Mercado Da Carne Suína Em 2000

            O ano de 2000 foi marcado por uma série de dificuldades enfrentadas pelo suinocultor brasileiro: encarecimento do arraçoamento animal (custos elevados do milho e do farelo de soja); aumento da mortalidade de animais jovens em algumas regiões produtoras (inverno rigoroso); ocorrência da febre aftosa no RS e a baixa demanda interna por carne suína. Essas dificuldades traduziram-se em baixa rentabilidade ao produtor, uma vez que os preços se mantiveram em patamares considerados desfavoráveis diante dos elevados custos de produção no decorrer do ano.
            De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a produção brasileira de carne suína foi da ordem de 1,8 milhão de toneladas em 2000, o que significa crescimento de 3% em relação à produção estimada para 1999. Tal incremento deve-se tanto à correção no peso médio regional de abate, quanto ao crescimento da produção em Santa Catarina, principal estado produtor nacional, impulsionado pelo movimento exportador, que foi o grande destaque da atividade em 2000.
            A exportação de carne suína em 2000 está estimada em 120,9 mil toneladas, o que significa um faturamento da ordem de US$ 166,8 milhões, superando em 51,5% o volume comercializado externamente, em 1999, e em 40,7% o faturamento obtido. Isso ocorreu devido à conquista do mercado da Rússia, segundo maior importador mundial de carne suína, que adquiriu cerca de 25 mil toneladas do produto brasileiro. Mesmo com o fechamento temporário do mercado argentino (em decorrência dos focos de febre aftosa detectados no Rio Grande do Sul), situação normalizada a partir de novembro, a conquista do mercado russo abre novas fronteiras para a colocação de carne suína no mercado mundial. Os principais compradores do produto brasileiro continuam a ser Hong Kong, Argentina e Uruguai.
            As exportações brasileiras de carne suína estão concentradas nos estados sulinos, dos quais Santa Catarina participa com 54%, seguido do Rio Grande do Sul (32,9 %) e do Paraná (10,7%). O restante fica por conta do Mato Grosso do sul(2,1%), de São Paulo( 0,2%) e de Minas Gerais(0,1%).
            A produção paulista foi projetada em 111,4 mil toneladas em 2000, o que significa incremento de 11% em relação à de 1999. O rebanho paulista está estimado em 1,5 milhão de cabeças, das quais cerca de 560 mil cabeças são criadas em moldes estritamente empresariais. O consumo médio anual no Estado é de 10kg per capita - nas grandes cidades chega a 20kg/habitante/ano - integrando os hábitos alimentares da faixa de população de maior renda, principalmente quando o produto é industrializado.
            A suinocultura tem possibilidade de expansão em São Paulo, mas para isso é de primordial importância um novo direcionamento da cadeia produtiva de carne suína com vistas à melhoria da sanidade e da qualidade do rebanho. Decretado livre da Peste Suína Clássica (uma vez que o último foco da doença foi constatado em 1998 e logo erradicado) e também da febre aftosa, o Estado passa a reunir condições favoráveis à maior participação nas exportações brasileiras de carne suína, uma vez que o Brasil caminha no sentido da conquista de novos mercados como o Europeu, o Asiático e o Africano, além dos países integrantes do Mercosul. Nesse sentido, o governo brasileiro tem feito esforços com a finalidade de enfatizar as qualidades da carne que é produzida no Brasil, como também da produzida no Mercosul. O grande objetivo é estimular os consumidores europeus e os demais países importadores da carne européia a incluir a carne do Mercosul em suas compras.
            A carne suína detém posição hegemônica em relação às demais carnes, tanto em termos de produção quanto de consumo mundiais. De acordo com o Departamento de Agricultura do Estados Unidos (USDA), a produção mundial de carne suína em 2000 totalizou 82,4 milhões de toneladas para um consumo mundial da ordem de 81,4 milhões de toneladas. A China e a União Européia são os principais produtores e consumidores de carne suína. Em termos de comércio mundial, o maior movimento importador fica por conta do Japão (900 mil toneladas) e o destaque nas exportações cabe à União Européia (1,1 milhão de toneladas).
 

Data de Publicação: 22/02/2001

Autor(es): Valeria da Silva Peetz Consulte outros textos deste autor