PREVISÕES E ESTIMATIVAS DAS SAFRAS AGRÍCOLAS DO ESTADO DE SÃO PAULO,

ANO AGRÍCOLA 2005/06, ABRIL DE 2006

            O Instituto de Economia Agrícola e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral disponibilizam, com base em levantamento de campo realizado em abril de 2006, a 4a. previsão da safra agrícola do Estado de São Paulo. A colheita de grãos - safra 2005/06 - deve somar 7.434,81 mil toneladas, o que representa acréscimo de 5,8% em relação ao ano anterior devido, principalmente, aos ganhos de volume produzido de soja safrinha (59,2%), feijão da seca (34,4%), feijão das águas (31,9%), amendoim da seca (16,9%) e milho safrinha (16,6%) (Tabela 1).
            Para a elaboração dos índices que mostram a evolução da agricultura no ano agrícola 2005/06, em relação aos de 2004/05, foram selecionadas as atividades agrícolas mais significativas em valor da produção. Os resultados agregados indicaram acréscimos de 7,16% na produtividade da terra e de 4,50% na produção, com 3,58% a menos na área plantada (Tabela 2).
            O conjunto das culturas anuais apresenta decréscimos de 12,09% na produção, em função da queda de 2,92% na produtividade da terra e de 9,45% na área plantada. Para os grãos são esperados aumentos na produção (5,63%) e na produtividade da terra (16,67%), com retração de 9,46% na área cultivada.
            Quando se consideram as culturas perenes e semi-perenes, observam-se elevações na produção (15,62%), devido aos 13,55% a mais na produtividade da terra, embora a área total cultivada tenha sido menor (0,47%).
            A estimativa final para a cultura de amendoim das águas confirmou as quedas da área plantada (11,5%) e da produção (7,6%), devido à grande diminuição de área de renovação de cana-de-açúcar, apesar de maiores ganhos no rendimento (4,4%), em decorrência das melhores condições climáticas, comparativamente à safra passada (Tabelas 1, 3 e 4).
            Para a cultura do algodão o levantamento detectou significativas perdas na área (49,6%) e na produção (32,9%), porém com recuperação no rendimento (33,2%), em relação à safra passada. Esse quadro pode ser justificado pela queda nos preços do produto, além da fase de estagnação do consumo interno e contribuição das importações dos manufaturados.
            Para a cultura do amendoim da seca, registraram-se elevações na área (8,9%), na produção (16,9%) e na produtividade (7,3%). O aumento da área plantada para essa safra, relativamente à passada, pode ser atribuída, em parte, à expectativa de maior consumo com a copa mundial de futebol.
            Quanto à cultura do arroz, o quadro apresenta-se praticamente inalterado em relação ao levantamento realizado em fevereiro de 2006 cujos resultados, apesar do aumento na produtividade (11,0%), apontam retrações na área de 21,6% e na produção de 13,0%, em relação à safra passada.
            As tendências para a cultura do feijão da seca, captadas neste levantamento de 2005/06, são de ganhos na área plantada (16,8%), na produção (34,4%) e na produtividade (15,1%). Informações iniciais da safra 2005/06, para o feijão de inverno, indicam para uma produtividade 4,5% superior ao do ano agrícola anterior, em uma área de 65,23 mil hectares, 9,5% a mais que em 2004/05.
            Para a cultura do milho, observou-se neste levantamento que, apesar do pequeno aumento esperado na área cultivada (0,9%), há expectativas de acréscimos de 14,0% na produtividade e de 15,1% na produção, em relação à safra passada, favorecidos pelas condições climáticas.
            Quanto ao milho safrinha, estão previstos: redução de área (10,3%) e acréscimo de produtividade (30,0%), com resultado de produção 16,6% superior.
            O decréscimo da área plantada (15,2%) para a cultura da soja, em relação à safra passada, é resultante principalmente das perspectivas de baixos preços pagos aos produtores. O aumento de 15,1% na produtividade, porém, não foi suficiente para reverter a queda de 2,4% na produção.
            Para a soja safrinha a significativa elevação da área plantada (40,4%) provavelmente foi decorrente da opção dos agricultores pois, quando na época de plantio do feijão da seca, os preços desse produto não estavam atrativos. O aumento da produção (59,2%) é resultado também da maior produtividade (13,3%).
            A retração na área de trigo (23,9%) ocorreu, principalmente, nas regiões de Itapeva, sendo substituída por milho safrinha e soja safrinha, e de Assis, substituída por milho safrinha, comportamento adotado por produtores que, por um lado, depois de dois anos consecutivos de frustração na comercialização, não querem arriscar a instalação de uma cultura de alto custo sem perspectiva de preços remuneradores. Por outro, especialistas dizem que quem plantar trigo nessa safra obterá rentabilidade e apontam o cereal como a melhor opção para o cultivo de inverno no Estado, favorecido pela isenção do ICMS em toda a cadeia produtiva. O aumento de 10,6% na produtividade não será, entretanto, suficiente para compensar a perda de 15,9% no volume a ser produzido nesta safra.
            As reduções na área plantada (14,1%) e na produção (14,8%) com batata da seca vêm se confirmando no levantamento atual. Para a safra de inverno que se inicia, as tendências são de aumentos de 2,7% na área a ser plantada e de 3,5% na produção esperada, apesar do mercado pouco favorável do ano anterior, além da concorrência das batatas de origens mineira e goiana.
            De acordo com as informações para a cultura da cebola de bulbinho (soqueira), verificam-se tendências de aumento na área (4,0%) e 5,6% na produção para a safra agrícola de 2005/06 em relação a 2004/05. Apesar de o volume de importação da cebola argentina ter aumentado em abril com relação a março, ele permaneceu abaixo do previsto em virtude principalmente da ausência de caminhões para o transporte desde a fronteira aos locais de comercialização. Os preços obtidos pelos cebolicultores tiveram ligeira alta, fato que pode ter contribuído para a manutenção dos investimentos nesta cultura.
            Quanto à cultura da cebola de muda, a intenção de plantio para a safra 2005/06 é de reduções de 6,5% na área e de 6,9% na produção, quando se compara com o ano agrícola anterior, justificadas pelo fato de o mercado paulista de cebola sofrer com a expectativa de produção do Nordeste, de Minas Gerais e Goiás.
            No levantamento de abril, os resultados apontam redução na área plantada para a cultura da mandioca em torno de 21,0% na raiz produzida para indústria e 6,4% na área para mesa. A produção esperada diminuiu cerca de 2,0%, tanto para indústria quanto para mesa. Essa diminuição da área destinada à cultura deve-se principalmente aos menores preços recebidos pelos mandiocultores.
            O segundo levantamento de tomate envarado (mesa) aponta diminuição de área plantada de 12,9% (7,16 mil hectares), com recuo de 1,07 mil hectares em comparação com a safra passada, reflexo dos baixos preços conferidos aos produtores no outono de 2005. Para a produção registra-se queda de 9,7%, com 432,17 mil toneladas diante de 478,51 mil toneladas, relativamente a 2004/05.
            Para o tomate rasteiro (indústria), o levantamento de abril indica diminuições na área cultivada (16,7%) e na produção (19,2%), atingindo 262,27 mil toneladas. O preço pago pela indústria não tem favorecido os produtores, no entanto, é precoce afirmar que essa previsão será mantida, principalmente quanto à produtividade esperada de 66t/ha, ou seja, 3,2% menor que a da safra anterior.
            Segundo técnicos das Casas de Agricultura das regiões produtoras, um dos motivos da menor área plantada com tomate é a troca por culturas mais rentáveis (principalmente a cana-de-açúcar), pois a condução da cultura exige tratos especiais que aumentam seu custo, apenas sendo viável com produção em grande escala.
            Para o Estado de São Paulo, os números indicam para a bananicultura área de 54,36 mil hectares, praticamente a mesma plantada no ano agrícola 2004/05, com produção de 1.136,53 mil toneladas (+0,8%), por conta do acréscimo de 1,8% na produtividade agrícola. Em Registro, maior região produtora, a produtividade agrícola é similar a do estado, justificada pelo crescimento da área da banana prata (ao redor de 30,0%) na região que, por ser mais rústica que a nanica, adapta-se melhor e sofre menor influência das doenças que acometem os bananais, porém apresentando menor rendimento.
            A produção paulista de café poderá alcançar 4,6 milhões de sacas beneficiadas, 38,0% maior que a obtida na safra 2004/05, resultante de 38,3% a mais na produtividade, principalmente por conta da bienalidade da lavoura, em uma área de 237,43 mil hectares, semelhante à passada (-0,2%).
            A área estimada com plantio de cana-de-açúcar subiu de 3,67 milhões de hectares na safra 2004/05 para 3,87 milhões de hectares, em 2005/06. O resultado representa ampliação de 5,4% que se deve, notadamente, ao aumento de áreas novas, principalmente na região noroeste paulista, confirmando as perspectivas do levantamento anterior. Esperam-se, também, 4,8% a mais na produção, podendo atingir 267,12 milhões de toneladas, com produtividade nos mesmos níveis da safra agrícola anterior, de 83t/ha.
            A colheita da laranja na safra agrícola 2005/06, em São Paulo, poderá atingir 356,88 milhões de caixas de 40,8kg, com acréscimo de 1,4% em relação à passada, com produtividade de 2,0cx./pé, decorrente das condições climáticas adequadas para o desenvolvimento e frutificação dos pomares. Esta previsão registra menor área plantada (1,1%), comparativamente a 2004/05, atingindo 664,38 mil hectares, justificada pelo avanço das áreas com cana-de-açúcar, particularmente nas regiões de Catanduva e São José do Rio Preto. Nas 17 regiões com produção acima de 5 milhões de caixas de 40,8kg e que representam 92,0% do total a ser colhido no estado, o volume soma 328,30 milhões de caixas de 40,8kg. Nota-se ainda uma redução de 4,3% na área com pés com menos de 3 anos, caracterizando desaceleração de novos plantios.
            As informações deste levantamento também estão disponibilizadas por Região Administrativa (RA) (Tabela 5).
            O 5o levantamento das safras agrícolas do Estado de São Paulo, a ser efetuado em junho, deverá trazer informações mais precisas sobre produções e produtividades, para o ano agrícola 2005/06.
 

Denise Viani Caser1

Ana Maria Montragio Pires de Camargo1

Felipe Pires de Camargo1

José Alberto Ângelo1

Juliana Di Giorgio Giannotti1

Mario Pires de Almeida Olivetti1

Vera Lúcia Ferraz dos Santos Francisco1