Preços Agropecuários: alta de 1,17% na segunda quadrissemana de setembro

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 encerrou a segunda quadrissemana de setembro de 2009 com variação positiva de 1,17%. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) registrou alta de 3,32% e o IqPR-A (produtos de origem animal) queda de 4,17% no período (Tabela 1).

Tabela 1. Variação Percentual do IqPR, Estado de São Paulo, 2ª Quadrissemana de Setembro de 2009.

São Paulo
São Paulo s/cana
IqPR
1,17 % 
0,92 % 
IqPR-V
3,32 % 
5,76 % 
IqPR-A
-4,17 % 
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, o IqPR sofre um recuo mas encerra com variação positiva de 0,92%, e o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) registra alta significativa e fecha positivamente em 5,76% (Tabela 1).

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, 2ª Quadrissemana - Setembro de 2009.

Origem
Produto
Unidade
Cotações (R$)
Variação quadrissemanal (%)
2ª Agosto/09
2ª Setembro/09
VEGETAL
Algodão 15 kg 
39,18
39,43
0,63
Amendoim sc.25 kg
19,23
19,00
-1,18
Arroz sc.60 kg
35,92
36,31
1,07
Banana nanica cx.21 kg
10,26
13,71
33,57
Batata sc.60 kg
39,40
42,21
7,14
Café sc.60 kg
237,68
242,57
2,06
Cana-de-açúcar  t de ATR
284,66
289,00
1,52
Feijão sc.60 kg
78,75
66,90
-15,04
Laranja p/ Indústria cx.40,8 kg
6,00
5,60
-6,75
Laranja p/ Mesa  cx.40,8 kg
6,27
7,36
17,29
Milho sc.60 kg
16,69
16,06
-3,78
Soja sc.60 kg
44,59
44,51
-0,18
Tomate p/ Mesa cx.22 kg
27,86
42,80
53,60
Trigo sc.60 kg
30,49
29,36
-3,70
ANIMAL
Carne Bovina 15 kg 
78,44
76,72
-2,18
Carne de Frango Kg 
1,68
1,36
-18,80
Carne Suína 15 kg 
38,65
43,52
12,61
Leite B Litro
0,85
0,86
1,52
Leite C Litro
0,80
0,81
1,22
Ovos 30 dz
36,14
35,84
-0,82

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: tomate para mesa (53,60%), banana nanica (33,57%), laranja para mesa (17,29%), carne suína (12,61%) e batata (7,14%) (Tabela 2).

            Para o tomate de mesa, a forte quebra de safra leva o preço do produto a patamar nunca antes alcançado nesta época do ano, entretanto começa a apresentar recuo na variação quadrissemanal, indicando recuperação da oferta, apesar dos fortes temporais que assolaram o País no período.

            No caso da banana nanica, a redução da oferta provocada pela formação dos cachos nos meses de inverno e o aumento da procura, induzida pelo clima mais ameno de setembro, determinam a acentuada variação de preços da banana. A tendência natural é a melhoria da oferta com o desenvolvimento mais completo dos cachos em setembro e outubro e o conseqüente recuo dos preços. A partir do dia 16 de setembro tornou-se obrigatória a venda da banana por peso (em kg), em todo o Estado de São Paulo, no campo, no atacado e varejo.

            A alta do preço da carne suína decorre do aumento da demanda, principalmente por parte da indústria, que está incrementando a produção de derivados de carne suína, com vista ao consumo do final do ano e, também da redução da produção. Nos últimos meses os preços da carne suína ficaram abaixo do esperado, por conta da influência da gripe A (ainda erroneamente chamada de gripe suína). Porém as cotações mostram recuperação parcial, visto que em média estão na mesma faixa dos preços praticados no mesmo período de 2007, mas ainda menores (42,3%), em relação ao mesmo período de 2008.

            Na laranja (para mesa) a retomada das aulas concomitante com o fim do período mais duro de inverno elevam o consumo, além da concorrência menor da laranja para indústria para o consumo in-natura, em virtude da redução da oferta da mesma para este fim.

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços na segunda quadrissemana de setembro foram: carne de frango (18,80%), feijão (15,04%), laranja para indústria (6,75%) e milho (3,78%) (Tabela 2).

            No feijão, incrementa-se a entrada da produção de inverno, ocasionado à redução das cotações, numa realidade de preços já baixos em relação ao ano passado. Ademais as safras, em especial da agropecuária de subsistência do nordeste foram muito boas, ampliando ainda mais a oferta nesse momento, empurrando os preços para baixo. Mais uma vez ocorre o fato de que boas colheitas de feijão não necessariamente representam maior renda bruta, pois quando o produtor tem boa produção não tem bom preço, e quando tem bom preço é porque não tem o produto. As cotações atuais desestimulam o plantio das águas, quando nas regiões produtoras paulistas essa lavoura alimentar concorre com a soja.

            No caso da carne de frango, o aumento da oferta derrubou as cotações do produto em uma realidade também de menor pressão de demanda. Com o efeito em cadeia, atinge-se o mercado de milho (enquanto insumo da avicultura), cuja produção se mostra acima da demanda, restrita pela queda das exportações e do preço da carne bovina -produto substituto- também por razões semelhantes, a isso se somam os efeitos da apreciação cambial que pressiona para baixo os preços internos.

            Quanto à laranja para indústria são os impactos da apreciação cambial que afetam diretamente as cotações das vendas sob contrato. Importante salientar que sob contrato a variação dos preços da laranja para indústria independe das quantidades que estão dadas. Dada a perspectiva de tendência da continuidade da valorização da moeda brasileira nos próximos meses, essa tendência de queda deve continuar se manifestando.

Figura 1 - Evolução dos índices quadrissemanais de preços agropecuários, 1ª quadrissemana de fevereiro de 2009 à 2ª quadrissemana de setembro de 2009.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

            O comportamento da evolução dos índices quadrissemanais de preços desta quadrissemana mostra que o IqPR e IqPR-V, apesar de positivos, apresentam tendência de queda com recuo de 0,8 ponto percentual (para ambos os índices), em comparação com a primeira quadrissemana de setembro, puxados pelas menores variações de preços do tomate, banana e laranja para indústria. Para o IqPR-A (produtos de origem animal) que tinha esboçado uma pequena recuperação na quadrissemana anterior, voltou a cair com perda de 0,9 ponto percentual (Figura 1).

No período analisado, 11 produtos apresentaram alta de preços (8 de origem vegetal e 3 de animal) e 9 apresentaram queda (6 de origem vegetal e 3 de origem animal).
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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 16/08/2009 a 15/09/2009 e base = 16/07/2009 a 15/08/2009.

2 Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573> 

 

 

Data de Publicação: 17/09/2009

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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