Pólos Regionais: produção e valor da produção agropecuária em 2004

            Estudo recente do Instituto de Economia Agrícola consolidou informações sobre a riqueza gerada pelo setor agrícola do Estado de São Paulo, 'que se destaca das demais Unidades da Federação quanto ao valor da produção agropecuária, não apenas como o detentor da posição de liderança no País, como também aquela que apresenta a maior diversificação de atividades do agronegócio do País'1. O trabalho aponta aumento, em moeda corrente, de 9,69% no valor da produção agropecuária paulista (VPA) de 2004, comparado ao do ano anterior.
            Em termos de geração do valor agropecuário no interior paulista, a participação relativa de cada região no total do VPA, em 2004, mantém-se relativamente constante em relação ao ano anterior, com forte preponderância de geração de VPA estendendo-se do centro ao norte do Estado (tabela 1 e figura1). Para esta avaliação, considerou-sea divisão territorial adotada pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), com os 15 Pólos Regionais de Pesquisa2 e a Sede (APTAs Regionais).

Tabela 1 - Valor da Produção por Pólos de Desenvolvimento Regional, APTA, 2004

PÓLO
2003
2004
Variação(%)
Valor da Produção1
(R$)
Part.
(%)
Valor da Produção1
(R$)
Part.
(%)
2004/2003
Alta Mogiana
2.482.364.342,81
10,06
2.669.144.701,32
9,86
7,52
Centro Norte
2.489.149.753,70
10,09
2.626.611.736,94
9,70
5,52
Centro Leste
2.263.603.270,51
9,17
2.436.848.330,97
9,00
7,65
Centro Oeste
2.060.731.221,05
8,35
2.299.321.418,69
8,49
11,58
Nordeste Paulista
1.744.582.385,78
7,07
2.076.375.085,03
7,67
19,02
Médio Paranapanema
1.879.025.124,37
7,61
2.061.021.039,05
7,61
9,69
Centro Sul
1.819.464.936,39
7,37
1.959.828.602,49
7,24
7,71
Noroeste Paulista
1.726.190.994,00
7,00
1.912.417.085,96
7,07
10,79
Sudoeste Paulista
1.615.049.266,69
6,54
1.743.598.286,37
6,44
7,96
Extremo Oeste
1.424.220.413,23
5,77
1.581.480.935,08
5,84
11,04
Alta Sorocabana
1.159.811.328,27
4,70
1.297.952.960,08
4,80
11,91
Sedes
1.111.696.402,40
4,50
1.225.684.750,86
4,53
10,25
Alta Paulista
1.076.964.297,67
4,36
1.198.937.974,18
4,43
11,33
Leste Paulista
1.026.268.331,45
4,16
1.126.052.453,29
4,16
9,72
Vale do Ribeira
470.460.190,22
1,91
535.449.645,33
1,98
13,81
Vale do Paraíba
327.498.956,76
1,33
317.393.224,46
1,17
-3,09
Total do Estado de São Paulo
24.677.081.215,30
 
27.068.118.230,10
 
9,69

1 Valores correntes.
Fonte: elaborada pelos autores, a partir de dados básicos do IEA.

            Os Pólos da Alta Mogiana, do Centro Norte e do Centro Leste, áreas tradicionalmente geradoras dos maiores VPAs, tiveram no período considerado, comparado ao ano anterior, variação abaixo da média estadual (9,69%). Predominam nessas regiões as culturas da cana-de-açúcar e da laranja (de mesa e para indústria), que representam, respectivamente, a importante parcela de 45,03% e 52,14% do total produzido no Estado ( tabela 2 ).

