apresentaram quedas de preços no mês de agosto/2016 foram feijão (21,51%), batata (17,11%), trigo (6,27%), café (4,11%), soja (3,60%), carne bovina (2,21%) e ovos (1,15%) (Tabela 2).

O aumento da oferta da batata com a entrada da safra de inverno coloca o produto em seu segundo mês de elevada queda nos preços recebidos pelos produtores, o que reduziu as margens dos produtores num contexto, contudo, bem melhor ao vivenciado no mesmo período do ano anterior. 

Em resumo, no mês de agosto/2016, 12 produtos apresentaram alta de preços (9 de origem vegetal e todos 3 de origem animal) e 7 apresentaram queda (5 de origem vegetal e 2 de origem animal) (Tabela 2).

 

ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES

No acumulado dos últimos 12 meses (agosto/2015 a agosto/2016), os três índices apurados registram altas nas variações. Para o IqPR (geral), o acumulado foi de 28,95% devido à forte valorização do IqPR-V (vegetal) que registrou alta de 32,70%. Já o IpPR-A (animais) acelerou no período 17,88%, quase a metade do grupo dos vegetais (Tabela 1 e figura 1). 

Retirado o produto cana-de-açúcar (cujo valor da tonelada no campo teve variação positiva de 16,72% na comparação com agosto de 2015), os índices acumulados encerraram o último mês de 2016 com valorizações maiores: o IqPR (sem cana) vai para 42,90%, enquanto o IqPR-V (sem cana) sobe para 72,88%. Esses números mostram que, no acumulado destes 12 meses, grande parte dos produtos vegetais teve variações em seus preços bem superiores aos da cana-de-açúcar (Tabela 1), puxados principalmente pelo feijão, banana, batata, amendoim, laranjas (mesa e indústria), milho e arroz.

Na figura 1, observam-se as variações acumuladas mensalmente dos três índices (IqPR, IqPR-V e IqPR-A). De um modo geral, apresentam praticamente o mesmo comportamento com crescimentos de julho/2015 até o mês de março/2016, reflexo principalmente da desvalorização do real frente ao dólar que, por um lado, ampliou as possibilidades de exportação do setor e, por outro, encareceu os custos de produção com uso de insumos importados. Fatores como aumento dos combustíveis e tarifas de energia elétrica também contribuíram no aumento dos custos que foram repassados para os produtos. Para o mês de abril/2016, nota-se certa estabilidade no IqPR, com a volta de seu crescimento nos meses de maio e junho/2016, puxado principalmente pelos produtos vegetais e pela recuperação dos produtos de origem animal. No mês de julho/2016, o IqPR recua por conta da queda do IqPR-V e volta a subir em agosto, puxado principalmente pelas elevações exorbitantes de frutas como banana, tomate para mesa e laranja para mesa (Figura 1).


Comparando os preços entre agosto/2016 e agosto/2015, apenas o tomate para mesa (-8,34%) apresentou queda em suas cotações. Com altas significativas, feijão (151,91%), banana nanica (128,27%), batata (104,39%), amendoim (101,10%), laranja para indústria (91,30%), milho (74,47%), arroz (51,45%), laranja para mesa (44,78%), trigo (41,20%), ovos (40,05%), leite cru resfriado (38,12%), carne suína (23,69%), algodão (23,32%), carne de frango (16,83%), cana-de-açúcar (16,72%) e soja (13,40%) subiram acima do Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP), calculado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) (alta de 11,35% no comparado entre os primeiros semestres de 2015 e 2016)3. Abaixo do patamar desse indicador que indica os reajustes dos custos de produção, estão as variações das seguintes culturas: café (7,08%) e carne bovina (5,57%) (Tabela 2). 

 

 

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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/08/2016 a 31/08/2016 e base = 01/07/2016 a 31/07/2016.
 

2Artigo completo com a metodologia. PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: set. 2016.
 

3O Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP) consiste em uma medida de caráter geral das variações nos preços dos insumos e serviços comprados pelos agricultores. Ele é composto por produtos de natureza industrial (como adubos, defensivos, vacinas, medicamentos, combustíveis, lubrificantes e outros), produtos de natureza agrícola (como sementes, mudas e adubos vegetais e animais), máquinas e equipamentos.

 

Palavras-chave: IqPR, índice, preços agrícolas, variações, indicadores, índices, preços pagos.



Data de Publicação: 19/09/2016

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor