São Paulo Instala Câmara Setorial De Produtos Ecológicos

            A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA) instala dia 10 de outubro de 2000 a Câmara Setorial de Agricultura Ecológica. O principal objetivo da medida é - a exemplo de outros setores organizados do segmento agroindustrial, como algodão e café - o de promover um fórum de discussões sobre potencialidades e limitações desse mercado, problemas de produção e comercialização, processamento, legislação e financiamento, visando encaminhar as principais reivindicações do setor.
            A instalação da Câmara constitui uma resposta da SAA à grande expansão que vem ocorrendo na produção e consumo de alimentos ecológicos, ou orgânicos, tanto no mercado externo como no interno. Segundo informações da Gazeta Mercantil, pesquisas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) indicam que a produção de alimentos orgânicos mostra um crescimento mundial de cerca de 25% ao ano, movimentando anualmente o equivalente a US$8,7 bilhões. No Brasil, estima-se que no ano passado os produtos orgânicos movimentaram de US$100 a 150 milhões, com cerca de US$20 milhões no mercado interno e US$130 milhões destinados à exportação para países como Alemanha, França, Japão, entre outros. Isso mostra um crescimento de 50% em relação a 1998 e 1997.
            A área cultivada com produtos orgânicos na Europa passou de 250 mil hectares em 1987 para 2,5 milhões de hectares em 1997, e os Estados Unidos cultivam 900 mil hectares, segundo dados da Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica (IFOAM). Na Argentina a área certificada de produtos orgânicos chega a 380 mil hectares.
            No Brasil a área cultivada com produtos orgânicos em 1990 situava-se em torno de mil hectares, alcançando hoje cerca de 100 mil ha. A área com produção certificada ou em processo de certificação pelo Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural (IBD) saltou de 30 mil ha em janeiro de 2000 para 61 mil ha em agosto do mesmo ano. Segundo a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), a maior produção brasileira de alimentos orgânicos concentra-se nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul, que respondem por 70% da produção.
            As grandes redes de supermercados comercializam em suas principais lojas da cidade de São Paulo alguns produtos orgânicos processados e in natura. Entre eles pode-se encontrar arroz, feijão, milho, frutas como banana, manga e morango, verduras e legumes, café, açúcar, mate, citrus, óleos essenciais, palma, dendê, castanha de caju, cacau e guaraná, entre outros. É visível, entretanto, a ainda pequena oferta de produtos como outras frutas e produtos de origem animal, como carne e laticínios. As dificuldades na produção de uma gama maior de produtos representam um dos maiores desafios enfrentados pela produção orgânica de alimentos e fibras.
            A Câmara Setorial, uma vez constituída, dará representação aos diversos integrantes da cadeia produtiva: fornecedores de insumos, produtores, processadores e comerciantes de produtos orgânicos. Associações, agências certificadoras e instituições de pesquisa também deverão estar representadas. Trata-se de uma iniciativa importante para conciliar e coordenar as ações necessárias para o crescimento dinâmico e ordenado do mercado de produtos ecológicos.
 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MASCARENHAS, G. A.; Biscaro, F. Mercados aquecidos estimulam produção de alimentos orgânicos. GAZETA MERCANTIL, São Paulo, 6 set. 2000. Por Conta Própria, p.8.

SCARAMUZZO, M. Boa procura por alimentos orgânicos. GAZETA MERCANTIL, São Paulo, 29-30 set. / 1o out. 2000.
 

 

Data de Publicação: 03/10/2000

Autor(es): Maria Celia Martins De Souza (mcmsouza@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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