Queda de 2,31% nos Preços Médios no Mercado Atacadista da Região Metropolitana de São Paulo – agosto de 2018

Esse estudo apresenta e analisa a variação dos preços médios do mercado atacadista da Região Metropolitana de São Paulo2 para o mês de agosto de 2018, discutindo comparações em relação ao mês anterior e ao período composto por 14 meses. Tal esforço compõe uma série analítica divulgada mensalmente pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), desde junho de 2018. O trabalho reúne preços dos 24 produtos de maior importância no sistema de comercialização paulista extraídos de um conjunto composto por 55 itens coletados diariamente, sendo 27 produtos de origem animal e 28 de origem vegetal.

Essa iniciativa busca apresentar possibilidades de tratamento e análise das informações coletadas e divulgadas mensalmente, pelo IEA, desde meados da década de 1960. Dessa forma, aqui são agrupados os preços médios mensais coletados diariamente obtidos pelo levantamento diário em diversos estabelecimentos3 que comercializam produtos alimentícios no nível de comercialização “Atacado”. Com base nessa coleta é calculada a média simples mensal dos preços diários4 mínimos e máximos de venda dos produtos divulgados no boletim diário de preços.

No mês de agosto, observou-se que, dos 24 itens acompanhados, 14 tiveram seus preços reduzidos e 10 apresentaram variação positiva (Tabela 1).

Na média, em agosto, os preços dos produtos apresentam redução de 2,31% quando comparados a julho de 2018. Essa redução é influenciada, sobretudo, pelos produtos alho e cebola que estão em período de safra e apresentaram quedas significativas de preços. Para o alho, a variação ficou entre 7% e 13%, e para as cebolas foi de aproximadamente 17% quando proveniente do Nordeste e de 19,31% para a cebola paulista.

Em relação às altas registradas no mês, os destaques são a carne suína ½ carcaça com alta de 14,13% e o feijão carioquinha com 9,38%. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), a valorização do preço do suíno ocorreu devido ao bom desempenho das exportações e demanda interna aquecida5, entretanto, observa-se na tabela 1 que o preço médio desse mês é 13,11% inferior a um ano, ou seja, o preço atual,
mesmo considerando a inflação do período e a expressiva alta no mês é inferior ao praticado

 

em agosto de 2017. No caso do feijão, a variação positiva já pode estar refletindo a queda de produção em Estados importantes para essa cultura, como Bahia e Paraná6.

Dos 24 produtos que compõem esse acompanhamento mensal, é interessante destacar o comportamento distinto de dois produtos importantes no comércio atacadista, o café torrado e o leite longa vida. Para tanto, foram considerados os últimos 14 meses e a variação de ambos os produtos durante o mês de agosto em função do preço médio de julho de 2018 (Figuras 1 e 2).

Durante o período de julho de 2017 a agosto de 2018, a variação acumulada dos preços médios mensais do café torrado e moído foi de -8,35%, e a tendência negativa das cotações como também a estabilidade nos preços dos últimos três meses está evidenciada na figura 1. Essa situação pode ser atribuída a safra recorde de café esperada para este ano-safra7. Cabe ainda comentar que, durante o mês corrente, em geral, o preço variou positivamente na primeira quinzena e negativamente na segunda quinzena (Figura 2).

Em relação ao leite longa vida, a variação acumulada nos últimos 14 meses apresenta alta de 29,87%. A figura 1 mostra que houve um acréscimo significativo nos preços do período, em especial nos meses de junho e julho desse ano, em que a variação acumulada foi de aproximadamente 35%. Esse período (junho e julho de 2018) foi imediatamente posterior à greve dos caminhoneiros ocorrida nos últimos dez dias de maio, fato que afetou significativamente a cadeia do leite. Além disso, os meses de junho e julho apresentaram precipitação abaixo da média esperada, prejudicando ainda mais a produção e afetando os preços. No mês de agosto, observa-se a mudança de tendência de alta, devido às melhores condições climáticas e aumento da oferta; com isso, houve queda de 8,48% nos preços praticados (Tabela 1 e Figura 2).

Em suma, as cotações coletadas durante o mês de agosto mostram uma redução média de 2,31% nos preços praticados no mercado atacadista da Região Metropolitana, e a melhora das condições climáticas aliada ao fim dos efeitos da greve dos caminhoneiros causaram redução nos preços do leite longa vida.

 

 

1Os autores agradecem o empenho dos técnicos Aldo Fernando de Lucca e Magali Aparecida Schafer de Lucca, responsáveis pelo levantamento diário de preços, e dos estagiários Beatriz Pontes Ruiz, Caio Daniel Pinto de Lima e Elisandra Silva Santos, que completam a equipe de coleta de dados.

 

2Também conhecida por Grande São Paulo, foi instituída em 1973 e reorganizada em 2011 pela L. C. n. 1.139/2011, e é composta por 39 municípios. Sendo, a norte: Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha e Mairiporã; a leste: Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano; a sudeste: Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul; a sudoeste: Cotia, Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista; e a oeste: Barueri, Carapicuíba, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus e Santana de Parnaíba. Ver em: EMPRESA PAULISTA DE PLANEJAMENTO METROPOLITANO - EMPLASA. Sobre a RMSP. São Paulo: Emplasa. Disponível em: <https://www.emplasa.sp.gov.br/RMSP>. Acesso em: jul. 2018.

 

3Entende-se por estabelecimento atacadista um local físico separado onde se processam vendas no atacado, isto é, vendas em grande quantidade para empresas (em oposição a vendas em pequena quantidade para o consumidor final). Os compradores utilizam os bens adquiridos para: a) revender almejando lucro (comércio atacadista ou varejista); b) produzir outros bens (indústria); ou c) usar para fins institucionais (por exemplo, restaurantes industriais). Conforme: PINO, F. A. et al. Levantamentos de preços por amostragem: mercado atacadista de produtos agrícolas na cidade de São Paulo. Agricultura em São Paulo, São Paulo, n. 47, v. 2, p. 1-19, 2000.

 

4Os preços coletados referem-se ao pagamento à vista, incluindo todos os gastos (beneficiamento, industrialização, preparo, acondicionamento, transporte, comissões, impostos, etc.).

 

5CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS - CEPEA. Suínos: exportação sustenta preço interno. São Paulo: CEPEA/ ESALQ/ USP. Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/diarias-de-mercado/suinos-exportacao-sustenta-preco-interno.aspx>. Acesso em: set. 2018.

 

6COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Safra 2017/2018 - décimo segundo levantamento. Acompanhamento da safra brasileira de grãos, Brasília, v. 5, n. 12, p. 1-150, set. 2018. Disponível em: <https://www.conab.gov.br/component/k2/item/download/22084_a7e88bd242598722ea7fd85edbdabb2d>. Acesso em: 18 set. 2018.

 

7IBGE: produção de café em 2018 deve alcançar 55,3 mi de sacas. São Paulo: Dinheiro Rural, maio 2018. Disponível em: <https://www.dinheirorural.com.br/ibge-producao-de-cafe-em-2018-deve-alcancar-553-mi-de-sacas/#>. Acesso em: set. 2018.

 

 

Palavras-chave: preços, alimentos, atacado, São Paulo.

Data de Publicação: 19/09/2018

Autor(es): Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor