Em termos reais, os preços recebidos pelos produtores paulistas atingiram R$537,00 por tonelada em dezembro de 2013. A partir de então, iniciou-se movimento de queda, atingindo R$126,00/t em julho de 2015 (Figura 1). Conforme levantamento diário de preços efetuado pelo Instituto de Economia Agrícola², em 25 de agosto estavam em R$114,90/t.

Em junho de 2014, plena safra, os preços ainda estavam situados em patamares viáveis, R$244,28, comparativamente ao preço mínimo vigente na safra 2014/15 de R$170,00, relação que pode explicar em parte porque, mesmo nessa trajetória descendente de preços, o 5º Levantamento de Previsão e Estimativas de Safra do Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral mostra expansão de área e produção em 2015, respectivamente de 6,2% e 14,0%. Também se justifica a estimativa de maior produtividade, uma vez que nos dois anos anteriores a mesma foi afetada pela escassez hídrica em São Paulo. Por outro lado, verifica-se queda de 17,0% na área nova, resultado esperado em função dessa trajetória dos preços, e o ciclo relativamente longo da mandioca também protela as reações dos produtores frente às ocorrências do mercado.

O movimento cíclico histórico dos preços da mandioca industrial é um comportamento conhecido no mercado do produto. Entre as causas apontadas frequentemente, encontram-se os períodos de seca na região Nordeste do país e também a concorrência com o milho como fonte de amido. Enquanto a produção nacional de milho evoluiu de 57,4 milhões de toneladas na safra 2010/11 para 84,3 milhões de toneladas na safra 2014/15, a de mandioca caiu de 24,9 milhões de toneladas para 23,1 milhões de toneladas, no mesmo período. Além disso, outro aspecto que precisa ser considerado para se adotar um programa eficiente de governança para a cadeia é que a cultura, comparativamente às concorrentes, tem um nível inferior de mecanização, demandando muita mão de obra, o que é um fator escasso e, portanto, cada vez mais custoso. Outro fator que precisa ser levado em conta é que, pelo mesmo motivo, relativa menor exigência de capital, fica facilitada a entrada eventual de produtores não tradicionais estimulados por conjunturas de preços altos. Também deve ser lembrado o caráter de subsistência que ainda é forte na cultura da mandioca em muitas regiões do país.

A intensificação do fenômeno El Niño, que vem sendo veiculada pela mídia, pode levar ao recrudescimento da seca na região nordestina e imprimir a reversão da atual trajetória dos preços, em decorrência da menor oferta do produto. Mas o setor não pode ficar à mercê desses tipos de eventos. É preciso construir um sistema de governança que dê ênfase ao planejamento da produção, e isso é possível principalmente em regiões onde a atividade se apresenta com caráter predominantemente comercial, como é o caso da cultura no Estado de São Paulo. 

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¹INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOFRAFIA E ESTASTÍSTICA - IBGE. Banco de dados. Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: ago. 2015. 

²INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/bancodedados.html>. Acesso em: ago. 2015. 

Palavras-chave: preços recebidos, mercado de mandioca.