Volume 49, n.2, 2002 

As Câmaras Setoriais Agroindustriais: da reivindicação para a auto-regulação? (Maya Takagi)
RESUMO: Este artigo busca analisar transformações recentes das relações entre representações de grupos privados e o Estado na elaboração de políticas, tomando as câmaras setoriais agroindustriais paulistas como objeto de estudo. A análise está baseada em uma pesquisa de campo que identificou as câmaras setoriais existentes no País, analisou seu contexto de emergência, o seu modo de funcionamento e alguns resultados alcançados durante os anos de 1999 e 2000. Verificou-se que, a partir do momento em que o Estado teve suas políticas gerais para o setor agrícola enfraquecidas, e cresceram as estratégias competitivas entre e dentro das cadeias produtivas, fortaleceram-se arranjos mais específicos e re-gionalizados, em torno das cadeias produtivas, incorporando os grupos privados nos fóruns públicos de tomada de decisões. A partir de uma análise das ações tomadas pelas câmaras setoriais, verificou-se que estas estão mudando sua relação com o Estado, na direção de uma maior auto-regulação e menor de-pendência para com as decisões e políticas públicas. Ao fim, buscou-se fazer uma análise dos fatores que fortalecem e dificultam a continuidade deste tipo de arranjo público-privado.
 


Tecnologia e Produtividade da Cotonicultura Brasileira (Sebastião Nogueira Junior Marisa Zeferino Barbosa Célia Regina R P. T. Ferreira )
RESUMO: O artigo analisa a tecnologia e o comportamento da produtividade da terra para a cultura do algodão nos principais Estados produtores do Brasil - Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo -, no período 1980-2000, e, também, para o subperíodo 1996-2000, por intermédio de médias móveis trienais e do Teste de Friedman (c2 de Fried-man). Os resultados mostram uma inversão na posição do Estado de Mato Grosso, da última para a primeira posição de índices de produtividade, em função do elevado padrão tecnológico adotado nas safras recentes.
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Mercado de Flores e Plantas Ornamentais no Estado de São Paulo: avaliação da sazonalidade no Veiling Holambra (Roberta Wanderley da Costa, José Vicente Caixeta Filho )
RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo principal a avaliação do eventual compor-ta-mento sazonal dos volumes e preços praticados na floricultura paulista. Para tal, os produ-tos escolhidos foram: rosa, crisântemo e violeta. Dados referentes à década de 90 foram levan-tados no Veiling Holambra (cooperativa que comercializa produto via leilão eletrônico). Além desse objetivo principal, realizou-se a identificação dos períodos sazonais existentes e a identi-ficação das características do comportamento sazonal de volumes e preços das principais flores e plantas ornamentais comercializadas no Veiling Holambra. Os resultados do trabalho apon-taram períodos de três em três meses para o volume de rosas e violetas e período de doze em doze meses para o volume de crisântemos. Para os preços, observaram-se semelhanças naqueles praticados para crisântemos e violetas, com período de seis em seis meses, e para o preço de ro-sas, observou-se período de doze meses.


Comércio Agrícola e Vulnerabilidade Externa Brasileira (Maria Auxiliadora de Carvalho)
RESUMO: O objetivo deste trabalho é confrontar o desempenho das exportações brasileiras às tendências da demanda mundial por produtos agrícolas e avaliar a competitividade da agricul-tura no comércio mundial na década de 90. A eficiência global do País no comér-cio de produ-tos agrícolas foi avaliada levando-se em conta sua participação no mercado e o posicionamento do produto no comércio mundial. Os resultados mostraram que a agricultura teve posiciona-mento desfavorável no mercado internacional devido ao declínio dos preços. A agricultura bra-sileira foi classificada em situação de vulnerabilidade porque teve aumento de competitividade nesse mercado em declínio. A maior fragilidade do comércio agrícola é a concentração em ma-térias-primas, enquanto a maior parte dos produtos de posicionamento favorável incorpora mais valor e tem elasticidade-renda mais elevada.

Análise da Formação de Preços no Mercado Internacional de Soja: o caso do Brasil (Mario A. Margarido, Jocelynne Marie Fernandes, Frederico A. Turolla )
RESUMO: Estimou-se a elasticidade da transmissão de preços no mercado de grão de soja en-tre o Porto de Rotterdam e o Brasil, no período de julho de 1994 a setembro de 2001. Utilizou-se teste de raiz unitária Dickey-Fuller Aumentado (ADF), teste de co-integração de Johansen, mo-delo vetorial de correção de erro, teste de exogeneidade, decomposição da variância dos erros de previsão e função de resposta de impulso. No curto prazo, os preços da soja no Brasil tendem a eliminar mais rapidamente os desequilíbrios transitórios, comparados aos preços em Rotterdam. No longo prazo, as variações dos preços em Rotterdam são transmitidas totalmente para os preços da soja no Brasil, confirmando a Lei do Preço Único.
 

Custos de Transporte e Produção Agrícola no Brasil, 1970-1996 (Newton de Castro)
RESUMO: O objetivo deste artigo é avaliar o impacto dos custos de transporte na produção agrícola brasileira nas décadas de 70, 80 e 90, com destaque para a região dos cerrados. Pa-ra tanto, desenvolve-se um modelo econométrico de função produção cuja especificação incorpo-ra os insumos agrícolas clássicos e modernos, bem como variáveis indicadoras dos custos de trans-porte inter e intrarregional. Os resultados alcançados permitiram quantificar espacialmen-te a interdependência entre os transportes e a produção agropecuária, e os mecanismos pe-los quais as reduções de custo de transporte se traduzem no aumento da produtividade agrícola.
 


Fatores Associados à Decisão de Diversificação nas Cooperativas Agropecuárias nos Estados de Minas Gerais e São Paulo (Marco Aurélio Marques Ferreira, Marcelo José Braga )
RESUMO: A incorporação de estratégias competitivas tem sido uma das alternativas das coo-perativas agropecuárias na busca de ganhos de eficiência e competitividade diante da glo-ba-lização dos mercados. Assim, os objetivos deste trabalho foram avaliar os fatores associados à diversificação nas cooperativas agropecuárias e relacionar essa estratégia com a me-lho-ria da posição competitiva da organização. O elevado número de cooperativas diver-si-fica-das, bem como a maior relação dos novos negócios e produtos com a atividade principal da cooperativa, revelaram-se como importantes instrumentos a serem utilizados pelos formuladores das políti-cas de fomento ao setor, em razão de a maior freqüência de diversificação concêntrica represen-tar uma vantagem competitiva, à medida que, de modo geral, permite às cooperativas maior eficiência no aproveitamento dos recursos comuns.