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Emprego Formal Agropecuário Paulista Registra Mais uma Queda em 2013
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou
em agosto de 2014 o desempenho do emprego
formal brasileiro de 20131.
Os dados são provenientes da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS),
que organiza as declarações prestadas por todos os estabelecimentos com
vínculos ativos e carteira assinada, tomando-se como referência o dia 31 de
dezembro de cada ano2.
Pela obrigatoriedade da declaração e a penalidade de multa por omissão, pode-se
considerar que a RAIS é um censo do emprego formal brasileiro. Em 2013, constatou-se que o Brasil teve um
crescimento de 3,1% na geração de empregos em comparação ao ano anterior. Os
setores de serviços e comércio foram os que tiveram maior crescimento, 3,8% e
3,1%, respectivamente, e juntos concentraram 72,7% do total de empregos com
carteira assinada. Já a agropecuária teve o menor desempenho dentre todos os
setores, com aumento de 0,9% no número de postos de trabalho formais (Tabela
1). Além disso, é o setor econômico com a menor
participação de empregos formais no Brasil, apenas 3,0% do total. Esta baixa
participação é explicada pelo predomínio da mão de obra familiar nas
propriedades rurais, não considerada na RAIS, e também por haver informalidade
nas contratações de trabalhadores, mais difícil de fiscalizar pela dimensão da
área ocupada com atividades agrícolas e pastoris. O Estado de São Paulo tem importância significativa
na geração de empregos com carteira assinada. Ele representa 28,7% do total de
empregos formais e registrou crescimento de 1,7%. A geração de empregos foi
impulsionada principalmente pelo setor de serviços, que teve um aumento de
130.476 vagas formais (+1,8%), e pelo de comércio, com 58.812 (+2,2%). O setor
agropecuário paulista foi o único que apresentou retração na geração de
empregos, com perda de 15.620 postos de trabalho (-4,5%). Registre-se que foi o
segundo ano consecutivo de queda no emprego formal neste setor. Estudo do Instituto de Economia Agrícola (IEA),
publicado em abril de 20143, avaliou o desempenho mensal,
a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) para
o ano de 2013. Por meio desta base, é possível avaliar o número de admissões e
desligamentos mensais em todos os setores econômicos, ou seja, a flutuação do
emprego formal. Nesse estudo, constatou-se a perda de postos de
trabalhos formais no setor agropecuário para o ano de 2013, diminuindo em
15.200 empregos. Verificou-se, também, que a atividade econômica responsável
para essa perda tinha sido o cultivo de laranja. O custo com mão de obra nas
etapas de colheita e tratos culturais bem como a saída de muitos produtores do
setor citrícola foram alguns fatores influentes na perda de emprego do setor
agropecuário. A RAIS também permite detalhar a composição de
atividades da agropecuária por meio da Classificação Nacional de Atividades
Econômicas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Nesta
classificação, o setor agropecuário é composto por 34 atividades agropecuárias,
incluindo também a exploração de florestas e pesca. A comparação entre os anos de 2013 e 2012 mostra que 18 atividades
tiveram crescimento no número de postos de trabalho formais. Dentre estas, destacam-se a “criação de aves” com
geração de 2.452 empregos formais (+11,6) e “cultivo de plantas de lavoura
temporária não especificadas anteriormente”4 com geração de 1.211
empregos (+10,9%) (Tabela 2). A perda de empregos, conforme já mencionado,
ocorreu principalmente por parte do cultivo de laranja, complementada pela queda
ocorrida na cana-de-açúcar e em algumas atividades de apoio à agricultura. No
caso da cana-de-açúcar, a intensificação da colheita mecanizada tem causado as
perdas de emprego. As atividades de apoio à
agricultura, que também apontaram
queda nos empregos, são as empresas que terceiri- zam
mão de obra para outros imóveis rurais que demandam trabalhadores nas etapas de
plantio, tratos e colheita, e que afetam as culturas de grandes extensões de
área no estado paulista (novamente, os casos da laranja e da cana-de-açúcar). Os dados da RAIS também permitem observar em quais
Regiões Administrativas (RAs) do Estado de São Paulo ocorreram geração e perdas
de empregos com carteira assinada. Das 15 Regiões Administrativas5, 8
apresentaram perdas de postos de trabalho e 7 tiveram crescimento (Tabela 3). O cultivo de laranja associado às atividades de
apoio à agricultura foram as principais atividades com retração no emprego nas
seguintes regiões: Barretos, Campinas, Central e São José do Rio Preto. Nas
regiões de Araçatuba e Presidente Prudente, a atividade responsável pela queda
foi o cultivo de cana-de-açúcar. Destaque-se que são regiões onde esta cultura
expandiu-se com colheita mecanizada (Tabela 4). Nas regiões com aumento no número de empregos, a
cana-de-açúcar esteve presente em quatro delas: Bauru, Marília, Ribeirão Preto
e Sorocaba. Outras atividades econômicas também apresentaram aumento no número
de empregos, como a criação de aves nas regiões de Sorocaba e Marília,
horticultura na região de São Paulo e, inclusive, o cultivo de laranja, que em
outras regiões ocasionou desemprego. Na região de Sorocaba, ele teve um
expressivo aumento de mais de mil postos de trabalho formais. Conforme visto, o desempenho de duas atividades
(laranja e cana-de-açúcar) direcionam a tendência da geração de empregos.
Associada a estas duas está a terceirização de mão de obra. Com a crise no
setor citrícola e as mudanças tecnológicas no cultivo de cana-de-açúcar,
pode-se inferir que o ano de 2014 terá um resultado semelhante ao de 2013. 1MINISTÉRIO DO
TRABALHO E EMPREGO - MTE. RAIS 2013
aponta crescimento do rendimento. Brasília: MTE. Disponível
em:
<http://portal.mte.gov.br/imprensa/rais-2013-aponta-crescimento-do-rendimento/palavra 2______. Relação anual de informações sociais. Brasília: MTE. Disponível
em: <http://bi.mte.gov.br 3FREITAS, S. M.;
OTANI, M. N.; FREDO, C. E. Desempenho do emprego formal na agropecuária
paulista, 2013. Análises e Indicadores
do Agronegócio, São Paulo, v. 9, n. 4, abr. 2014. Disponível em:
<https://iea.agricultura.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=13387>. Acesso em: 6
set. 2014. 4CLASSIFICAÇÃO
NACIONAL DE ATIVIDADES ECONÔMICAS - CNAE. Banco
de dados. Rio de Janeiro: CNAE. Disponível em: <http://www.cnae.ibge.gov.br/>. Acesso
em: set. 2014. O IBGE, por meio da CNAE, especifica o grupo “produção de
lavouras temporárias”, que é constituído pelas seguintes atividades econômicas:
cereais, algodão, cana-de-açúcar, fumo, soja e outras oleaginosas. Todos os
demais cultivos temporários são agrupados como uma única atividade designada
“cultivo de plantas de lavoura temporária não especificadas anteriormente”. 5Não se
considera ainda para este trabalho a resolução do Decreto n. 60.135, de 10 de
fevereiro de 2014, que cria a Região Administrativa de Itapeva no Estado de São
Paulo. Palavras-chave: emprego
formal, RAIS, setor agropecuário, Estado de São Paulo.


chave/rais-2013.htm>. Acesso em: 19 ago. 2014.
/bgcaged/>. Acesso em: 4 set. 2014.
Data de Publicação: 07/10/2014
Autor(es):
Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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