Situação e perspectivas do mercado de ovos

            A última informação disponível do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE)1 sobre produção de ovos é a referente a 2003, de modo que não há como balizar os últimos dados produzidos pela União Brasileira de Avicultura (UBA)2 , que nos parecem contraditórios.
            A produção brasileira de ovos, em milhões caixas de 30 dúzias, foi de 55,3 em 2003, de 57,8 em 2004 e deve chegar a 63,11 em 2005, volume 13% maior que o verificado no ano anterior, segundo a UBA. O plantel médio de poedeiras, em milhões de cabeças, que foi de 77,4 em 2003 e de 77,2 em 2004, deve atingir 98,1 em 2005, número 27% superior ao referente ao ano anterior.
            Tomando as estimativas feitas para 2005, parece haver uma inconsistência nos dados, pois aumento de 27% no plantel de poedeiras acarretaria aumento de apenas 9 % na produção de ovos, o que só se poderia explicar por uma improvável redução na produtividade das poedeiras.
            Ainda segundo a UBA, o número total de matrizes alojadas foi de 766.316 unidades em 2003, de 923.987 em 2004 e de 592.871unidades até agosto de 2005. Projetado, a partir da produção obtida até agosto, para os doze meses de 2005, o número total de matrizes alojadas chegaria a 889.306 unidades em 2005, valor 3% inferior ao verificado no ano anterior. Também não coaduna com aumento de 27% no plantel de poedeiras comerciais, a não ser que tenha havido grande aumento na produtividade das matrizes.
            Os dados da UBA mostram ainda que a produção paulista deve manter, em 2005, participação superior a 50% na produção nacional de ovos.
            Dados levantados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) mostram que o preço médio anual real do ovo, em todos os níveis de mercado, apresentou significativas quedas reais nos últimos dois anos, após ter atingido, em 2003, o valor máximo do período posterior a 1997.
            Em 2004 e 2005, ocorreram também reduções nos preços médios reais dos principais insumos da produção de ovos, quais sejam, o milho e o farelo de soja. De 1998 em diante, o preço do milho atingiu seu valor máximo em 2003 e nos anos seguintes caiu 14% e 9%. Já o farelo de soja apresentou, no corrente ano, o seu preço mínimo do referido período, 30% inferior, em termos reais, ao observado em 2004 (quadro 1).

                           Fonte: IEA, IBGE

            Durante os primeiros nove meses de 2005, a relação entre os preços do ovo e do milho favoreceu o avicultor e foi muito semelhante à ocorrida de 2003 em diante. A perspectiva é que os preços de milho não se elevem significativamente nesta entressafra nem em 2006. Os primeiros levantamentos feitos pelo IBGE e pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)3 já mostram aumentos significativos na área plantada do milho, muito embora possam ocorrer problemas de abastecimento caso ocorram problemas climáticos generalizados pelo país (quadro 2).

            No que se refere ao farelo de soja, a relação de preços atual é a melhor dos últimos anos, do ponto de vista do produtor de ovos, situação que se deve estender ao longo do ano que vem pois a produção brasileira de soja deve crescer pelo menos 5%, em relação à obtida na safra 2004/05. Os preços do farelo de soja podem vir a se alterar caso haja recuperação do preço internacional da soja ou eventual desvalorização da moeda brasileira.
            As relações entre o preço do ovo no atacado e ao produtor em 2005 estão extremamente favoráveis ao atacado, que no ano passado já tinha obtido aumento significativo em sua margem bruta. A margem do varejo, que tem apresentado menores variações ao longo do tempo, em 2004 e 2005 foi da ordem de 90% (quadro 2).4

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1 IBGE: www.ibge.gov.br
2 UBA: www.uba.org.br
3 CONAB: www.conab.gov.br
4 Artigo registrado no CCTC-IEA sob número HP-113/2005.

Data de Publicação: 29/11/2005

Autor(es): Sônia Santana Martins (soniasm@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor