Amendoim: produção, exportação e a safra 2011/2012

            Os últimos 10 anos marcaram a construção de novas possibilidades para a produção brasileira de amendoim. Em simples comparação entre os anos que iniciam e os que encerram esse período, é possível verificar os resultados alcançados. Assim, especificamente no período de 2002 a 2004, foram produzidas 582 mil toneladas de amendoim em casca para 277 mil hectares plantados, exportadas 53 mil toneladas de amendoim descascado e 10 mil toneladas de óleo bruto de amendoim; já nos últimos três anos, de 2008 a 2010, foram produzidas 830 mil toneladas de amendoim em casca para 314 mil hectares, exportações de 148 mil toneladas de amendoim descascado e 73 mil toneladas de óleo bruto de amendoim.

            A tendência de elevação da produção segue em menor intensidade em 2010, uma dinâmica que se estende para 2011, quando a produção brasileira fica em torno de 227 mil toneladas e a área plantada em 85 mil hectares, resultados semelhantes aos de 2010, o qual se repete em relação à produtividade, porém mantendo ganhos crescentes estabelecidos durante os anos 2000 e evidenciados pela comparação entre 2004, quando a produtividade média ficou em torno de 2.200 kg/ha, e 2011 quando atingiu 2.670 kg/ha (Figura 1).

            Para as exportações do amendoim descascado, o principal produto, observa-se que nos anos de 2009 e 2010 foram exportadas em torno de 50 mil toneladas, correspondendo ao aumento entre 10% e 37% em relação aos anos de 2006 e 2007, quando, conforme a figura 2, registra-se a menor relação entre valores e volumes ou um produto de menor valor. Por outro lado, no ano de 2008 foram exportadas 44 mil toneladas que correspondem a US$51 milhões, situação que em 2011 está ainda mais favorável, pois para os mesmos valores exportou-se em torno de 38 mil toneladas.

            As exportações de óleo de amendoim em bruto revelam uma dinâmica semelhante à observada no comércio externo do amendoim descascado. Porém, por ser um produto de maior valor agregado, apresenta melhor relação entre volumes exportados e valores e tem, no ano de 2008, as cotações mais favoráveis, que podem ser observadas também em 2011 (Figura 3) mas em menor intensidade.
 
 

Figura 1 - Área Plantada, Produção, Produtividade de Amendoim, Brasil, 2004-2011. 
Fonte: COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Séries históricas: amendoim. Brasília: CONAB, 2011. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1252&t=2>. Acesso em: 04 nov. 2011.

Figura 2 - Exportações Brasileiras de Amendoim Descascado, Janeiro de 2006 a Setembro de 2011. 

Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de Comércio Exterior. Sistema de análise das informações de comércio exterior - AliceWeb. Brasília: SECEX/MDIC, 2011. Disponível em: <http://aliceweb2.mdic.gov.br>. Acesso em: 4 nov. 2011.



Figura 3 - Exportações Brasileiras de Óleo Bruto de Amendoim, Janeiro de 2006 a Setembro de 2011. 

Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de Comércio Exterior. Sistema de análise das informações de comércio exterior - AliceWeb. Brasília: SECEX/MDIC, 2011. Disponível em: <http://aliceweb2.mdic.gov.br>. Acesso em: 4 nov. 2011.
 
 

          Os principais destinos das exportações de amendoim descascado continuam sendo os países europeus, com destaque para a Holanda, Reino Unido e a Rússia, além da Argélia no continente africano e outros 53 países. A Itália destaca-se como principal destino para o óleo de amendoim, seguida de Cingapura e China. Ao se considerar a origem, o Estado de São Paulo, este é responsável por 80% da produção brasileira e domina quase a totalidade das exportações de amendoim em grão que, a partir de 2010 com a participação de Minas Gerais nas exportações de óleo de amendoim, passou a responder por cerca de 90% das exportações desse produto.
          O comércio exterior tem na variação cambial e no nível de estoque, tanto nacional quanto internacional, aspectos importantes para a escolha de estratégias visando o posicionamento dos exportadores nesse mercado, estabelecendo determinada dinâmica e influência na formação dos preços praticados no mercado interno. Dessa forma, no Estado de São Paulo, ao se considerar os preços médios mensais recebidos pelos produtores nos últimos anos, nota-se a tendência de valorização do produto. Tanto que, a partir dos primeiros meses de 2010, período caracterizado pela entressafra e aumento de preços, seguido da redução por conta da colheita da safra das águas, observa-se o aumento constante de preços até o início do semestre de 2010, quando ocorre queda, porém com a manutenção de patamares superiores aos registrados no mesmo período do ano de 2009. Embora mantidos traços do comportamento característico dos preços frente aos períodos de plantio e colheita do amendoim, é registrada a tendência de alta dos preços médios recebidos pelos produtores, que encerraram setembro em R$30,98 o saco de amendoim em casca. Por outro lado, quando observada a cotação média mensal do Dólar, o período de abril a novembro de 2009 apresenta queda constante que, com pequena retomada, se estende até agosto de 2011 e encerra setembro em R$1,75, ou 32% menor que o valor registrado em janeiro de 2009 (Figura 4). 
   

Figura 4 - Preços Médios Mensais Recebidos pelos Produtores, Amendoim em Casca, Estado de São Paulo, Valores Nominais em Reais por Saco de 25 kg, Dólar Médio Mensal, Janeiro de 2009 a Setembro de 2011. 

Fonte: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados: preços agrícolas. São Paulo: IEA, 2011. Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov.br/bancoiea/precos_medios.aspx?cod_sis=2>. Acesso em: 6 nov. 2011; BANCO CENTRAL DO BRASIL – BCB. Sistema de informação do Banco Central - SISBACEN. Brasília: BCB, 2011. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?SISBACEN>. Acesso em: 7 nov. 2011.
 

            A variação cambial também pode influenciar a formação dos preços de insumos de produção compostos por matérias-primas importadas, com consequências diretas na escolha das opções disponíveis, especialmente dos defensivos agrícolas, um item de peso no custo de produção do amendoim. Assim, a atenção na melhor combinação entre custo e benefício dos insumos está mais evidente no planejamento dessa safra, 2011/2012, que considerando uma determinada combinação pode ter seu custo de produção estimado1 para as variedades rasteiras em R$3.007,00/ha e para as eretas em R$2.672,00/ha, valores superiores às estimativas da safra anterior, porém, diante do atual cenário comercial do produto, com possibilidade de melhor remuneração do capital investido pelo produtor. Nesse sentido, as informações trabalhadas oferecem elementos para considerar que a safra 2011/2012 do amendoim paulista, embora atrelada às condições de arrendamento de terras e das áreas de renovação de canaviais, apresenta perspectivas de aumento da área plantada e da produção, quando comparada aos resultados dos anos de 2010 e 2011.
 

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1Estimativa baseada na metodologia de custos de produção do Instituto de Economia Agrícola (IEA). Coeficientes técnicos fornecidos pela Coplana e pela Copercana e preços de insumos praticados em julho de 2011.

Data de Publicação: 25/11/2011

Autor(es): Renata Martins (rmsampaio@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor