Estiagem da Região Nordeste Concorre para o Aumento de Área Cultivada com Mandioca em São Paulo

            O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado em fevereiro, estima para 2012 que a área a ser colhida com mandioca no Brasil será de 1,8 milhão de hectares, 2% superior à do ano anterior. A produção está estimada em 26,1 milhões de toneladas, repetindo o resultado do ano anterior; a produtividade, de 14.997 kg/ha, a maior dos últimos dez anos, compensou parcialmente o fato de ter sido a menor área colhida no mesmo período.
 

            Em 2011, os Estados do Pará e do Paraná ocuparam a primeira colocação no ranking da produção do país, ambos com 4,6 milhões de toneladas; para 2012, a previsão é de que a produção do Pará seja a mesma, e a do Paraná experimente um recuo de 10%. A produção da Bahia, que ocupa a terceira colocação, de acordo com a estimativa também deverá diminuir de 3,4 para 3,3 milhões de toneladas. A produção paulista, conforme o mesmo levantamento, deverá se situar em 1,6 milhão de toneladas em 2012, representando um aumento de 22% relativamente ao período anterior.
 

            Nesse último quinquênio, os preços de mandioca vêm apresentando comportamento de relativa estabilidade, contrariando seu padrão histórico de frequentes oscilações entre níveis de preços aviltados e outros muito elevados, o que prejudica a competitividade de seus produtos, notadamente no caso da fécula, que tem como principal concorrente o amido de milho. Os preços médios recebidos pelos produtores paulistas, originários do levantamento do Instituto de Economia Agrícola, sofrem poucas e menos intensas oscilações no período, e também que o nível dos preços se situa em patamares superiores em mais de 50% aos do preço mínimo estabelecido pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), de R$134,10 por tonelada (Figura 1).
 

            Os preços da mandioca e de produtos de mandioca, divulgados pela CONAB, mostram que, em nível de produtores, na primeira semana de abril, o preço recebido na Bahia foi de R$232,37 por tonelada, 22% superior ao verificado no mesmo período do ano passado. No Paraná, o preço de R$201,68 por tonelada verificado na primeira semana de abril foi 8,0% inferior ao do mesmo período do ano anterior, mas ainda 50% acima do preço mínimo. Nos outros níveis de comercialização, o mercado também se mostra firme; os preços médios recebidos pelo produtor de farinha de mandioca na Bahia, de R$66,67/50 kg na primeira semana de abril, foram 14% superiores ao de igual período do ano passado. Enquanto isso, o preço da farinha em nível de produtor, no mesmo Estado, permanece nos mesmos níveis do ano passado, R$48,08 por 50 kg. No mercado de fécula, nos quatro principais produtores (Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo), considerando o mesmo período, verifica-se que os preços estão cerca de 10% abaixo dos verificados no ano anterior. Essa queda de preços nominais, aliada à inflação do período, mostra um recuo no mercado de fécula justificável em função do produto se constituir em insumo industrial para produtos de consumo mais sofisticado, como alimentos industrializados e embutidos, além de ter como concorrente o amido de milho, que se encontra em plena safra, estimada pela CONAB em 65,1 milhões de toneladas, 13,5% maior que a safra anterior. Na figura 1, verifica-se que os preços da raiz de mandioca seguem a tendência dos de milho. 


 

Figura 1 - Preços Médios Recebidos pelos Produtores Paulistas de Milho e Mandioca, Janeiro de 2007 a Janeiro de 2012.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola.


            A conjuntura de grande oferta de milho nessa safra deve exercer pressão de baixa nos preços do grão, refletindo sobre os preços da raiz. Por outro lado, porém, a estiagem severa que está ocorrendo na região Nordeste poderá aquecer o mercado de farinha de mandioca e impedir uma queda muito grande nos preços da raiz durante a safra que se inicia, uma vez que nessas situações aumentam as exportações de farinha para a região Nordeste. Nas principais regiões produtoras de mandioca industrial do Estado de São Paulo, mais especificamente no Médio Vale do Paranapanema, a dobradinha soja e milho tem oferecido forte concorrência por área com a mandioca, e daqui a dois meses já começam a se intensificar os plantios de mandioca em parte das áreas liberadas pelo milho safrinha.

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Palavras-chaves: produção e mercado de mandioca.

 

Data de Publicação: 07/05/2012

Autor(es): José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor