Na tabela 1, é apresentado o comportamento das variações nas quatro quadrissemanas de abril/2014 e do acumulado nos últimos 12 meses. As variações ocorridas em abril, apesar das altas apresentadas em todas as quadrissemanas, mostram-se decrescentes, em especial o IqPR-A (origem animal), que variou 8,04% na primeira quadrissemana e 1,63% na última de abril. Assim como aconteceu no mês de março/2014, quando o IpPR registrou alta (5,74%) devido a problemas climáticos, as altas continuaram em abril/2014 para a grande maioria dos produtos. A falta de chuva foi o principal fator das elevações repassadas às cadeias produtivas.

Quando a cana-de-açúcar (que em abril subiu 0,42%) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR e o IqPR-V (sem cana) apresentam altas maiores, com variações de 5,80% e 10,29%, respectivamente (Tabela 1). Assim como no mês anterior, esse resultado demonstra que os demais produtos vegetais tiveram, na média, maior valorização.

Dos produtos do IqPR, laranja para indústria (32,51%), batata (30,36%), laranja para mesa (23,18%), leite cru resfriado (11,39%) e banana nanica (10,38%) foram aqueles que apresentaram as maiores altas no mês de abril de 2014 (Tabela 2).

Nas variedades de laranja, segundo informações obtidas na região de Bebedouro, a alta ocorreu devido ao calor excessivo que aumentou a demanda pelo produto, em um momento com poucas variedades de citros ofertadas no mercado.

Para a batata, produto perecível e de grande consumo, principalmente no período da Semana Santa, a procura maior que a oferta elevou suas cotações. Já no final de abril, essas cotações começaram a recuar com a entrada da safra da seca.

O mesmo acontece com a banana que, com a produção afetada, teve seus preços majorados e, no final de abril, apresentou recuo das cotações com oferta maior do produto, porém, com o tamanho dos cachos menores.

No caso do leite cru resfriado, cuja variação mensal foi de 11,39%, a seca que ocorreu nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País, em plena safra, comprometeu as pastagens afetando a produção. Exigiu-se, com isso, que o produtor aumentasse seus custos devido à necessidade de suplementar a alimentação do gado.

Outros nove produtos apresentaram alta em abril de 2014: arroz (8,28%), carne suína (7,61%), trigo (6,64%), ovos (5,52%), feijão (1,92%), soja (1,21%), carne bovina (1,02%), café (0,97%) e cana-de-açúcar (0,42%) (Tabela 2).

Os produtos que apresentaram quedas mais expressivas de preços neste mês foram: tomate para mesa (33,60%), amendoim (5,57%), carne de frango (5,14%), milho (4,55%) e algodão (3,16%) (Tabela 2).

Em resumo, 14 produtos apresentaram alta de preços (10 de origem vegetal e 4 de origem animal) e 5 apresentaram queda (4 vegetais e 1 de origem animal), neste mês de abril.

ACUMULADO NOS ÚLTIMOS 12 MESES            

No acumulado dos últimos 12 meses (abril/2013 a abril/2014), o IqPR registrou variação positiva de 13,37%, puxado pelas altas, especialmente, do IqPR-A (animal) que no acumulado valorizou 22,66%. O IqPR-V (produtos vegetais) valorizou 10,21%. Sem o produto cana-de-açúcar (cujo valor do ATR teve variação negativa de 3,30% na comparação de abril/2014 ante o mesmo período do ano anterior), os índices acumulados tiveram forte valorização: o IqPR sobe para 33,55% e o IqPR-V (vegetais) para 44,68% (Tabela 1).

Na figura 1, é possível visualizar a evolução das variações dos índices. Vê-se que o IqPR (linha azul contínua) e IqPR sem a cana (linha azul tracejada) apresentam a mesma tendência de variação no transcorrer dos últimos 12 meses. Contudo, nota-se que o índice sem a cana (IqPR - sem cana) teve valorização de 20,18 pontos percentuais em relação ao IqPR (com cana). Essa diferença demonstra como os índices agropecuários paulistas são fortemente influenciados pelos preços da cana-de-açúcar. Reforça essa situação o fato de a maioria dos produtos agropecuários operarem em alta nos últimos 12 meses, enquanto o valor acumulado do kg do ATR para a cana ter baixado no período.

Em síntese, na comparação de abril/2014 com abril/2013, 16 produtos apresentaram variações positivas, enquanto apenas 3 tiveram variações negativas. Os produtos que tiveram preços com incrementos em patamares mais elevados que a inflação acumulada nos últimos 12 meses, até abril de 2014, que registra 6,28%, medida pelo IPCA-IBGE, são os seguintes: banana nanica (74,09%), laranja para indústria (52,49%), café (47,62%), laranja para mesa (38,65%), batata (31,59%), carne suína (29,03%), carne bovina (25,83%), soja (21,68%), leite cru resfriado (19,26%), milho (17,36%), trigo (16,33%), arroz

Figura 1 – Evolução dos Índices Acumulados Quadrissemanais de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista com e sem Cana-de-açúcar, Abril/2013 a Abril/2014.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola.

 (14,43%), ovos (13,18%) e carne de frango (11,04%). Algodão (0,87%) e amendoim (0,78%) apresentaram variações positivas abaixo da inflação acumulada nos últimos 12 meses (Tabela 2).

Já os produtos que apresentaram reduções de preços foram: tomate para mesa (38,36%), feijão (31,06%) e cana-de-açúcar (3,30%) (Tabela 2).

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¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/04/2014 a 30/04/2014 e base = 01/03/2014 a 31/03/2014.

 ²Artigo completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: maio 2014.

Palavras-chave: IqPR, índice agricultura, preços agrícolas, quadrissemana, preços recebidos pelos produtores.