Índice de Preços de Eucalipto para Indústria e Energia em Nível de Produtor, Estado de São Paulo, 2009/2010

            Este artigo tem como objetivo contribuir para a consolidação da implantação do índice de preços de madeira de eucalipto para indústria e energia, em nível de produtor do Estado de São Paulo, ao evidenciar a continuidade do trabalho iniciado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) em parceria com a Fundação Florestal de São Paulo e o Florestar São Paulo.

            A disponibilidade de indicador de mercado consistente é componente essencial para fomentar a existência de um mercado futuro de madeiras, o que permite trazer maior liquidez aos investimentos realizados. Para permitir a liquidação financeira dos títulos, a legislação existente estabelece que:

I – sejam explicitados os referenciais necessários à clara identificação do preço ou do índice de preços a ser utilizado no resgate do título;

II – sejam nomeadas a instituição responsável pela apuração ou divulgação do índice, a praça ou o mercado de formação do preço e o nome do índice;

III - os indicadores de preço sejam apurados nas partes contratantes por instituições idôneas e de credibilidade, tenham divulgação periódica e ampla disseminação ou facilidade de acesso, de forma a estarem facilmente disponíveis para as partes contratantes.

            Nesse sentido, foram utilizadas as séries já homogeneizadas em pesquisa anterior1, atestando de vez a aderência nos resultados obtidos, componente essencial para a qualidade e consistência do indicador.

            A metodologia empregada para o cálculo do índice de preços recebidos pelos produtores de madeira de eucalipto considerou os preços relativos ponderados pelas quantidades de matérias-primas destinadas para processo, indústria e energia, utilizando o índice de Fischer (que é a média geométrica dos índices de Laspeyres e de Paasche), para os valores com médias anuais que correspondem ao período do ano de 2000 até 2009. Para tal cálculo, utilizou-se o conceito da base móvel, ou seja, comparando o período atual com o período imediatamente anterior.

            Para o ano de 2010, utilizou-se o índice de Laspeyres comparando os preços de cada mês (período atual) com os valores de 2009 (base fixa). Foram utilizadas duas bases: a primeira, tomando a média de 2009, e a segunda considerou 2009 como ano de referência (base igual a 100). Embora os resultados não tenham divergido, a visualização pode chamar a atenção de grupos que têm interesses diferentes.

            Para construção dos índices de preços foram utilizadas as cotações de madeira de eucalipto em pé, obtendo-se os resultados para os índices2 (Tabela 1).

Tabela 1 - Índice Acumulado Anual de Preços de Madeira de Eucalipto em Pé, São Paulo, 2000-2009

Índice
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
Laspeyres
100
128,42
157,94
151,97
203,37
349,89
326,6
328,9
354,59
320,33
Paasche
100
128,42
157,8
156,1
209,29
356,07
332,18
334,97
360,51
324,07
Fisher
100
128,42
157,87
154,02
206,31
352,97
329,38
331,92
357,54
322,2
Fonte: Dados da pesquisa.

            Na sequência são apresentados os índices de Laspeyres calculados para os três primeiros meses de 2010, que assumem particular importância para a decisão de estabelecimento de mercado futuro, visto que refletem o comportamento do produto em ambiente de recuperação econômica imediatamente pós-agravamento de crise (Tabelas 2 e 3).

Tabela 2 - Índices Acumulados Mensais de Preços de Madeira de Eucalipto em Pé, São Paulo, 2009-2010

Índice
2009
Jan./2010
Fev./2010
Mar./2010
Laspeyres
320,33
329,08
345,31
358,83
Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 3 - Índices Mensais de Preços de Madeira de Eucalipto em Pé, São Paulo, 2010

Índice
2009
Jan./2010
Fev./2010
Mar./2010
Laspeyres
100,00
102,73
107,80
112,02
Fonte: Dados da pesquisa.

            A análise evolutiva dos índices permite constatar que esses produtos tiveram um crescimento praticamente contínuo dos preços e das quantidades durante a última década, isto é, tiveram mercado firme. Esse comportamento, sem dúvida, contribuiu para que essas atividades se transformassem na segunda fonte de geração de renda da agricultura paulista, atrás apenas da cana-de-açúcar.

            Observa-se que o índice capta para o ano de 2009 uma queda nas cotações como um dos reflexos da crise econômica que teve início no final de 2008. Contudo, desde julho de 2009, o mercado começou a apresentar sinais de recuperação, notadamente, em função das perspectivas favoráveis para 2010. Nesse sentido, vale ressaltar que no primeiro trimestre de 2010 já se observam crescimentos que repõem a atividade nos patamares de 2008.

            A melhoria no processo de coleta e o tratamento das informações relativas às cotações dos principais produtos da silvicultura paulista têm permitido aprimorar os instrumentos à disposição do produtor rural e dos demais integrantes da cadeia produtiva, visando modernizar as relações de mercado e de financiamento setorial.

            A produção e a sistematização deste primeiro índice de cotações de madeira de eucalipto, que vem sendo realizado pelo IEA com seus parceiros institucionais, são um sinal evidente dessa modernização, induzindo, com o tempo, ao desenvolvimento de um mercado futuro desses produtos.

_________________________
1CASTANHO FILHO, E. P. Consumo aparente, cotações e valor da produção de madeira de florestas plantadas no Estado de São Paulo: uma visão das últimas décadas. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 3, n. 5. maio 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9260>. Acesso em: abr. 2010.

2CASTANHO FILHO, E. P. Índice de preços de eucalipto para o Estado de São Paulo. Informações Econômicas. São Paulo, v. 40, n. 3. p. 29-40, mar. 2010. Os valores obtidos em 2009 aqui apresentados foram calculados com base em preços consolidados, enquanto que, no estudo anterior, utilizaram-se dados preliminares.

Palavras-chave: índice de preços, economia florestal, eucalipto, sistemas de informações.

Data de Publicação: 05/05/2010

Autor(es): Eduardo Pires Castanho Filho (castanho@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor