Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Ano Agrícola 2013/14, Intenção de Plantio, e Levantamento Final, Ano Agrícola 2012/13, Setembro de 2013

1 - Intenção de Plantio Safra 2013/14

         O primeiro levantamento para a safra agrícola 2013/14 indica a provável área a ser plantada, em hectare, pelos agricultores. Foi realizado de 02 a 27 de setembro pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), instituições da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA-SP). Os dados foram obtidos pelo método subjetivo2, que consiste nas informações fornecidas pelos técnicos das Casas de Agricultura em cada um dos 645 municípios paulistas.

         A área ocupada com os sete principais produtos no plantio das águas cresce 2,3% em relação ao ano agrícola 2012/13, ou seja, de uma extensão total de 1,34 milhão de hectares, os principais produtos ocuparão 1,37 milhão de hectares  na safra atual (Tabela 1). Dentre os principais produtos responsáveis pela expansão da área cultivada, destacam-se a batata das águas (16,4%), algodão em caroço (7,8%), feijão das águas (6,2%) e soja (5,9%).

 

 

         As expectativas positivas para o algodão chamam a atenção. Ao considerar as sucessivas perdas da área ocupada pela cultura no estado, principalmente em detrimento da soja e do milho, o produto mostra recuperação ao deter expectativa de aumento de 7,8% de área, com previsão de atingir 12,0 mil hectares plantados. Em relação à espacialização do incremento da área cultivada com algodão, a região de Presidente Prudente se destaca com o maior crescimento, com previsão de atingir 1.900 hectares frente aos 318 da safra anterior. Este crescimento em área, deve-se ao interesse que a cultura despertou em um pequeno grupo de produtores, face às expectativas de condições um pouco mais favoráveis de mercado, redução na importação e crescimento da demanda. Aponta-se também que as dificuldades enfrentadas por algumas usinas sucroalcooleiras na região podem influenciar a escolha do produto a ser plantado.

          As estimativas da safra 2013/14 de amendoim das águas apontam aumento em torno de 3% da área plantada quando comparada à safra anterior e reflete incremento de área nas regionais de Araraquara, Marília e São José do Rio Preto e redução nas re­gionais de Assis, Lins e Presidente Prudente. Essa expectativa se constroi a partir da dinâmica de comércio externo, tanto para o produto descascado quanto em óleo, que resulta no aumento dos volumes exportados, na cautela dos produtores frente à demanda aquecida, porém, marcada pela queda nos preços médios recebidos, bem como pelas condições de produção nas áreas de renovação de canaviais.

         Para a cultura do arroz - de sequeiro, várzea e irrigado - a área plantada apresenta queda de 1,3%. Tal situação persiste nas últimas safras tendo em vista a maior rentabilidade de outras culturas, além da concorrência proporcionada pela produção do Estado do Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro. A região do Vale do Paraíba representa aproximadamente 65% da área cultivada no Estado de São Paulo, sendo uma atividade economicamente importante para a região.

         O plantio de feijão das águas apresenta tendência de elevação de 6,2% da área ocupada em relação à safra anterior, crescimento que conferiu ao cultivo a extensão de 58,5 mil hectares. A quebra de parte da safra em outras unidades da federação provavelmente estimula os produtores paulistas a aumentarem a área plantada.

         A intenção de plantio da área de milho, notadamente a safra de verão, apresenta retração de 2,5%. Tal fato pode demonstrar a tendência do produtor em optar pela soja, visto que para essa atividade há expectativa de crescimento na área ocupada de 5,9% comparando-se à safra passada, no entanto, deve-se salientar que essa cultura também vem sendo utilizada nas reformas dos campos de cana-de-açúcar. A área com soja irrigada deve ter incremento de 4,0%.

         Para a batata das águas, o restabelecimento do mercado que estava com os preços oscilantes fez com que a estimativa inicial apresentasse significativa elevação na área esta­dual, que poderá atingir 9,3 mil hectares, montante que proporcionará crescimento de 16,4% em relação  à safra anterior.

         As informações sobre a intenção de plantio dessas culturas estão disponibilizadas por Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) na tabela 4 e por Região Administrativa (RA) na tabela 7.

         O segundo levantamento a ser realizado no campo em novembro, referente ao ano agrícola 2013/14, deverá caracterizar melhor o quadro da agricultura paulista, com as primeiras informações de produção e produtividade para as culturas.

 

 

2 - Previsão da Safra Agrícola para Cana-de-açúcar, Cebola e Laranja, que antecede o Final da Safra em Novembro de 2013

         Para a cultura da cana-de-açúcar, os resultados obtidos no levantamento de setembro de 2013 traduzem as ações dos agricultores, relativos aos tratos culturais e investimentos realizados no início da atual safra. As informações indicam a tendência de aumento de 0,7% da produtividade e de 1,5% da produção, mediante a variação de 0,3% da extensão da área cultivada em relação à safra 2011/12. A previsão de produtividade de 79,9 t/ha corresponde à redução de 0,5 t/ha em relação ao que era previsto no inicio da atual safra (Tabela 2).

 

 

         Cabe salientar que os efeitos das medidas anunciadas pelo governo federal, para o setor no início de 2013, como a elevação do percentual de adição de etanol na gasolina e compensações tributárias, causariam um aumento de áreas novas, e consequentemente no mix etanol/açúcar. O que não ocorreu, aguarda-se, então, a tal expansão de área nova  para a  próxima safra. Há ainda expectativas e desdobramentos para a próxima safra que podem contemplar a diversificação e a migração para outras culturas.

         Na cultura da cebola de muda estima-se área plantada de 3,1 mil hectares, montante que equivale ao acréscimo de 4,3% em comparação ao ano anterior, além disso,  a produção tem previsão de atingir 104,2 mil toneladas, ou seja, um aumento de 22,6%, enquanto a produtividade poderá alcançar 33,2 t/ha, mediante um crescimento de  17,4%.

         Para a cebola em plantio direto, verifica-se aumento de 21,0% na área cultivada, bem como no volume a ser produzido de 66,3%, devendo chegar a 121,5 mil toneladas. A produtividade esperada é de 46,9 t/ha, ou seja, 37,4% maior em comparação com a safra de 2012.

         A produção total3 de laranja, do ano safra 2013/14, deve ser menor em São Paulo. A estimativa de setembro está 15,5% menor que a do ano anterior, totalizando 300,3 milhões de caixas de 40,8 quilos da fruta. A área a ser colhida e a área total também diminuíram 8,7% e 10,2%, respectivamente. A produtividade indica decréscimo de 8,3%, devido ao excesso de chuvas no período de crescimento dos frutos, especialmente dos precoces.

         Segundo o levantamento realizado pelo IEA/CATI, o ano de 2013 ainda reflete as perdas no estado em 2012, devido ao fluxo de estoque. Com a dificuldade de comercialização, houve casos de frutas apodrecendo nos pomares. Outro ponto que influenciou negativamente foi a crise no continente europeu e as sanções impostas pelos EUA, ambos grandes mercados consumidores do suco brasileiro. As erradicações de pomares são significativas, reflexo do atual contexto desfavorável da citricultura, em função das consequências negativas do avanço do cancro cítrico e do greening – o HLB. Tais consequências foram mais sentidas no segmento da laranja destinada à indústria de suco. A presença dos frutos remanescentes da safra passada durante a florada atual também contribuiu para a retração atual da produção de 2013/14.

         As informações deste levantamento são provenientes dos dados coletados pelos técnicos da CATI nos 645 municípios paulistas. Se mantidas as proporções do levantamento por amostragem, realizado em junho, estima-se produção comercial da ordem de 285,3 milhões de caixas de 40,8kg, montante que corresponde ao decréscimo de 3,9%.

         Os números do levantamento de setembro de 2013 estão disponibilizados por Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) na tabela 5 e por Região Administrativa (RA) na tabela 8.

 

 

3 - Levantamento Final Safra 2012/13

         Na pesquisa efetuada em setembro foram também obtidos alguns números finais para a safra agrícola 2012/13 (Tabela 3).

         Os dados da estimativa final de feijão de inverno, incluindo o irrigado, apontam redução de 1,2% na área plantada com 31,9 mil hectares, porém a produção obtida de 1,24 milhão de sacas de 60 kg, equivalentes a 74,5 mil toneladas, representa um acréscimo de 7,3% em relação à produção do ano anterior, enquanto a produtividade expressa ganho de 8,6%. O feijão de inverno com cultivo irrigado representa 75,6% da área cultivada e 86,3% da produção paulista, a produtividade foi de 44,4 sc./ha, mediante aumento de 10,7% em relação à safra passada. Já para o feijão sem o uso da tecnologia de irrigação, a área cultivada manteve-se praticamente a mesma, com decréscimo de 0,4%, porém registraram-se perdas de produção de 3,3%, enquanto a produtividade cresceu 2,9%,  garantindo  21,8 sc./ha.

         A área plantada com milho safrinha (segunda safra) encerrou em 330,8 mil hectares, ou seja, 9,6% maior que a obtida na safra passada. Tal fato compensou o decréscimo de 4,1% na produtividade, com 71,6 sc./ha,  em parte devido à geada ocorrida no final de julho em algumas regiões produtoras, induzindo a ganhos  no volume produzido que foi de 23,7 milhões de sacas de 60 kg ou 1,4 milhão de toneladas, montante 5,2% supe­rior ao de 2011/12.

         Para a soja safrinha, os números finais indicam redução de 68,3% da área cultivada em relação à safra 2011/12 e de retração de 73,2% na produção, ou seja, 126,8 mil sacas de 60 kg, por conta da redução de 15,5% na  produtividade, com  35,4 sc./ha.

         Os resultados finais da safra para trigo e triticale confirmam as informações obtidas ao longo do período de desenvolvimento da cultura. A área cultivada de trigo apresentou expansão de 52,4% e a produção aumentou 31,1% em relação à safra anterior.

         O aumento foi reflexo dos preços elevados por ocasião da época de plantio e a perspectiva de manutenção desses patamares por toda a temporada, em função da conjuntura do mercado internacional. Entretanto nem todos os produtores puderam se beneficiar dessa situação por terem suas lavouras atingidas por sucessivas geadas, fato que acarretou perdas de 13,9% na produtividade. No caso do triticale, a área cultivada foi menor porque muitos optaram pelo trigo devido aos preços estimulantes. A queda de área foi de 59,4% e a da produção de 64,1%, pois a produtividade também caiu 11,5% em função das adversidades climáticas.

         A safra de batata de inverno apresentou estimativa de área plantada de 12,7 mil hectares, ou seja, 2,1% superior à estimativa de 2011/12. Os bataticultores paulistas colheram 2,6% menos batata do que na safra passada, atingindo 367,9 mil toneladas, como resultado da queda de 4,6% de produtividade.

         Na bananicultura paulista foram estimadas retrações de área plantada em 1,2% e de 0,8% na área em produção, com volume produzido em 1,19 milhão de tonelada, aumento de 0,5% em relação à safra anterior, decorrente de uma produtividade positiva de 1,2%. O EDR de Registro concentra aproximadamente 70% da produção paulista.

         A safra cafeeira paulista de 2013/14 encerra-se com estimativa de produção total em 4.154 mil sacas de 60 kg de café beneficiado, revelando queda de 22,4% frente ao volume alcançado na safra passada. Dois fatores são os responsáveis pela retração da oferta de café beneficiado no Estado de São Paulo.  A queda na estimativa de produtividade média da ordem de 13,1%, ou seja, das 25,7 sc./ha que foram obtidas em 2012/13 houve recuo para 22,4 sc./ha na presente safra. Ademais, a estimativa de área indica que lavouras foram erradicadas, encolhendo o parque produtivo paulista em 11%. De forma geral, a diminuição observada na produtividade pode ser atribuída às perdas decorrentes da impossibilidade de levantar os grãos derrubados pelas chuvas em regiões com importância na atividade cafeeira. Outro fato é dado pelas baixas cotações que desmotivaram os cafeicultores, adiando o tratamento fitossanitário exigido agronomicamente para o alcance de elevada produtividade (Tabela 3).

 

 

          Os resultados finais da safra 2012/13 de setembro de 2013 estão disponibilizados por Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) na tabela 6 e por Região Administrativa (RA) na tabela 9.

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1Os autores agradecem aos técnicos das Casas de Agricultura o desempenho no levantamento. Também agradecem os comentários dos colegas pesquisadores do IEA e dos técnicos de apoio à pesquisa Getúlio Benjamin da Silva e Talita Tavares Ferreira do CPDIEA, Irene Francisca Lucatto do CAPD e a equipe do Núcleo de Informática do IEA.

2Entende-se por método subjetivo a informação  fornecida pelo técnico da Casa de Agricultura, em função de seu conhecimento regional e/ou da coleta de dados de forma declaratória, fornecida pelo responsável pela unidade de produção.

3Entende-se por produção total o volume a ser produzido na safra 2013/14 comercialmente e produção de pomares não expressivos economicamente e perdas relativas ao processo produtivo e colheita.

Palavras-chave: previsão de safras, estimativas, intenção de plantio, levantamento de safras.


Download das tabelas                                                            


 

Data de Publicação: 05/12/2013

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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