Desempenho comercial de carnes no primeiro semestre de 2005

            As carnes bovina (US$ 5,59 bilhões), suína e de aves (US$ 3,62 bilhões) estão entre as principais cadeias de produção que se destacaram nas exportações do agronegócio em 2004, ao lado de cereais/ leguminosas/oleaginosas (US$ 11,21 bilhões), produtos florestais (US$ 6,97 bilhões) e cana e sacarídeas (US$ 3,16 bilhões). Em termos de quantidade de produtos exportados, as carnes apresentaram o maior crescimento (cerca de 27% em relação a 2003), seguida de fumo (23%) e açúcar (22%)1.
            Assim, o segmento de carnes teve participação relevante no desempenho do agronegócio brasileiro, que respondeu em 2004 por cerca de 44% das exportações brasileiras. Isto representa um crescimento de 28% em relação ao ano anterior.
            O Estado de São Paulo participou com aproximadamente 24% das exportações do agronegócio brasileiro. As carnes apresentaram peso relevante nessa contribuição, principalmente a carne bovina que no período representou 69% (US$ 1,79 bilhão) das exportações do agronegócio paulista. As carnes de frango e suína participaram, respectivamente, com cerca de 6% e menos de 1% (gráfico 1).

Gráfico 1 - Carne bovina, carne de frango e carne suína, exportações, Estado de São Paulo e Brasil, 2003 e 2004 (mil US$)

Fonte dos dados básicos: IEA/ APTA/ SAA-SP, a partir de dados da SECEX/MDIC

            As carnes de frango e suína, apesar de não possuir grande representatividade no valor exportado do Estado de São Paulo, apresentaram grande crescimento, quando se analisa a variação dos valores exportados entre 2003 e 2004. A tabela 1 mostra que as exportações de carne de frango cresceram cerca de 108% e a de carne suína, aproximadamente 62%. No mesmo período, as exportações brasileiras de carnes de frango e suína cresceram 44% e 40%, respectivamente.

Tabela 1: Carne bovina, carne de frango e carne suína, exportações e variação (%), Estado de São Paulo, 2003 e 2004.
 

Grupo de mercadorias
2003
2004
Var. 2003/2004
Exportação
(mil US$)
Exportação
(mil US$)
%Exportações
C. Bovina(*)
1.139.198
1.788.368
56,98
C. Frango(*)
75.777
157.712
108,13
C. Suína(**)
2.642
4.290
62,38
Fonte dos dados básicos: IEA/ APTA/ SAA-SP, a partir de dados da SECEX/MDIC
(*) Produtos básicos e manufaturados
(**) Produtos básicos, semimanufaturados e faturados

            Ao analisar o valor das exportações de carnes no primeiro semestre de 2005, verifica-se, no caso paulista, que no período ocorreu um aumento em relação a 2004 (gráfico 2). O maior crescimento foi no setor de suínos, com variação de 403,6%. Em segundo lugar, aparece a carne de frango, com 42,3%, seguida da carne bovina, com 12,5%.
            No mesmo período, as exportações brasileiras de carnes bovina, de frango e suína apresentaram, respectivamente, variação de 29,1%, 24,5% e 79,6%. Com relação às carnes de frango e suína, o Estado de São Paulo apresentou um desempenho superior ao brasileiro.

Gráfico 2: Variação das exportações de São Paulo e Brasil, janeiro a junho 2004 e 2005.
 

Fonte dos dados básicos: IEA/ APTA/ SAA-SP, a partir de dados da SECEX/MDIC

            O setor mais representativo do Estado continua sendo o de carne bovina, com US$ 899,7 milhões, seguido pelo de carne de frango com US$ 108,3 milhões. A carne suína, apesar de um valor menos expressivo (US$ 7,3 milhões), conseguiu recuperação nas vendas externas, quando se considera o saldo da balança comercial do produto no período anterior (1º semestre de 2004) que foi de US$ 1,5 milhão (tabela 2).
 
Tabela 2: Exportações, Importações e saldo por grupo de mercadorias, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Junho de 2005 (mil US$)
 

Grupo de mercadorias
Brasil
São Paulo
SP/BR (%)
Exp.
Imp.
Saldo
Exp.
Imp.
Saldo
%Exp.
%Imp.
C. Bovina(*)

C. Frango(*)

C. Suína(**)

1.482.928

1.521.733

553.581

42.379

377

22.333

1.440.589

1.521.356

530.860

899.715

108.339

7.353

8.734

8

8.268

890.981

108.331

-853

60,7

7,1

1,3

20,8

2,1

37

Fonte dos daos básicos: IEA/ APTA/ SAA-SP, a partir de dados da SECEX/MDIC
(*) Produtos básicos e manufaturados
(**) Produtos básicos, semimanufaturados e faturados

            Em relação ao Brasil, observa-se que a carne bovina, em São Paulo, continua tendo papel significativo na pauta de exportações brasileiras. É responsável por 60,7% do valor exportado do produto, apesar de ter sofrido uma pequena queda quando comparado com o primeiro semestre de 2004 (69,6%).
            Nos primeiros seis meses do ano, a representatividade do valor das exportações da carne frango do Estado     continua sendo pequena (7,1%), mas se observa uma evolução em relação ao mesmo período de 2004, quando a participação foi de 6,2%. Isto vem aos poucos se consolidando como tendência, visto que houve um crescimento no valor das exportações desde o ano de 2003 (tabela 1).
            Os suínos continuam com uma representação pequena (1,3%) frente à pauta de exportações de carne brasileiras, apesar de apresentarem aumento no valor, em relação ao mesmo período de 2004 (0,5%). Isto ocorre provavelmente em função da expansão do mercado, devido ao crescimento de alguns frigoríficos.
            No primeiro semestre, as carnes tiveram participação de 18,5% no valor das exportações do agronegócio paulista, mas na pauta do agronegócio brasileiro representaram apenas 4,7%. No mesmo período de 2004, a participação desse segmento foi de 19,3% e 4,5%, respectivamente, em relação a São Paulo e ao Brasil, constatando assim pequena queda.
            Isto não significa, porém, que as carnes estejam perdendo importância na pauta de exportações, mesmo porque o saldo das exportações das carnes bovina, de frango e suína, tanto no Brasil quanto no Estado de São Paulo, continua crescendo, com maior destaque para a última, apesar do baixo valor em relação às outras carnes.
            Fatos importantes como a expansão da gripe aviária para além da China – atinge Vietnã, Indonésia, Camboja, Coréia e Tailândia e mais recentemente a Rússia, Cazaquistão, Mongólia e Japão - fortalecem as possibilidades de aumento do mercado externo de aves, do qual o Brasil se tornou o maior exportador mundial, apesar da recuperação da produção de frangos da Tailândia. No caso da carne bovina, projeção divulgada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)3 mostra que as exportações podem ultrapassar os embarques de soja que lideraram o ranking de exportações no ano passado. Isso deve ocorrer devido aos problemas climáticos enfrentados pelos produtores e à queda da cotação da soja no mercado internacional.
            A expectativa é que o crescimento do setor de carnes continue aumentando a representatividade do Estado de São Paulo na pauta de exportações do agronegócio brasileiro.4

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1 Vicente, J. R. et al, Balança comercial do agronegócio paulista em 2004, Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/icomex.php. Acesso em: 03 fev. 2005.

2 Vicente, J. R. et al, Balança comercial do agronegócio paulista no primeiro semestre de 2005, Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/icomex.php. Acesso em: 10 ago. 2005.

3 Exportadores podem somar US$ 43 bi, Disponível em: http://www.cna.org.br/cna/index.wsp. Acesso em: 16 ago. 2005

4Artigo registrado no CCTC-IEA sob número HP-75/2005

Data de Publicação: 25/08/2005

Autor(es): Luiza Maria Capanema Bezerra (luizamcb@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Rosana de Oliveira Pithan e Silva (rosana.pithan@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor