Nilce da Penha Migueles Panzutti

Este trabalho tem o objetivo de estudar os impactos da criação da Estação Ecológica Juréia-Itatins (EEJI) sobre a população moradora, a partir de dados documentais, bibliográficos e de trabalho de campo, concentrando-se no período de 1970 a 2000. O objetivo mais amplo é trazer mais uma vez à discussão a questão da sustentabilidade das populações moradoras de Unidades de Conservação. A intensificação tecnológica da agricultura e a integração da agricultura com a indústria nas últimas décadas, associadas à internacionalização das economias, inviabilizam a inserção de populações rurais já anteriormente excluídas, forçando a busca de alternativas econômicas não-agrícolas para a sobrevivência. Nesse processo, a ocupação humana nem sempre ocorre em consonância com as necessidades de conservação dos ecossistemas naturais. Os resultados da investigação indicam que a EEJI foi instituída sem a efetiva participação dos residentes, e no caso da população de Itinguçu, a criação da Unidade de Conservação contribui para a invialibilização da agricultura familiar, baseada no cultivo da banana; impede a reprodução camponesa; e desorganiza as relações familiares baseadas na unidade de produção. A transformação do local em área de preservação promove reflexos na identidade de seus moradores, que se transformam, circunstancialmente, por força de lei.

Palavras-chave: meio ambiente, unidades de conservação, agricultura familiar, impactos socioambientais.

This research aims to study the impact of the creation the Ecological Station Juréia-Itatins (EEJI) on the dwelling population, based on documental/bibliographic data for the 1970-2000 time span and on field work. It also intends to shed new light over the debate on the sustainability of the population in Conservation Units. The technological advances in agriculture, the integration of agriculture and industry and the internationalization of the economies of the last decades prevented the insertion of rural populations and forced them to seek non-agricultural possibilities of survival. In this process, ecosystem conservation needs are not always act in consonance with human occupation. Results indicate that the EEJI was built without the effective participation of dwellers, bringing negative implications. Because their family agriculture, based on banana production, became unviable, the reproduction of farmers was obstructed and family relationships were disturbed. All in all, the trans-formation of the place in a preservation area induced changes in the identity of its dwellers that, by force of circumstances, become outlaws.

Key-words: environment, family farmers, local development, social-economic impact.

JEL Classification: Q2.