Exportações dos agronegócios segundo o perfil de agregação de valor em 2006

            As exportações dos agronegócios paulistas cresceram de US$ 11,75 bilhões para US$ 14,74 bilhões, quando se comparam os acumulados de janeiro a dezembro de 2005 e de 2006. Focando o conjunto do Brasil, a evolução foi de US$ 46,30 bilhões para US$ 52,00 bilhões, em períodos similares. As vendas setoriais paulistas cresceram 25,4% e as brasileiras, 12,3%. A participação estadual passou de 25,4% para 28,3% das exportações dos agronegócios, nos anos analisados (figura 1).


Figura 1 - Exportações dos agronegócios, São Paulo e Brasil, Janeiro a Dezembro, 2005 e 2006 

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC

            O detalhamento da análise das exportações dos agronegócios brasileiros, segundo os perfis de agregação de valor, mostra que os produtos básicos tiveram incremento de 4,2% nos valores recebidos. A evolução foi de US$ 21,92 bilhões para US$ 22,83 bilhões na comparação entre os acumulados dos dois anos. Os semimanufaturados mostraram acréscimo superior, atingindo 26,6%, ao aumentar de US$ 8,38 bilhões para US$ 10,61 bilhões em igual espaço de tempo. Mesma tendência ocorre com os manufaturados cujas vendas externas cresceram 16,1%, de US$ 15,99 bilhões para US$ 18,56 bilhões (figura 2). 
  

Figura 2 - Exportações dos agronegócios segundo perfil de agregação de valor, Brasil, Janeiro a Dezembro, 2005 e 2006

 

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC


            No caso paulista, as transações no exterior dos agronegócios mostram tendência ligeiramente distinta dada a diferença estrutural da agricultura estadual. As vendas de produtos básicos diminuíram 5,3%, de US$ 2,71 bilhões (2005) para US$ 2,57 bilhões (2006), enquanto as de manufaturados avançaram de US$ 6,68 bilhões para US$ 8,51 bilhões (+27,5%). Nos semimanufaturados, ocorreu o maior avanço proporcional, em função das exportações paulistas de açúcar, com acréscimo de 54,9%, de US$ 2,36 bilhões para US$ 3,66 bilhões (figura 3)


Figura 3 - Exportações dos agronegócios segundo perfil de agregação de valor, São Paulo, Janeiro a Dezembro, 2005 e 2006

 

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC


            A comparação dos perfis de agregação de valor das exportações dos agronegócios mostra que existe uma enorme diferença estrutural entre o Estado de São Paulo e o conjunto do Brasil, com a prevalência de produtos processados (manufaturados mais semimanufaturados) no caso paulista, tanto em 2005 (76,9%) quanto em 2006 (82,6%). Já no caso brasileiro, as exportações têm elevada participação dos produtos básicos em 2005 (47,4%) e em 2006 (43,9%) (figura 4).


Figura 4 - Comparação entre os perfis de agregação de valor nas exportações dos agronegócios, São Paulo e Brasil, Janeiro a Dezembro, 2005 e 2006

 

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC


            Os perfis de agregação de valor das exportações dos agronegócios revelam-se muito distintos na comparação entre São Paulo e o conjunto do Brasil. O desempenho é distinto daquele encontrado para a mesma comparação quando a referência são as exportações setoriais, cujo perfil de agregação de valor paulista se mostra similar.
            Em linhas gerais, as vendas externas paulistas concentram-se em produtos de maior valor agregado, enquanto no conjunto nacional há elevada representatividade dos produtos básicos. Isto faz com que São Paulo, como agroindustrial-exportador, se diferencie da média nacional ainda primário-exportadora.
            Em função disso, as políticas públicas paulistas devem ter o desenho marcante de políticas agroindustriais integradas, tanto para sustentar suas exportações quanto porque, ao concentrar a parcela mais representativa e moderna da agroindústria de bens de capital e insumos, o Estado tem uma estrutura diferenciada da agricultura, assumindo padrões das nações capitalistas desenvolvidas.
            Essa distinção estrutural não tem sido percebida nem considerada de forma precisa nos debates sobre a distinção estrutural entre as agriculturas paulista e brasileira.

 Exportações dos agronegócios segundo os grupos de cadeias de produção e perfis de agregação de valor, Brasil, Janeiro a Dezembro, 2005 e 2006. 

  Exportações dos agronegócios segundo os grupos de cadeias de produção e perfis de agregação de valor, São Paulo, Janeiro a Dezembro, 2005 e 2006 

Data de Publicação: 20/01/2007

Autor(es): José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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