Perspectivas Do Mercado De Milho Em 2000

1 - PANORAMA INTERNACIONAL

A produção mundial de milho do ano-safra 1999/2000 deverá atingir 599,9 milhões de toneladas (-0,9% a menos que a safra anterior), segundo a estimativa deste mês do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Esta redução deve-se à queda da produção dos Estados Unidos, maior produtor mundial, que deverão produzir 239,7 milhões de toneladas (-3,3%). A produção da Argentina está estimada em 15,5 milhões de toneladas, com excedente exportável de 8,7 milhões de toneladas (900 mil toneladas a mais que o ano passado). Prevê-se que os estoques mundiais no fim do ano-safra (setembro de 2001) sejam de 108,4 milhões de toneladas, 0,9 milhão de toneladas a menos que os do ano-safra precedente. Os estoques nos Estados Unidos caem de 45,4 milhões de toneladas em 1998/99 para 44,2 milhões de toneladas em 1999/2000.

 

2 - SITUAÇÃO INTERNA

A produção brasileira de milho da primeira safra (de verão) 1999/2000 foi estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), em dezembro de 1999, em 27,077 milhões de toneladas, 1,2% maior que a da safra precedente. Entretanto, a forte e prolongada estiagem que assolou boa parte da Região Centro-Sul do País deverá provocar uma revisão para baixo da produtividade média da cultura, principalmente no Rio Grande do Sul, onde os efeitos do evento foram mais acentuados. A produção da segunda safra (safrinha) do ano passado foi de 5,652 milhões de toneladas.

Com o prolongamento da seca, o início do plantio da soja foi retardado e com isso a cultura do milho safrinha deste ano vai sofrer atraso no plantio, principalmente em São Paulo e Paraná, os dois Estados maiores produtores do País, e em Mato Grosso do Sul. Nos demais Estados Centrais, a semeadura deverá ser realizada no período normal. As previsões no momento são de manutenção ou pequena redução da área plantada, em função do risco do plantio tardio. Na região norte de São Paulo (Mogiana) e nos Estados Centrais (Goiás e Mato Grosso) prevê-se redução da área, sendo parcialmente substituída pela cultura do sorgo granífero. Na região do Médio Vale do Paranapanema, o risco do milho safrinha nos plantios tardios, após meados de março, poderá motivar os produtores a substituírem a cultura pela do trigo ou da aveia.

A situação do mercado interno de milho é crítica nesta entressafra e deverá se agravar no decorrer deste ano-safra, em função dos problemas climáticos, não permitindo a materialização da intenção de plantio, que era de expansão da área na safra de verão, no Centro-Sul do País, e do baixíssimo nível dos estoques governamentais no início da temporada 1999/2000. Segundo estimativas mais recentes da CONAB, o estoque inicial em 1o de março de 2000 será de 1,639 milhão de toneladas, que, somado à produção esperada de 32,728 milhões de toneladas e à importação de 1,8 milhão de toneladas, totalizará uma oferta interna de 36,167 milhões de toneladas. Atendida a necessidade de consumo, de 35,7 milhões de toneladas, restarão apenas 467 mil toneladas de estoque final em 28 de fevereiro de 2001, ou seja, praticamente zero. Admitindo-se uma quebra de pelo menos 700 mil toneladas no Rio Grande do Sul, dos 4,091 milhões de toneladas estimados no início de dezembro, chega-se à conclusão de que as importações deverão superar 2,2 milhões de toneladas, para se manter o mesmo estoque final (Tabela 1).

TABELA 1 - Balanço de Oferta e Demanda de Milho, Brasil, 1996/97 a 1999/2000

(em mil toneladas)

Ano-safra

Estoque inicial

Produção

Importação

1996/97

5.961

35.703

500

1997/98

6.169

30.188

1.765

1998/99

3.122

32.417

1.100

1999/2000

1.639

32.728

1.800

Ano-safra

Consumo

Exportação

Estoque final

1996/97

35.912

82

6.169

1997/98

35.000

-

3.122

1998/99

35.000

-

1.639

1999/2000

35.700

-

467

Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

As perspectivas de preço neste ano-safra são bastante favoráveis, em razão do quadro de suprimento acima descrito. Pode-se prever para a safra de verão preços no Estado de São Paulo variando entre R$10,00 e R$12,00 por saco e para a safrinha, entre R$12,00 e R$14,00. Se estes preços se confirmarem, eles corresponderão a aumentos médios de, respectivamente, 30,2% e 28,4% em relação aos preços médios recebidos pelos produtores paulistas nas safras precedentes (Tabela 2).

 

TABELA 2 - Preços Médios Correntes de Milho, Recebidos pelos Produtores, Estado de São Paulo, 1996-99

(em R$/sc.60kg)

Ano

Verão1

(a)

Safrinha2

(b)

Diferença (b)/(a)

(%)

1996

7,94

8,48

6,81

1997

6,79

7,49

10,24

1998

8,25

8,04

-2,49

1999

8,45

10,12

19,70

1Média de março a maio.

2Média de agosto a outubro.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola.

 

Fonte: Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral.

Data de Publicação: 01/02/2000

Autor(es): Alfredo Tsunechiro (tsunechiro@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor