Historicamente, outubro é o mês típico da entressafra de feijão, uma vez que já se encerrou a colheita do produto de inverno e a safra das águas ainda está sendo plantada (o prazo oficial encerra-se em 30 de outubro). Já no final de agosto, observou-se que o Estado de São Paulo passou a consumir, em maior proporção, o feijão produzido nos demais estados produtores, conforme indicaram os dados de oferta por origem oriundos da 'Bolsinha de Cereais'. Em 31/08/00, segundo Bolsinha Informs, a oferta teve a seguinte participação: 63,6% (São Paulo), 9,1% (Bahia e Mato Grosso) e 18,2% (outros estados). Em setembro a origem da oferta foi: em 14/09/00, proveniente de São Paulo em 80,6%, da Bahia em 6,5% e de outros estados em 12,9%; em 21/09/00, São Paulo participou com 80,0%, Minas Gerais com 8,0%, Mato Grosso, Goiás e Bahia com 4% cada um; e em 28/09/00, a oferta originou-se de São Paulo em 77,8%, de Goiás em 11,1%, da Bahia em 7,4% e de Minas Gerais em 3,7%.
            Em setembro, o preço médio diário recebido pelos produtores de feijão no Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Avaré ficou estabilizado em R$50,00 a saca de 60 quilos, até o dia 14. Em seguida, houve alta repentina para R$56,00, após o qual voltou ao preço inicial de R$50,00, embora o preço médio diário tenha oscilado até R$48,00 no final do mês nesse EDR. Nos EDRs de Barretos, Itapeva e Presidente Prudente, os preços diários foram cotados em pelo menos R$50,00 (Figura 1).

Figura 1 - Preços Médios Mensais Recebidos pelos Produtores de Feijão do Escritório de Desenvolvimento Rural de Avaré, Estado de São Paulo, e Preços Modais de Feijão Carioquinha Tipo 1 no Atacado da Cidade de São Paulo, Agosto e Setembro de 2000.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola.

            Outro fato que se observa na figura 1 é o comportamento dos preços modais de feijão carioquinha, tipo 1, no mercado atacadista de São Paulo. A despeito de uma margem de comercialização estável de R$5,00 a saca na maior parte do período, esta chega a ser negativa por dois dias, em 15 e 16 de setembro, com o preço do atacado abaixo do valor médio recebido pelos produtores; e, por dois dias, a margem de comercialização observada foi apenas de R$1,00 a saca.
            Segundo as informações de Safras & Mercado, os produtores de Santa Catarina ficaram cautelosos quanto ao plantio de feijão no final de setembro, devido à ocorrência de geada em 25/09, em várias regiões do Estado. A estimativa para a próxima safra é de uma área plantada de 143.658 hectares, com uma provável redução de 10%. No Rio Grande do Sul, segundo a mesma fonte, poderá haver também uma redução de 14,2% na área de plantio, passando de 144.282 hectares em 1999/00 para 123.187 hectares nesta safra.
            Quanto ao Paraná, maior produtor de feijão das águas, estima-se uma redução na área de 20% a 25% em 2000/01. A área plantada desse feijão na safra anterior, estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), foi de 447 mil hectares, podendo, portanto, cair para 335 mil hectares, numa previsão pessimista, aproximando-se da área plantada em 1997/98 de 330 mil hectares.
            Em São Paulo, ao contrário dos demais Estados, não há evidências de desânimo em relação à cultura, podendo atingir, numa previsão otimista, uma área de 76 mil hectares, significando aumento em torno de 15% (devido às condições favoráveis na época do plantio, tanto para os preços recebidos pelos produtores como das condições climáticas). Do ponto de vista econômico, caso se concretize a redução de área plantada nos demais estados produtores (principalmente no Paraná, maior produtor), os agricultores paulistas poderão obter sucesso em relação ao rendimento econômico.
            A perspectiva do mercado de feijão para este mês de outubro é de escassez, pelo menos para o produto recém-colhido, uma vez que a colheita em setembro e sobretudo em outubro é muito pequena. Somente a área semeada em junho ou julho estaria em condições de colheita, embora seja um fato difícil, devido à ocorrência de baixas temperaturas verificadas nesses meses, na maior parte da região produtora paulista.