A importância da logística na exportação brasileira de flores de corte

            Nos últimos anos, tem havido busca por ampliação na inserção das flores de corte brasileiras em vários países e por consolidação em mercados consumidores, como é o caso da Holanda e dos EUA. Há metas de expansão das exportações dos produtos do setor de flores para esses países.
            Apesar de iniciativas pontuais de alguns produtores e empresas, o setor de flores ainda é inexpressivo em termos de participação na pauta de exportações brasileiras. Contudo, há expectativas de que ampliará sua participação no mercado externo com a implantação do Programa Brasileiro de Exportação de Flores e Plantas Ornamentais (Florabrasilis), criado em 2000.
            Há claros avanços desse setor no sentido de se ajustar às tendências mundiais, procurando reduzir problemas inerentes ao fluxo de informação na cadeia e ao acesso facilitado às inovações tecnológicas, relacionadas à produção e comercialização de flores temperadas, tropicais e folhagens. Há expectativas de que esse segmento possa alavancar a geração de empregos e renda junto a outros setores do agronegócio brasileiro.
            Apesar de o consumo de flores no mercado interno ainda não estar consolidado, a existência de alternativas de mercado em outros países dá maior flexibilidade aos produtores, principalmente ao direcionar de forma adequada seus produtos e diferenciá-los por meio de nichos de mercado, controlando as condições de oferta interna de flores nas épocas de maior demanda. A valorização do produto, no entanto, não depende apenas disso. Há diversos fatores envolvidos na sua qualidade, que vão desde a adoção de processos de produção mais eficientes dentro da propriedade, passando pelos cuidados no armazenamento e na distribuição do produto de sua origem, até o destino final, o que pode afetar a sua durabilidade e a sua aparência, refletindo diretamente sobre seu preço final.
            Ao se considerar o mercado externo, verifica-se que as exigências do consumidor final são maiores e, portanto, há riscos mais elevados de não haver aceitabilidade do produto brasileiro se não forem seguidos os padrões internacionais de qualidade e cuidados pós-colheita.
            Como a distribuição do produto, desde seu ponto de origem até o destino final, é realizada por modais diferentes, basicamente rodoviário e aéreo, há aumento na complexidade das operações e de seu monitoramento para que essas flores de corte acumulem perdas mínimas em todo seu trajeto. Em determinadas situações essas dificuldades são agravadas, principalmente ao considerar exportações mais incipientes.
            Para que se tenha vantagem competitiva em relação a outros países, a preocupação com a eficiência logística deve ser muito maior, principalmente quando se trabalha com flores de corte, que possuem menor durabilidade ao se comparar com outros produtos não-perecíveis atualmente exportados pelo Brasil. Há, também, vários cuidados no seu manuseio, relacionados à colocação nas embalagens e ao seu acondicionamento adequado em caminhões e aviões, com controle de temperatura dentro dos veículos que transportam o produto.
            Tanto as flores temperadas quanto as tropicais exigem um monitoramento constante do produto ao longo de toda a cadeia para que o processo logístico seja otimizado em todas as etapas da exportação, garantindo a obtenção de preços mais competitivos no mercado externo. Isso também pode se refletir internamente, uma vez que a oferta de produtos diferenciados vendidos no mercado doméstico poderá suprir demandas de segmentos específicos e atingir preços melhores.
            Ao se analisar a logística dessa cadeia no contexto da economia global, há alguns pontos críticos que devem ser considerados, tais como: elevação dos custos totais; aumento da incerteza nas negociações e concretização do negócio; distâncias maiores a serem percorridas; prazos de entrega maiores, menor conhecimento do mercado de destino; redução da capacidade de controle das operações, relativo às necessidades dos clientes e restrições de comércio no âmbito internacional.
            Nesse sentido, o nível de cooperação entre os players que atuam nessa cadeia influencia na coordenação e resolução de conflitos que ocorrem em cada uma das etapas, podendo afetar de maneira efetiva o desempenho das exportações brasileiras ao longo dos anos.
            A partir da melhor compreensão e ajuste dos processos logísticos que compõem essa cadeia, o Brasil terá maiores vantagens competitivas em relação aos demais países concorrentes e, conseqüentemente, maior inserção em mercados consumidores internacionais, cujos preços pagos são mais elevados relativamente aos praticados no Brasil em função de diferencial de renda e fatores culturais.

Data de Publicação: 15/09/2004

Autor(es): Lilian Cristina Anefalos (lcanefal@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Vicente Caixeta Filho (jvcaixet@esalq.usp.br) Consulte outros textos deste autor