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Variação da Cesta de Mercado no Município de São Paulo em Janeiro de 2016
Foi
amplamente divulgado pela mídia nas primeiras semanas de 2016 que a inflação de
2015, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) por
meio do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi a maior desde 2002,
alcançando 10,67%. Evidentemente, este índice foi sentido nos preços da maioria
dos produtos que compõem os grupos de cálculo do IPCA e a variação ocorrida
durante o ano de 2015 foi alvo de diversas reportagens, relatórios do Banco
Central Brasileiro e textos econômicos ao longo do próprio ano. Este breve
artigo tem por objetivo chamar a atenção do leitor para o comportamento da
variação de preços de alimentos no município de São Paulo ocorrida no mês de
janeiro de 2016 como uma possível e preocupante tendência para o ano que se
inicia. Desde
a década de 1970, o Instituto de Economia Agrícola (IEA) coleta, analisa e
divulga mensalmente a variação de preços da cesta de mercado de alimentos do
município de São Paulo. Entende-se por cesta de mercado o conjunto dos
principais itens alimentícios de consumo dentro do domicílio das famílias
paulistanas por faixa de renda. A composição desta cesta tem por base Pesquisas
de Orçamentos Familiares (POF). Atualmente, a cesta de mercado do IEA é formada
por 88 produtos de origem animal e vegetal, divididos nos seguintes grupos:
Carnes; Leites e Derivados; Ovos; Frutas; Hortaliças; Outros Produtos de Origem
Vegetal; e Produtos Básicos. A figura 1 traz a variação percentual dos preços
coletados em janeiro de 2016 em relação a dezembro e janeiro de 2015, por
grupos de produtos. Pode-se observar na figura
1 que todos os grupos de produtos apresentaram variação positiva, totalizando
um índice mensal de 3,85% de variação da cesta em relação ao último período
(dezembro de 2015). Destaca-se a variação do grupo Hortaliças com 13,72%, impulsionada
pela variação de batata (13,86%), cenoura (28,46%) e tomate (24,75%); as chuvas
dos últimos meses vêm sendo um dos principais fatores para a variação de preços
destes itens. No grupo Produtos Básicos estão presentes produtos de grande peso
na cesta de mercado da população, como feijão, arroz e pão francês, que apresentaram variação positiva de 6,88%, 3,47% e
4,30%, respectivamente. As chuvas no Sul do Considerando a observação
dos resultados por produto e não por grupos, verifica-se que, dos 88 itens pesquisados, apenas 9 tiveram variação negativa de preços:
costela suína (-1,85%), carne moída de 2ª (-4,35%), salame (-0,53%), queijo
minas (-5,39%), limão (-8,46%), maçã nacional (-3,63%), uva fina (-1,82%),
azeitona verde (-0,27%) e palmito em conserva (-0,82). Além da baixa quantidade
de itens com variação negativa (9 de 88), constata-se que, excetuando o limão,
os demais produtos não são de grande peso na cesta de mercado das famílias paulistanas
(Anexo 1). Ao comparar a variação de
janeiro de 2016 com seu mês anterior e com a variação de um ano atrás (jan./2016-jan./2015),
observa-se o quanto são preocupantes os resultados obtidos no primeiro mês de
2016. Enquanto a variação do total da cesta de mercado de um ano atrás foi de
12,10%, a variação observada apenas no mês de janeiro/2016 em relação a
dezembro/2015 foi de 3,85%. O grupo Leite e Derivados variou no último ano
3,49%, enquanto no último mês, a variação foi de 2,06%. Tais resultados chamam
a atenção, pois o grupo Alimentação e Bebidas é o de maior peso no cálculo do
IPCA com 23% (Figura 2). É importante ressaltar
que o levantamento realizado pelo IEA é independente e não compõe o IPCA. Os
valores aqui discutidos referem-se ao município de São Paulo que, embora possua
grande peso no cálculo do índice de inflação, está incluído em uma das 11
regiões de coleta de dados utilizada pelo IBGE. Portanto, o resultado do IPCA
pode sofrer pressão maior ou menor do grupo Alimentação e Bebidas em virtude do
comportamento deste grupo nas demais praças de coleta de dados. Anexo 1 Anexo 1 
Data de Publicação: 05/02/2016
Autor(es):
Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor

