Exportações dos agronegócios: perfil de agregação de valor, Janeiro a Setembro de 2006

            As exportações dos agronegócios paulistas cresceram de US$ 8,90 bilhões para US$ 10,39 bilhões quando se comparam os acumulados de Janeiro a Setembro de 2005 e de 2006. Ao focar o conjunto do Brasil, a evolução foi de US$ 34,51 bilhões para US$ 37,91 bilhões, em períodos similares. As vendas setoriais paulistas cresceram 16,7% e as brasileiras, 9,9%, com a participação estadual passando de 25,8% para 27,4% das exportações dos agronegócios, nos semestres analisados (figura 1).

Figura 1 - Exportações dos agronegócios, São Paulo e Brasil, Janeiro a Setembro , 2005 e 2006 

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC


            Ao detalhar a análise das exportações dos agronegócios brasileiros segundo os perfis de agregação de valor, nota-se que os produtos básicos tiveram incremento de 4,1% nos valores recebidos. A evolução foi de US$ 16,53 bilhões para US$ 17,20 bilhões na comparação entre os acumulados dos nove últimos meses. Os semi-manufaturados mostraram acréscimo superior, atingindo 23,3%, ao aumentar de US$ 6,07 bilhões para US$ 7,48 bilhões em igual espaço de tempo. Mesma tendência ocorre com os manufaturados cujas vendas externas cresceram 11,1%, de US$ 11,91 bilhões para US$ 13,23 bilhões (figura 2).

Figura 2 - Exportações dos agronegócios segundo perfil de agregação de valor, Brasil, Janeiro a Setembro, 2005 e 2006 

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC

            No caso paulista, a evolução das transações no exterior de produtos e insumos dos agronegócios mostra tendência ligeiramente distinta dada a diferença estrutural da agricultura estadual. As vendas de produtos básicos diminuíram 13,5%, de US$ 2,15 bilhões nos primeiros nove meses de 2005 para US$ 1,86 bilhão em igual período de 2006. Já as de manufaturados avançaram de US$ 5,03 bilhões para US$ 5,93 bilhões (+17,7%). Nos semi-manufaturados, ocorreu o maior avanço proporcional, em função das exportações paulistas de açúcar, com acréscimo de 51,4%, de US$ 1,62 bilhão para US$ 2,61 bilhões(figura 3).

Figura 3 - Exportações dos agronegócios segundo perfil de agregação de valor, São Paulo, Janeiro a setembro, 2005 e 2006 

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC

            Ao comparar os perfis de agregação de valor das exportações dos agronegócios, verifica-se que existe uma enorme diferença estrutural entre o Estado de São Paulo e o conjunto do Brasil, com a prevalência de produtos processados (manufaturados mais semi-manufaturados) no caso paulista tanto em 2005 (75,9%) quanto em 2006 (82,1%). Já no caso brasileiro as exportações têm elevada participação dos produtos básicos em 2005 (47,9%) e em 2006 (45,4%) (figura 4).

Figura 4 - Comparação entre os perfis de agregação de valor nas exportações dos agronegócios, São Paulo e Brasil, Janeiro a Setembro, 2005 e 2006 

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC

            Os perfis de agregação de valor das exportações dos agronegócios revelam-se muito distintos na comparação entre São Paulo e o conjunto do Brasil. O desempenho é distinto daquele encontrado para a mesma comparação quando a referência são as exportações setoriais, cujo perfil de agregação de valor paulista se mostra similar.
            Em linhas gerais, as vendas externas paulistas concentram-se em produtos de maior valor agregado, enquanto no conjunto nacional há elevada representatividade dos produtos básicos. Isto faz com que São Paulo, como agroindustrial-exportador, se diferencie da média nacional ainda primário-exportadora.
            Em função disso, há que se ter nítido que as políticas públicas paulistas devem ter o desenho marcante de políticas agroindustriais integradas. Isto tanto no sentido de sustentar suas exportações quanto porque, ao concentrar a parcela mais representativa e moderna da agroindústria de bens de capital e insumos, o Estado tem uma estrutura diferenciada da agricultura, assumindo padrões das nações capitalistas desenvolvidas.
            Essa distinção estrutural não tem sido percebida nem considerada de forma precisa nos debates sobre a distinção estrutural entre as agriculturas paulista e brasileira.

Clique aqui para ver: Tabela 1 e Tabela 2

Data de Publicação: 26/10/2006

Autor(es): José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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