IqPR de Novembro de 2017: queda de 0,75%


O Índice de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2, que mede a variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas, registrou retração de 0,75% em novembro/2017 na comparação com outubro/2017. Separado por grupos de produtos, o IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal) caiu 0,25% e o IqPR-A (produtos de origem animal) caiu 1,85% (Tabela 1). Nesta mesma tabela são apresentadas as variações do final de outubro/2017 e das quatro quadrissemanas de novembro/2017 para os índices calculados “com cana-de-açúcar” e “sem cana-de-açúcar”.



Quando a cana-de-açúcar, que em novembro apresentou queda de 0,77% (Tabela 2) no preço da tonelada no campo, é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) teve queda de 0,73%, 0,02 ponto percentual maior que o IqPR com cana. Já o IqPR-V sem cana variou positivamente em 0,72%, ou seja, 0,97 ponto percentual superior ao IqPR-V com cana (Tabela 1). De acordo com o levantamento realizado no instituto, o preço da tonelada de cana-de-açúcar no campo apresentou uma leve redução em relação ao mês anterior (0,11%), mesmo diante do aumento de 5,67% no preço da quantidade de açúcar total recuperável (ATR) por tonelada de cana. Com relação ao período de novembro de 2016 a novembro de 2017, a cana apresentou uma queda de 6,09% (Tabela 2).



Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores altas nas cotações do mês de novembro/2017 em relação a outubro/2017 foram pela ordem: banana nanica (14,88%), milho (8,42%), soja (3,69%), laranja para mesa (3,44%) e carne de frango (2,76%) (Tabela 2).

Para a banana nanica, a estiagem de três meses reduziu a produtividade da principal região produtora paulista (Vale do Ribeira), onde muitos frutos não cachearam. A redução da oferta de um produto de boa qualidade oriundo do mercado catarinense (que na safra de inverno apresentou frutos com casca escura) foi outro motivo adicional do reajuste dos preços recebidos pelos bananicultores.

O milho tem a confirmação da pequena diminuição na área plantada e com a possibilidade de algum evento climático, tendo sua oferta restringida. Assim, o mercado reagiu e o preço do milho iniciou uma recuperação com novembro apresentando taxa de 8,42% na variação mensal. Mantêm-se, porém, os preços menores que a do ano passado, com a variação anual negativa de 18,37% na média de preço coletado no estado. Se o câmbio se manti-ver favorável às exportações, essa demanda pode ajudar a manter expectativa de evolução nos preços.

Para a soja, os preços mais altos tiveram grande interferência pela elevação tida na cotação do dólar. Negociações feitas nesse novo patamar apontaram para menor oferta nos estoques do produto, o que retroalimentou a subida dos valores recebidos pelos produtores.

Abaixo 43% dos valores praticados há 12 meses, a laranja para mesa no mês de novembro apresentou reajustes que porventura não animaram muito os produtores. Com a competição dos frutos que entrarão no mercado devido às festas de fim de ano, a tendência não é de reajuste para o próximo período.     

Já os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços no período foram: feijão (-14,66%), batata (-12,76%), leite refrigerado (-11,76%), tomate para mesa (-8,52%) e ovos (-5,56%) (Tabela 2).

Abastecido acima das expectativas pela terceira safra do ano, o mercado do feijão orientou os preços para baixo nesse último período em análise.

Para a batata, o aumento da oferta do produto disponível principalmente pela expansão da colheita paranaense recuou os preços recebidos pelos seus produtores paulistas.  

Em resumo, dos 19 produtos analisados no mês de novembro, 9 produtos apresentaram alta de preços (8 de origem vegetal e 1 de animal) e outros 10 apresentaram queda (6 vegetais e 4 animais).

 

ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES PARA O IQPR COM CANA

No período de novembro/2016 a novembro/2017, o IqPR apresentou a maior alta no mês de março/2017 e a maior queda em junho/2017, mesmo comportamento para o IqPR-V; o IqPR-A, teve o maior aumento no mês de agosto/2017 e maior baixa no mês de janeiro/2017 (figura 1).

O IqPR apresentou variações positivas apenas em três meses: fevereiro/2016, março/2016 e outubro/2017, e variações negativas em dezembro/2016, janeiro/2017, de abril/2017 a setembro/2017 e novembro/2017 (figura 1).

No acumulado dos últimos 12 meses (novembro/2016 a novembro/2017), todos os índices apresentaram variação negativa: o IqPR (geral) ficou em –7,82%, o IqPR-V (vegetal) com –8,37% e o IqPR-A (animal) com –7,02% (figura 2).

Apesar da maioria absoluta dos produtos apresentarem queda no acumulado nos últimos 12 meses, o fato da cana-de-açúcar (que tem grande peso nos índices) ter se desvalorizado 6,09% (menor queda) impediu uma queda mais acentuada para o IqPR e IqPR-V. Já o IqPR-A fechou com valor negativo um pouco menor no acumulado. Pelo gráfico apresentado na figura 2, percebe-se que o IqPR e o IqPR-V têm tido o mesmo comportamen-



to nos últimos 12 meses, alterando somente as magnitudes das variações acumuladas, já o mesmo não ocorre com IqPR-A.

Reforçando a análise, apresenta-se a comparação dos preços de novembro/2017 em relação a novembro/2016. Ao relacionar os resultados das variações, observa-se uma grande discrepância entre o número de produtos com valores positivos e negativos (1 e 17 produtos, respectivamente). Apenas o tomate para mesa apresentou variação positiva (9,49%) e os demais produtos perderam valor em suas cotações, que pela ordem são: banana nanica (-52,40%), laranja para mesa (-43,03%), feijão (-42,17%), laranja para indústria (-40,40%), batata (-21,29%), café (-20,85%), arroz (-18,65%), milho (-18,37%), carne de frango (-12,90%), leite cru refrigerado (-11,74%), carne bovina (-8,08%), soja (-7,30%), cana-de-açúcar (-6,09%), algodão (-2,70%), carne suína (-0,31%) e trigo (-0,23%). Para o amendoim não foi calculada a variação, pois o mesmo não apresentou cotação em novembro/2016.

As quedas observadas em quase todos os produtos no mês de novembro estão pesando para manter as margens de lucro em um patamar baixo, quando o Índice de Preços Pagos (IPP), que mede os custos de produção dos agricultores, referente a novembro de 2017, subiu 2,48%3.


1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/11/2017 a 30/11/2017 e base = 01/10/2017 a 31/10/2017.


2Artigo completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: dez. 2017.


3INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA. Banco de Dados. São Paulo: IEA. Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/Indicadores_conjuntura.aspx?cod_sis=21>. Acesso em: 19 dez. 2017. 


Palavras-chave: IqPR, índice, preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.

Data de Publicação: 27/12/2017

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maximiliano Miura (maximiliano.miura@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Katia Nachiluk (katia.nachiluk@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor