Espacialidade da produção agropecuária nos pólos de pesquisa

            Os 15 Pólos Regionais de Pesquisa (PRP), que compõem a APTA-Regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, são responsáveis, entre outras atribuições, por realizar pesquisas adaptadas para a realidade agroecológica e social. Têm como principal foco de atuação participar de forma ativa do desenvolvimento regional sustentável ( ver mapa ).
            Os PRPs estão inseridos em regiões com realidades sociais e econômicas e características de solo e clima bastante distintas. Há áreas em que a atividade agropecuária apresenta forte dinamismo e gera alto valor de produção, como nos Pólos Centro Norte, Alta Mogiana e Centro Leste, que representam 31,07% do valor total do Estado. No outro extremo, a atividade agropecuária encontra-se estagnada, como nos Pólos do Vale do Ribeira e do Vale do Paraíba, onde se geram apenas 2,66% do total do valor da produção do Estado (tabela 1) e se apresentam os menores Índices de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Estado 1.
            Em vista destas características, traçar uma diretriz de trabalho, que contemple toda a diversidade regional do Estado, apresenta-se como uma tarefa bastante complexa. É necessário dar prioridade às ações a serem implementadas, de forma que os PRPs possam contribuir ativamente para o desenvolvimento de cada região, considerando-se a dificuldade dos Pólos Regionais para atuar em todas as frentes, dadas as atuais restrições orçamentárias e de recursos humanos.
            A seleção das prioridades demanda o conhecimento de alguns indicadores que permitam realizar diagnósticos da realidade de cada Pólo. Para atender a esta necessidade, apresenta-se o valor da produção da agropecuária paulista do ano de 2002 2 , com tabulação especial para os Pólos Regionais. Consideraram-se, para tanto, as principais atividades que totalizassem acima de 80% do valor da produção de cada Pólo.

Os Pólos Regionais

            Nos Pólos Centro Norte (10,78%), Alta Mogiana (10,03%) e Centro Leste (10,03%) estão os maiores valores da produção do Estado (tabela 1). Têm em comum a combinação das atividades cana-de-açúcar e laranja como as de maior peso no total de cada Pólo.
            No Pólo Centro Norte, a laranja é a atividade que gera o maior valor da produção, seguida da cana-de-açúcar. A produção de laranja na região é bastante expressiva, tanto a que se destina à indústria quanto a que vai para a mesa. As demais atividades, com menor importância relativa, são carne bovina, limão e manga. Estas duas últimas destacam-se por representar, respectivamente, 67,45% e 43,10% da produção do Estado.
            Já a atividade canavieira é a principal na economia dos Pólos da Alta Mogiana e Centro Leste. É responsável por mais da metade do valor da produção agropecuária gerada nessas regiões. Destacam-se, também, na Alta Mogiana a soja e a carne bovina, que representam 37,48% e 13,38% da produção do Estado, respectivamente. No Centro Leste, a carne de frango gera 9,26% do valor da produção do Pólo e representa 17,18% da produção do Estado.
            Também no Pólo Centro Sul há produção expressiva de cana-de-açúcar e de laranja, bem como de carnes de frango e bovina que são importantes na composição do valor da produção regional.
            Nas regiões geográficas centro e noroeste do Estado, há preponderância da combinação cana-de-açúcar e carne bovina. No Pólo Centro Oeste, estas atividades – ainda que a cana-de-açúcar tenha maior peso - perfazem mais da metade do valor da produção regional, mas com a mesma participação estadual de produção. Já a carne de frango e o café, apesar da menor importância relativa quanto ao valor da produção regional, têm produção significativa no plano estadual, representando 9,08% e 17,48%, respectivamente.
            Nestes Pólos, até agora citados, desenvolve-se parte significativa das principais atividades agropecuárias do Estado. A cana-de-açúcar representa 68,77% do total produzido; laranja para indústria, 67,5%; laranja para mesa, 60,45%; limão, 67,45%; manga, 43,10%; carne de frango, 51,83%; e carne bovina, 25,14%.
            O Pólo do Nordeste Paulista distingue-se por apresentar maior diversidade de atividades. As principais são a cana-de-açúcar (22,62% do valor da produção do Pólo), café (11,24%), laranja para indústria (11,22%) e batata (8,93%). O café e a batata produzidos na região representam, respectivamente, 39,04% e 38,41% da produção total do Estado.
            Dois outros Pólos também apresentam grande diversidade de atividades: o Sudoeste Paulista e o Leste Paulista. As atividades com maior peso relativo são, no primeiro, milho, carne bovina, feijão, batata e laranja para indústria; e, no segundo, carne de frango, laranja para indústria, cana-de-açúcar, laranja de mesa, carne bovina e café. Também o cultivo de flores e plantas ornamentais é uma das atividades mais expressivas no Leste Paulista3. Nestas duas regiões, o conjunto das outras atividades que compõem o total do valor da produção é maior do que o peso da principal atividade regional. Elas são importantes produtoras de alimentos básicos do Estado e respondem por 38,91% do tomate, 51,47% da batata, 50,73% do feijão e 25,66% do milho.
            No Pólo Médio Paranapanema, a cana-de-açúcar responde por 31,34% do valor da produção, apesar desta cultura representar apenas 7,73% da produção estadual. Em contrapartida, este pólo diferencia-se dos demais pelo peso das produções de grãos (soja e milho) e de carnes (bovina e suína). A produção regional de soja, milho e suínos é importante para a produção total do Estado, representando por 33,15%, 13,94% e 24,26% , respectivamente.
            Na região geográfica do extremo noroeste do Estado, também há predomínio da combinação carne bovina e cana-de-açúcar. A forte presença destas atividades é a realidade encontrada principalmente nos Pólos Alta Sorocabana (57,27% e 15,02% do valor da produção, respectivamente) e Extremo Oeste (34,08% e 33,56%). Nos Pólos Noroeste Paulista e Alta Paulista, também prevalece a combinação, mas outras atividades despontam, como a laranja e o ovo. Esta região fornece 49,61% da produção estadual de carne bovina; 50,52% da de ovo; 26,14% da de amendoim em casca e 28,27% da de leite C.
            Os Pólos dos Vales do Ribeira e Paraíba apresentam composição de atividades distintas e os menores valores da produção do Estado. No Vale do Ribeira, predomina a banana (57,84% do valor da produção do Pólo e 74,77% da produção estadual), seguida do tomate de mesa (17,39% da região e 16,34% do Estado) e da carne bovina (11,14% da região e 1,01% do Estado). No Vale do Paraíba, as atividades principais são carne bovina, leite C e leite B. O arroz em casca totaliza 45,75% da produção do Estado, embora participe apenas com 6,84% do valor da produção regional.
            Quanto à área denominada Sede, composta por municípios circunzinhos às sedes dos Institutos de Pesquisa da APTA, uma ampla combinação de atividades compõe o valor da produção regional, com destaque para a importante produção de hortigranjeiros. Esta região também detém ao redor de 60% do valor da produção de flores e plantas ornamentais do Estado, atingindo R$200 milhões em 2002.
            Apesar das diferenças de solo e clima ocorrentes nas várias regiões do Estado, o maior peso é o das atividades ligadas a cana-de-açúcar, laranja e pecuária bovina em praticamente todos os Pólos. Pesquisas desenvolvidas pelas instituições da APTA têm tido papel preponderante no processo de adaptação regional, para alcançar o atual estágio tecnológico. Estas atividades são vitais para a economia do Estado como um todo. No entanto, algumas regiões, principalmente onde a pecuária é a maior fonte de renda, os indicadores sociais mostram certa estagnação, população decrescente e baixo nível de oportunidades de emprego.
            Assim, é necessário buscar alternativas para diversificar as atividades e/ou procurar valorizar as especificidades locais para dinamizar a economia regional. Este deve ser um dos focos do trabalho da APTA, de maneira a contribuir com o desenvolvimento social e econômico das regiões.

1 APTA REGIONAL Planos Diretores dos Pólos Regionais de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios, cd-rom, 2002

2TSUNECHIRO, Alfredo et all. Valor da Produção Agropecuária do Estado de São Paulo em 2002. Informações Econômicas, SP, v.33, n.8, ago.2003.

3KIYUNA, Ikuyo et all. Valor da Produção de Flores e Plantas Ornamentais nas Áreas de Abrangência dos Pólos Regionais da APTA, 2002. Site do IEA (Artigos/Congressos e Seminários) , Julho/2003.



TABELA 1 - Valor da Produção Agropecuária dos Pólos Regionais, 2002

Pólos Regionais Valor da Produção (R$) %
Centro Norte 2.258.721.528,83 10,78
Alta Mogiana 2.150.572.865,26 10,26
Centro Leste 2.101.820.566,32 10,03
Centro Oeste 1.773.270.933,88 8,46
Nordeste Paulista 1.737.963.829,34 8,29
Centro Sul 1.601.090.646,86 7,64
Médio Paranapanema 1.457.668.456,79 6,96
Noroeste Paulista 1.422.256.191,09 6,79
Sudoeste Paulista 1.334.211.319,76 6,37
Extemo Oeste 1.106.754.722,45 5,28
Sedes 904.657.678,91 4,32
Leste Paulista 869.443.573,79 4,15
Alta Sorocabana 848.946.746,04 4,05
Alta Paulista 826.912.831,74 3,95
Vale do Ribeira 306.163.606,73 1,46
Vale do Paraiba 252.054.860,97 1,20
Total 20.952.510.358,76 100,00
Fonte: Instituto de Economia Agrícola

TABELA 2 - Valor da Produção e Produção das Principais Atividades dos Pólos Regionais, 2002

<TD style=

Data de Publicação: 14/08/2003

Autor(es): Malimiria Norico Otani (maliotani@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Denise Viani Caser (dcaser@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor

 

 

 

Pólos Regionais Produto Valor da Produção Produção
R$ Pólo(%) Estado(%) Produção  Unidade % do Pólo no Estado
(Colina) CANA-DE-ACUCAR 1.081.286.810,20 50,28 5,16 38.895.209 t 18,29
  SOJA 286.498.076,85 13,32 1,37 9.855.455 sc.60 kg 37,48
  LARANJA PARA INDUSTRIA 281.836.916,02 13,11 1,35 33.874.630 cx.40,8 kg 13,38
  LARANJA DE MESA 154.032.778,87 7,16 0,74 14.517.699 cx.40,8 kg 13,38
  CARNE BOVINA 106.935.653,52 4,97 0,51 2.279.106 15 kg 3,17
  OUTRAS 239.982.629,80  11,16        
    2.150.572.865,26 100,00 10,26      
Alta Paulista CARNE BOVINA 307.507.111,20 37,19 1,47 6.553.860 15 kg 9,13
(Adamantina) OVO 242.789.428,29 29,36 1,16 9.414.092 cx.30 dz 37,21
  CANA-DE-ACUCAR 89.320.288,00 10,80 0,43 3.212.960 t 1,51
  AMENDOIM EM CASCA 31.384.813,54 3,80 0,15 1.659.694 sc.25 kg 26,14
  OUTRAS 155.911.190,71 18,85        
  TOTAL 826.912.831,74 100,00 3,95      
Alta Sorocabana CARNE BOVINA 486.165.615,12 57,27 2,32 10.361.586 15 kg 14,43
(Presidente Prudente) CANA-DE-ACUCAR 127.499.140,00 15,02 0,61 4.586.300 t 2,16
  SOJA 48.519.457,92 5,72 0,23 1.669.056 sc.60 kg 6,35
  OVO 36.607.822,86 4,31 0,17 1.419.458 cx.30 dz 5,61
  OUTRAS 150.154.710,14 17,69        
  TOTAL 848.946.746,04 100,00 4,05      
Centro Leste CANA-DE-ACUCAR 1.156.683.218,00 55,03 5,52 41.607.310 t 19,56
Ribeirão Preto) LARANJA PARA INDUSTRIA 262.541.505,24 12,49 1,25 31.555.471 cx.40,8 kg 12,46
  CARNE DE FRANGO 194.581.970,00 9,26 0,93 176.892.700 kg 17,18
  LARANJA DE MESA 143.487.227,18 6,83 0,68 13.523.773 cx.40,8 kg 12,46
  OUTRAS 344.526.645,90 16,39        
  TOTAL 2.101.820.566,32 100,00 10,03      
Centro Norte LARANJA PARA INDUSTRIA 538.964.806,02 23,86 2,57 64.779.425 cx.40,8 kg 25,58
(Pindorama) CANA-DE-ACUCAR 536.573.888,20 23,76 2,56 19.301.219 t 9,07
  LARANJA DE MESA 294.561.294,23 13,04 1,41 27.762.611 cx.40,8 kg 25,58
  LIMAO 208.979.172,93 9,25 1,00 28.588.123 cx.22 kg 67,45
  CARNE BOVINA 202.329.550,08 8,96 0,97 4.312.224 15 kg 6,01
  MANGA 99.702.149,69 4,41 0,48 12.233.392 cxte. 7,7 kg 43,10
  OUTRAS 377.610.667,68 16,72        
  TOTAL 2.258.721.528,83 100,00 10,78      
Centro Oeste CANA-DE-ACUCAR 700.970.050,00 39,53 3,35 25.214.750 t 11,85
(Jaú) CARNE BOVINA 380.155.880,88 21,44 1,81 8.102.214 15 kg 11,28
  LARANJA PARA INDUSTRIA 148.456.460,44 8,37 0,71 17.843.324 cx.40,8 kg 7,05
  CARNE DE FRANGO 102.795.756,80 5,80 0,49 93.450.688 kg 9,08
  CAFE BENEFICIADO 87.422.012,58 4,93 0,42 816.494 sc.60 kg 17,48
  OUTRAS 353.470.773,18 19,93        
  TOTAL 1.773.270.933,88 100,00 8,46      
Centro Sul CANA-DE-ACUCAR 591.229.049,60 36,93 2,82 21.267.232 t 10,00
(Piracicaba) CARNE DE FRANGO 289.589.905,00 18,09 1,38 263.263.550 kg 25,57
  LARANJA PARA INDUSTRIA 190.176.022,40 11,88 0,91 22.857.697 cx.40,8 kg 9,03
  CARNE BOVINA 157.788.018,72 9,86 0,75 3.362.916 15 kg 4,68
  LARANJA DE MESA 103.937.204,56 6,49 0,50 9.796.156 cx.40,8 kg 9,03
  OUTRAS 268.370.446,58 16,76        
  TOTAL 1.601.090.646,86 100,00 7,64      
Extemo Oeste CARNE BOVINA 377.177.962,32 34,08 1,80 8.038.746 15 kg 11,20
(Andradina) CANA-DE-ACUCAR 371.467.797,80 33,56 1,77 13.362.151 t 6,28
  MILHO 72.887.895,50 6,59 0,35 4.535.650 sc.60 kg 6,67
  OVO 50.223.581,15 4,54 0,24 1.947.407 cx.30 dz 7,70
  LEITE C 45.036.090,00 4,07 0,21 136.473.000 litro 8,42
  OUTRAS 189.961.395,68 17,16        
  TOTAL 1.106.754.722,45 100,00 5,28      
Leste Paulista CARNE DE FRANGO 147.963.750,00 17,02 0,71 134.512.500 kg 13,07
(Monte Algre do Sul) LARANJA PARA INDUSTRIA 132.971.541,25 15,29 0,63 15.982.156 cx.40,8 kg 6,31
  CANA-DE-ACUCAR 73.557.410,00 8,46 0,35 2.645.950 t 1,24
  LARANJA DE MESA 72.673.148,32 8,36 0,35 6.849.496 cx.40,8 kg 6,31
  CARNE BOVINA 70.033.730,40 8,06 0,33 1.492.620 15 kg 2,08
  CAFE BENEFICIADO 67.507.956,21 7,76 0,32 630.503 sc.60 kg 13,50
  TOMATE DE MESA 51.839.533,80 5,96 0,25 3.166.740 25 kg 15,91
  MILHO 42.290.936,90 4,86 0,20 2.631.670 sc.60 kg 3,87
  BATATA 37.813.575,10 4,35 0,18 1.360.690 sc.50 kg 9,36
  OUTRAS 172.791.991,81 19,87        
  TOTAL 869.443.573,79 100,00 4,15      
Médio Paranapanema CANA-DE-ACUCAR 456.819.330,00 31,34 2,18 16.432.350 t 7,73
(Assis) SOJA 253.440.661,23 17,39 1,21 8.718.289 sc.60 kg 33,15
  CARNE BOVINA 227.990.098,08 15,64 1,09 4.859.124 15 kg 6,77
  MILHO 152.305.369,47 10,45 0,73 9.477.621 sc.60 kg 13,94
  CARNE SUINA 63.100.658,20 4,33 0,30 2.217.170 15 kg 24,26
  OVO 52.363.077,50 3,59 0,25 2.030.363 cx.30 dz 8,02
  OUTRAS 251.649.262,31 17,26