volume 47, Tomo 2, 2000 |
Levantamentos de Preços
por Amostragem: mercado atacadista de produtos agrícolas na Cidade
de São Paulo
Francisco Alberto Pino, Maura Maria
Demetrio Santiago, Vera Lúcia Ferraz dos Santos Francisco, Carlos
Roberto Ferreira Bueno
RESUMO - Algumas características
estatísticas dos dados de preços são discutidas, como
a não normalidade. De fato, sugere-se o uso de algum tipo de distribuição
do tipo exponencial, uma vez que a distribuição dos preços
costuma ser assimétrica e os valores estranhos são relevantes.
Em alguns casos, os dados de preços são mais bem descritos
pela mediana ou a mo-da do que pela média. Os preços, definidos
como os valores unitários de transações comerciais,
são considerados diferentes de cotações de preços,
definidas como o preço esperado ou desejado. Num levantamento, o
primeiro deve ser estimado por uma média ponderada (pela quantidade)
de preços amostrais, enquanto que a última pode ser estimada
por uma média aritmética simples. Apresenta-se uma aplicação:
o caso de preços agrícolas no mercado atacadista de São
Paulo. Um delineamento amostral com enfoque de séries temporais
é utilizado.
RESUMO: A questão do débito agrícola no Brasil tem despertado considerável interesse, des-de 1990, quando a inadimplência cresceu. Um modelo teórico é usado para testar diversas hipóteses relativas ao débito agrícola, tais como: um efeito positivo da taxa real de juros do crédito rural e um efeito negativo do índice de paridade agrícola (a relação entre o índice de preços recebidos pelos agricultores e o índice de preços pagos pelos agricultores pelos fatores usados na produção agrícola). São também analisados os efeitos de intervenções governamentais sobre o débito agrícola. Estas hipóteses foram testadas através dos testes de co-integração, precedidos pelos testes de raiz unitária, que mostraram que a taxa real de juros do crédito rural é estacio-nária e as séries de dívida agrícola e índice de paridade são estacionárias nas diferenças de primeira ordem e co-integradas. As séries temporais foram modeladas por modelos Auto-regressivos de Médias Móveis (ARIMA), de função de transferência e de intervenção, usando o enfoque de Box-Jenkins, incluindo um termo de correção de erro. Mostrou-se que o débito foi afetado positivamente pelo crescimento da taxa real de juros do crédito rural e negativamente pelo crescimento do índice de paridade agrícola. Os resultados sugerem que a queda no índice de preços recebidos pelos agricultores em 1995 e o impasse nas negociações da dívida foram res-ponsáveis pelo aumento da inadimplência no crédito rural.
RESUMO: O lançamento
do Feijão Carioca em 1969 constituiu um divisor de águas
na evo-lução dessa lavoura. Esse fato promoveu uma reversão
da tendência declinante da produtivi-dade da terra, ao mesmo tempo
em que formou o alicerce da modernização dessa atividade.
Com isso, contrariando a perspectiva de que teria havido prioridade absoluta
para produtos de exportação, a pesquisa pública paulista
sustentou o desenvolvimento de uma cadeia de produção tipicamente
de mercado interno.
RESUMO: Este trabalho analisou
os efeitos que choques em variáveis macroeconômicas externas
e domésticas têm sobre o comportamento do índice de
relação de troca en-tre o setor agrícola e industrial
no Brasil para o período de julho de 1994 até dezembro de
1998. O mo-delo utiliza a teoria de equilíbrio parcial que considera
ações individuais e conjuntas nos preços dos produtos
agrícolas domésticos e internacionais. A principal hipótese
é que o processo de abertura econômica iniciada em 1990, con-jun-tamente
com a estabilização dos preços domésticos em
julho de 1994 proporcionada pe-la implementação do Plano
Real, tornaram os preços agrícolas internos mais sensíveis
às variações de preços ocorridas no mercado
internacional de produtos agrícolas. Es-sa hipótese foi estudada
utilizando-se testes de raiz unitária convencionais do tipo Dickey-Fuller
Aumentado (ADF) e com quebra estrutural, testes de co-integração
de Johansen e modelo Vetorial de Correção de Erro (VEC).
Os resultados mostraram que o conjunto de variáveis externas exerce
maior influência sobre o comportamen-to dos preços agrícolas
no Brasil comparativamente às variáveis domésticas
conforme obtido em estudos anteriores (BARROS, 1990 e PONGIBOVE, 1996).
Em relação aos preços industriais verificou-se que
existe equilíbrio entre os efeitos decorrentes de variações
nas variáveis internas e externas. Também, os preços
internacionais do petróleo per-de-ram importância sobre o
comportamento dos preços agrícolas domésticos no Brasil
na década de 90 relativamente aos anos oitentas, con-forme observado
em trabalhos já realizados. Finalmente, as funções
de resposta de impulso mos-traram que diante de choques não antecipados
o período mais crítico de ajuste dos mercados corresponde
aos seis primeiros meses após a incidência desses choques.
RESUMO: Novas tendências
na preferência dos consumidores estão favorecendo a diferencia-ção
de produtos para atender nichos de mercado relativos à preservação
do meio ambiente. Isso requer uma reestruturação dos sistemas
de produção convencionais para adaptação às
restrições de ordem ambiental. Os têxteis de algodão
orgânico representam uma alternativa aos impactos ambientais que
decorrem da produção e processamento da matéria-prima.
Sistemas e subsistemas agroindustriais, considerados como nexos de contratos
entre agentes, podem ser comparados a partir dos atributos das transações.
Este estudo busca evidências de diferenciação por qualidade,
para contrastar o sistema agroindustrial do algodão convencional
com o subsistema do algodão orgânico. Mudanças nos
atributos das transações, principalmente o nível mais
elevado de incerteza e de especificidade de ativos no subsistema orgânico,
requerem mecanismos de coordenação estrita, por meio de contratos
relacionais. O monitoramento da produção e a reputação
das agências de certificação são questões
relevantes, uma vez que o prêmio alcançado pelos produtos
diferenciados pode incentivar o oportunismo.
RESUMO: O presente estudo
tem como objetivo identificar e analisar a organização do
espa-ço rural da Região Centro-Oeste do Brasil, tendo como
base o ano de 1992. Direciona-se a análise para dois aspectos:
o primeiro, determinando a distribuição do espa-ço
fundiário; o se-gundo, identificando as principais atividades agropecuárias
desenvolvidas pelos produtores rurais nessa região. Serão
identificadas as estruturas no espaço, utilizando-se técnicas
multi-variadas (análise fatorial). Os resultados obtidos permitiram
detectar as diferenças existentes na estrutura agrária dos
482 municípios que compõem a região, em decorrência
dos incentivos dados para a ocupação dessa região;
onde as transformações na organização do espaço
rural, pela expansão espa-cial das atividades ou por modificações
estruturais na forma de produzir e na posse da terra, ao se processarem
diferencialmente no espaço, acentuam as disparidades in-ternas nessa
região. Como em grandes áreas anteriormente ocupadas com
atividades agro-pecuárias praticadas de forma tradicional, novas
formas de produção se impuseram, principalmente o avanço
da cultura da soja, deslocando e excluindo diversas atividades.