Preços Agropecuários: alta de 5,74% em Março de 2014

O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2, que mede a variação de preços recebidos pelos produtores paulistas, registrou alta de 5,74% no mês de março de 2014 na comparação com fevereiro deste ano. Separados em grupos de produtos, o IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal) subiu 4,84%, e o IqPR-A (grupo de produtos de origem animal) encerrou em alta, porém, com maior intensidade, fechando em 8,44% (Tabela 1). 

As variações nas quatro quadrissemanas de março/2014 foram bem elevadas, em especial a do IqPR-A (origem animal), com aumentos progressivos (Tabela 1). O clima quente e a falta de chuvas são os principais fatores indicativos das elevações, repassadas às cadeias produtivas que sofreram maiores impactos.

Quando a cana-de-açúcar (que em março subiu 0,64%) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, IqPR e IqPR-V (sem cana) apresentam altas maiores e fecham com variações de 11,25% e 14,25%, respectivamente (Tabela 1). Assim como no mês anterior, esse resultado demonstra que os demais produtos vegetais tiveram, na média, maior valorização.

Dos produtos do IqPR, o tomate para mesa (95,53%), a banana nanica (85,41%), a batata (80,49%), o feijão (42,54%), os ovos (28,64%) e o café (27,94%) foram aqueles que apresentaram as maiores altas no mês de março de 2014 (Tabela 2).

 


No caso do tomate para mesa, a alta é consequência do aumento da temperatura no começo do verão, que propiciou sua produção, a campo e em estufa, ser realizada em um ciclo de tempo muito curto, ocasionando escassez nos meses de fevereiro e março. A expectativa é que para o mês de abril parte da produção volte à normalidade, com quedas nas cotações.

O mesmo ocorreu para a batata e o feijão, que também tiveram suas produções afetadas com o efeito do forte calor, diminuindo, assim, suas ofertas e elevando seus preços.

O expressivo aumento no preço da banana nanica foi resultado da conjunção de dois fatores. O primeiro é relacionado ao aumento natural da demanda com início das aulas, e o segundo foi o resultado de um longo período de estiagem e altas temperaturas nos meses de janeiro e fevereiro, que comprometeu não só a safra em andamento, pela queima dos cachos formados, como também retardou a formação de novos cachos. Essa situação contribuiu para reduzir sensivelmente a oferta desse produto em momento de alta demanda.

Na sequência, os ovos também se destacam pela ascensão bastante elástica no mês de março, após o elevado nível de descarte de aves realizado pelo setor em janeiro, o que diminuiu a oferta e aumentou o preço do produto recebido pelos granjeiros. Adiciona-se o período da quaresma com demanda aquecida e o aumento dos preços da soja e milho, que eleva o custo de produção com a ração mais cara, repassando ao valor final dos ovos essa ascensão.

A falta de chuva no período de desenvolvimento dos grãos dá indícios de uma menor produção de café para a safra 2013/14, com início da colheita no mês de abril/2014. Com a evolução da colheita, os números dessa perda da produção serão mais consistentes. 

Outros sete produtos apresentaram alta em março de 2014: milho (13,77%), carne de frango (8,48%), amendoim (7,34%), trigo (7,07%), carne bovina (6,25%), soja (1,88%) e cana-de-açúcar (0,64%) (Tabela 2).

Os produtos que apresentaram quedas mais expressivas de preços neste mês foram: as laranjas para indústria (24,94%) e para mesa (10,29%), o arroz (5,80%) e a carne suína (4,76%). Com menores variações aparecem o leite cru resfriado (1,94%) e o algodão (0,96%) (Tabela 2).

Em resumo, no mês de março, 13 produtos apresentaram alta de preços (10 de origem vegetal e 3 de origem animal) e 6 apresentaram queda (4 vegetais e 2 de origem animal).

 

ACUMULADO NOS ÚLTIMOS 12 MESES            

No acumulado dos últimos 12 meses (março/2013 a março/2014), o IqPR registrou variação positiva de 9,21%, puxado pelas altas, especialmente, do IqPR-A (animal), que no acumulado valorizou 15,25%, e do IqPR-V (produtos vegetais), que valorizou 7,18%. Sem o produto cana-de-açúcar (cujo valor do ATR teve variação negativa de 3,82% na comparação de março/2014 ante o mesmo período do ano anterior), os índices acumulados têm forte valorização: o IqPR sobe para 24,47% e o IqPR-V (vegetais) para 33,74% (Tabela 1).

Na figura 1 é possível visualizar a evolução das variações dos índices. Vê-se que o IqPR (linha azul contínua) e IqPR sem a cana (linha azul tracejada) apresentam a mesma tendência de variação no transcorrer dos últimos 12 meses. Contudo, nota-se que o índice sem a cana teve valorização superior em 15,26 pontos percentuais. Essa diferença demonstra como os índices agropecuários paulistas são fortemente influenciados pelos preços da cana-de-açúcar.

 

Em síntese, na comparação de março/2014 com março/2013, 13 produtos apresentaram variações positivas, enquanto outros 5 tiveram variações negativas. Os produtos que tiveram preços com incrementos em patamares mais elevados que a inflação acumulada nos últimos 12 meses até março de 2014 (5,90%), medida pelo IPCA-IBGE, foram: banana nanica (153,80%), café (44,82%), carne bovina (25,38%), laranja para mesa (19,72%), soja (14,06%), batata (12,89%), algodão (12,00%), laranja para indústria (11,42%), trigo (9,56%), milho (9,50%) e leite cru resfriado (8,19%). Produtos com variações positivas, mas abaixo da inflação acumulada, foram: ovos (5,30%), carne suína (4,92%) e amendoim (1,42%) (Tabela 2).

Finalmente, os produtos que apresentaram reduções de preços foram feijão (32,00%), carne de frango (7,10%), arroz (5,72%), cana-de-açúcar (3,82%) e tomate para mesa (1,77%) (Tabela 2).

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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/03/2014 a 31/03/2014 e base = 01/02/2014 a 28/02/2014.

2Artigo completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: abr. 2014.

Palavras-chave: IqPR, índice agricultura, preços agrícolas, quadrissemana.


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Data de Publicação: 29/04/2014

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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