Café: mercado estável com exportações em alta

            As cotações no mercado de café mantiveram-se estáveis em agosto, período em que a colheita brasileira se caminhou para o encerramento. Assim, prevaleceu a tendência da estabilidade depois de os preços sofrerem forte baixa em julho.
            Na Bolsa de Nova Iorque, o café arábica (Contrato C, segunda posição) apresentou alta, na cotação média do mês, de 0,79% em relação à média de julho, enquanto, na Bolsa de Londres, o robusta teve queda de 4,27%. No mercado de futuros na BM&F, o café arábica aumentou 2,07%, influenciado pela valorização de 3,17% do real. Considerado o OIC-composto diário, observou-se redução de 2,57% em relação à média de julho. No geral, as cotações voltaram aos níveis do final de 2003 e início de 2004 (gráfico 1).

Gráfico 1 - Cotações médias mensais do café em diferentes mercados de futuros e do OIC-Composto diário, 2002 a 2004

                    Fonte: Gazeta Mercantil

            Ainda em agosto, as cotações dos cafés arábicas, contrato C, para dezembro, na Bolsa de Nova Iorque, exibiram leve recuperação ao longo do mês, com média cerca de 0,79% maior do que a cotação média de julho (gráfico 2). Nesse período, o diferencial de preço entre o café arábica cotado na BM&F e o Contrato C de Nova Iorque foi de US$ 15,44 por saca, cerca de 5,28% inferior ao observado no mês de julho.

Gráfico 2 - Cotações diárias em Julho de 2004 na Bolsa de Nova Iorque, para café arábica, Contrato C, segunda posição (Dezembro)

                        Fonte: Gazeta Mercantil

            A evolução dos preços do café nos diferentes mercados, cotados em dólar por saca, indica que a variação em 2004 na BM&F, para o arábica, segunda posição, foi de 12,32%, enquanto nos últimos 12 meses a variação acumulada foi de 16,48%. No mercado de Nova Iorque, os preços do arábica, contrato C, segunda posição, cresceram 11,05% no ano e 11,10% no acumulado de 12 meses. Para o robusta no mercado de Londres, segunda posição, os preços apresentaram variação acumulada negativa de 6,11% no ano e de 8,10% nos últimos 12 meses. O OIC-Composto estimado fechou com crescimento acumulado de 8,57% em 2004 e de 9,14% no acumulado de doze meses, fortemente influenciado pela elevação nos preços do arábica. Esses dados indicam que o ganho de preço do setor foi muito pequeno e longe das expectativas dos produtores brasileiros
            O cafeicultor paulista também foi beneficiado pelas pequenas altas observadas no mercado internacional. O aumento no preço médio de agosto foi de 1,17% em relação ao preço médio observado em julho. A trajetória dos preços de café recebidos pelos produtores, em reais, nos últimos 12 meses, aponta para a alta acumulada de 15,75% em agosto de 2004, em relação ao mesmo mês de 2003, e de 17,93% no ano de 2004 (gráfico 3).

Gráfico 3 - Preços médios mensais recebidos pelos produtores de café arábica, Estado de São Paulo, período de 2001 a 2004

                    Fonte: Instituto de Economia Agrícola
 

Desempenho econômico das exportações

            As exportações de café verde no período janeiro a agosto de 2004, frente a igual período do ano anterior, revelam ligeira diminuição nos volumes embarcados, embora as transações envolvendo arábica tenham apresentado incremento de 1,18 milhão de sacas. Apesar desse aumento, prevaleceu, na soma das exportações de café verde, declínio de cerca de 500 mil sacas (-3,46%), conseqüência direta da forte queda verificada nas exportações de robusta, de 1,68 milhão de sacas (tabela 1).

TABELA 1 – Exportações de café verde, Brasil, janeiro a agosto de 2003 e 2004

Período/Item
Arábica
Robusta
Total café verde
2004
sacas 60 kg
13.469.091
464.429
13.933.520
receita (US$)
976.875.510
22.659.223
999.534.733
2003
sacas 60 kg
12.287.488
2.144.929
14.432.417
receita (US$)
711.526.692
88.570.021
800.096.713
Fonte: Elaborada a partir de dados do CECAFE

            As receitas cambiais obtidas pelas exportações do produto, inversamente ao fenômeno comentado no caso dos volumes embarcados, apresentaram variação positiva, com incremento de US$199,44 milhões no período cotejado (+25%). Esse resultado decorre de dois eventos concomitantes: o aumento a participação do arábica e a melhora nas cotações internacionais do produto, notadamente, para o tipo de café que prevaleceu em nossos embarques.
            Por sua vez, a análise dos negócios, envolvendo café processado nos períodos considerados, evidencia importante variação nas receitas obtidas, da ordem de US$ 52,26 milhões (+ 40,55%). Também cresceu o volume de café embarcado, com incremento de 104 mil sacas. A responsabilidade por esse vigoroso incremento das receitas decorre da melhor remuneração do produto transacionado, notadamente do café torrado e moído, que, no primeiro período, era comercializado em média por US$ 113,44 a saca, média esta elevada para US$ 172,24/sc. Essa majoração também foi constatada no café solúvel, que evidenciou elevação da média de preços recebidos entre os períodos considerados de US$ 186,87/sc para US$ 225,31/sc (tabela 2).

TABELA 2 – Exportações de café processado, Brasil, janeiro a julho de 2003 e 2004

Período/Item
Café torrado
Café solúvel
Total café processado
2004
sacas 60 kg1
25.228
784.532
809.760
receita (US$)
4.345.296
176.766.627
181.111.923
2003
sacas 60 kg1
49.723
655.851
705.574
receita (US$)
5.640.724
123.213.818
128.854.542
1 Volume de produto processado não convertido para equivalente verde
Fonte: Elaborado a partir de dados do SECEX/MIDC

            O encerramento da colheita no Brasil enseja a possibilidade de aumento no volume das exportações de café nos próximos meses. Por sua vez, aguarda-se, para o último bimestre de 2004, reação mais vigorosa das cotações, o que traria importantes reflexos no balanço final das exportações do ano.

Data de Publicação: 17/09/2004

Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Nelson Batista Martin (nbmartin@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor