Café: levantamento por amostragem em SP, 1999-2004

            A importância da cafeicultura data da época do império, chegando a contribuir com 70% do valor das exportações brasileiras no período de 1925/29. Essa participação diminuiu ao longo do tempo, mas ainda se constitui numa importante fonte de renda da economia nacional, com parcela considerável na receita cambial, capacidade de transferência de renda aos outros setores da economia, contribuição à formação de capital no setor agrícola do país e expressiva capacidade de absorção de mão-de-obra1.
            Segundo a FNP Consultoria2, projeta-se um aumento de 26% na produção mundial de café, nos próximos dez anos, após mais um ciclo de baixa com término em meados de 2004/05, quando se iniciará um novo ciclo de alta. O Brasil deverá permanecer com uma participação majoritária de cerca de 30 a 40% desta produção3.
            No cenário nacional, o agronegócio café de São Paulo tem destaque no escoamento da produção, não só do Estado quanto de outras regiões, pelo Porto de Santos e por possuir o maior parque industrial cafeeiro do país. São movimentados cerca de 5 bilhões de reais, anualmente, o que gera 500 mil empregos desde a produção de insumos até a exportação e a venda do cafezinho do consumidor4.
            Dada a importância desse produto, é extremamente necessário possuir estatísticas cafeeiras obtidas de natureza objetiva, como o tamanho do parque cafeeiro e informações conjunturais de produção anual e estoques. Esta é uma forma de diminuir espaço para interferência de especuladores e outros agentes de mercado com interesses próprios no curto prazo.
            Nesse sentido, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)5, em parceria com instituições de pesquisa e extensão rural e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), coordenou, no período de 1997 a 2000, as atividades em cada Estado produtor para a obtenção da previsão e estimativa de safra cafeeira com base em amostras probabilísticas de informações censitárias do IBGE e outros órgãos de economia agrícola.
            No Estado de São Paulo, os órgãos responsáveis foram a Coordenadoria de Assistência Técnica e Integral (CATI)6 e o Instituto de Economia Agrícola (IEA7), ambos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Os trabalhos foram iniciados em1997 com a realização do primeiro levantamento de campo em novembro de 1999. Nos detalhes metodológicos dos levantamentos realizados no período, os autores descrevem os dois delineamentos amostrais utilizados, bem como discutem a qualidade dos resultados obtidos8.
            A partir de 2001, essa coordenação passa a constituir missão da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)9, do MAPA. Em São Paulo, a CATI6 ficou como responsável pelo processo de levantamento de campo no Estado e pela elaboração do relatório a ser encaminhado à CONAB9. O IEA7 apenas colabora, através de pesquisadores com formação em Estatística, na construção do delineamento amostral. Assim, desde o levantamento de novembro de 2000 até o levantamento de junho de 2004, foram aplicados o mesmo delineamento amostral, com sorteios de novos elementos nos levantamentos de novembro de 2001, novembro de 2002 e novembro de 2003. Todos sorteados sob um cadastro atualizado pela CATI6 em 1998-99.
            Ao longo do período, houve alterações quanto à área cultivada de café nas propriedades produtoras. Como um dos critérios de estratificação, no delineamento, é o tamanho da cultura (área expressa em hectares), esse fato estava contribuindo para aumentar os coeficientes de variação das estimativas, mas não acarretava estimativas viesadas. No entanto, no final de 2003, a CATI6 consolidou a atualização do cadastro de unidades de produção agropecuária (UPA), do qual não há referências bibliográficas, tornando-se viável uma averiguação do esquema amostral aplicado até então.
            Os mesmos critérios de estratificação foram utilizados, ou seja, tamanho da cultura (área de café em hectares) e localização geográfica. Quanto à estratificação por tamanho, utilizaram-se os mesmos dos delineamentos amostrais citados acima8 e, quanto à estratificação geográfica, verificou-se que não houve alterações, isto é, as principais regiões produtoras continuam as mesmas (tabela 1, figura 1).

Tabela 1 - Número de elementos no cadastro por estrato, Estado de São Paulo, Levantamento de novembro de 2004
 

Estrato Geográfico 
Estrato de área com café 
[0] (0 , 2] (2 ,5] (5,10] (10 , 20] (20,50] (50,100] (100,200] (200,+) Total
Município de GARCA 199  22  87  115  95  73  39  17  649 
Município de ESPIRITO SANTO DO PINHAL 197  85  117  117  69  64  22  11  686 
Município de CACONDE 630  311  349  189  83  61  10  1.639 
Município de ALTINOPOLIS 345  21  21  28  33  25  18  10  506 
Município de SAO SEBASTIAO DA GRAMA 209  32  47  53  34  31  16  432 
Município de PEDREGULHO 357  60  74  71  61  53  23  707 
Município de MOCOCA 696  11  12  11  12  25  18  795 
Município de GALIA 183  28  27  19  16  24  13  321 
Município de TEJUPA 202  55  82  59  46  34  13  495 
Município de VERA CRUZ 110  28  17  27  33  28  13  263 
Município de FRANCA 235  10  264 
EDR SJ Boa vista1 6.105  312  396  260  150  109  44  23  7.406 
EDR Franca1 3.028  340  433  294  199  148  53  23  4.526 
EDR Marilia1 2.447  169  182  119  90  67  28  11  3.116 
EDR ourinhos1 5.356  461  546  336  190  104  31  13  7.038 
EDR Mogimirim 5.746  84  63  46  27  22  6.003 
EDR Tupã 4.728  439  650  367  195  78  14  6.476 
EDR Braganca Paulista 8.928  1.044  577  244  114  59  19  10.991 
EDR Dracena 6.415  982  731  335  126  38  8.628 
EDR Jaú 5.492  357  395  203  100  55  11  6.620 
EDR Sao Jose do Rio Preto 10.593  1.027  703  238  86  23  12.674 
EDR Bauru 5.213  253  174  73  36  29  12  5.798 
EDR Avaré 6.069  364  303  160  70  37  7.021 
EDR Jales 6.481  1.068  661  200  54  8.472 
EDR Lins 3.680  345  260  93  73  42  4.506 
Outros EDRs 185.294  4.992  2.505  969  440  223  85  19  194.535 
Estado 268.938  12.900  9.420  4.630  2.436  1.459  503  217  64  300.567
1 Restante do EDR (Escritório de Desenvolvimento Rural), retirando-se os principais municípios produtores.
Fonte: CATI/SAA-SP, 1998-2003.  

Figura 1 – Localização geográfica dos componentes do estrato geográfico utilizado no delineamento amostral

            Assim, foi calculado o tamanho da amostra necessário e suficiente para estimar a área cultivada de café, com erro de amostragem ao redor de 1% no nível estadual. Resultaram-se em 674 UPAs alocadas nos estratos proporcionalmente ao número de UPAs (tamanho) e à variabilidade da área de café em cada estrato (tabela 2).

Tabela 2 - Número de elementos na amostra por estrato, Estado de São Paulo, Levantamento de novembro de 2004
 

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Data de Publicação: 02/12/2004

Autor(es): Vera Lucia Ferraz dos Santos Francisco Consulte outros textos deste autor

 

 

 

Estrato Geográfico
 
Estrato de área com café 
[ 0] (0,2] (2,5] (5,10] (10,20] (20,50] (50,100] (100,200] (200,+) Total
Município de GARCA
2
2
2
2
2
5
3
4
2
24
Município de ESPIRITO SANTO DO PINHAL
2
2
2
2
2
5
3
2
4
24
Município de CACONDE
2
2
3
2
2
3
2
2
2
20
Município de ALTINOPOLIS
2
2
2
2
2
2
2
2
5
21
Município de SAO SEBASTIAO DA GRAMA
2
2
2
2
2
2
2
5
4
23
Município de PEDREGULHO
2
2
2
2
2
4
2
2
2
20
Município de MOCOCA
2
2
2
2
2
2
2
2
4
20
Município de GALIA
2
2
2
2
2
2
2
2
2
18
Município de TEJUPA
2
2
2
2
2
2
2
2
2
18
Município de VERA CRUZ
2
2
2
2
2
2
2
2
1
17
Município de FRANCA
2
2
2
2
2
2
1
0
0
13
EDR SJ Boa vista1
2
2
3
3
3
9
5
5
7
39
EDR Franca1
2
2
3
3
5
10
6
5
8
44
EDR Marilia1
2
2
2
2
2
5
3
3
3
24
EDR Ourinhos1
2
2
4
4
5
7
4
3
1
32
EDR Mogimirim
2
2
2
2
2
2
2
2
1
17
EDR Tupa
2
2
5
4
5
5
2
2
0
27
EDR Braganca Paulista
2
5
4
3
3
4
2
2
2
27
EDR Dracena
2
5
6
4
3
2
1
0
0
23
EDR Jau
2
2
3
2
2
4
2
2
0
19
EDR Sao Jose do Rio Preto
2
5
5
3
2
2
2
2