            No âmbito estadual, foi registrado aumento do VPA de cana-de-açúcar por conta dos acréscimos de preço e de produção entre 2003 e 2004. Para laranja (mesa e indústria), a queda nos preços recebidos pelos produtores não foi compensada pela elevação de produção, o que resultou em VPA menor.
            Em contrapartida, destacam-se tanto a significativa variação positiva ocorrida no VPA no Pólo Nordeste Paulista (19,02%), quase 10 pontos percentuais acima da média estadual, quanto o decréscimo no Pólo Vale do Paraíba (3,09%).
            O Pólo Nordeste Paulista sofreu alteração do posicionamento relativo frente aos demais, suplantando os Pólos do Médio Paranapanema e do Centro Sul, no total de VPA gerado em 2004. A elevação no VPA deste Pólo pode ser explicada pelo incremento das produções da laranja para indústria (48,84%) e, principalmente, do café (112,17%), cujos preços médios foram 18,62% superiores aos praticados em 2003.
            O VPA do café alcançou aumento de cerca de 152,00%, passando a representar 14,60% do total gerado na região, ante 6,91% no ano anterior. O volume produzido representa quase 40% da produção estadual, cujos municípios de maior expressão são Pedregulho, Caconde, Cristais Paulista, Altinópolis, Ribeirão Corrente e Franca. Além do café, esta região produz 67,51% da cebola e 29,11% da batata do Estado.
            O Pólo do Vale do Paraíba, por sua vez, apresenta um histórico de atividade agropecuária decadente. As principais atividades regionais totalizam um VPA (1,17%) pouco significativo, em relação ao total do Estado, e no período 2003/04 todas as atividades importantes tiveram redução de produção. O caso mais expressivo é o do leite B, com decréscimo na participação estadual de 26,91% para 18,58%. O arroz em casca, por sua vez, apesar da redução contínua, ainda representa cerca de 50% da produção total do Estado, embora participe com apenas 10,76% do valor da produção regional.
            Há forte predominância da cana-de-açúcar, da laranja e da carne bovina na geração do VPA nos Pólos Regionais, que, isoladamente ou agregadas a outras atividades agrícolas, representam 50% ou mais da participação estadual.
            As regiões da Alta Mogiana e do Centro Leste (cana-de-açúcar), Alta Sorocabana (carne bovina) e Vale do Ribeira (banana) caracterizam-se por apresentar marcante concentração em uma única atividade agrícola.
            Em outras áreas, a cana-de-açúcar assume importância, embora outras atividades tenham peso significativo na composição do total de VPA regional. Exemplos: a laranja no Centro Norte; a carne bovina no Centro Oeste e no Extremo Oeste; a carne de frango no Centro Sul; a soja e a carne bovina no Médio Paranapanema; e a carne bovina e o leite C no Noroeste Paulista.
            O mesmo ocorre com a carne bovina, que tem peso considerável no VPA regional, em composição com a produção de ovos na Alta Paulista e de leite C no Vale do Paraíba.
            Por outro lado, há regiões que se caracterizam pela maior diversificação de atividades, como o Leste Paulista (carne de frango, laranja, café, cana-de-açúcar e carne bovina), o Sudoeste Paulista (carne bovina, batata, milho e feijão) e o Nordeste Paulista (cana-de-açúcar, café, carne de frango e carne bovina). Essas áreas apresentam, de forma geral, relevo acidentado, com forte presença de agricultura com gestão familiar, principalmente na produção de alimentos.
            Um rápido panorama do cenário de distribuição da geração do VPA nos Pólos Regionais mostra que há diferenças na composição de atividades que irão influenciar na determinação da dinâmica econômica e social da região.3

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1TSUNECHIRO A. et al. Valor da produção agropecuária do Estado de São Paulo em 2004. Informações Econômicas, São Paulo, v.35, n.4, p.61-71, abr.2005.
2 Os Pólos Regionais Agrícolas são vinculados ao Departamento de Descentralização do Desenvolvimento - DDD (www.aptaregional.sp.gov.br) que compõem a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
3 Artigo registrado no CCTC-IEA sob número HP-54/2005

Data de Publicação: 16/06/2005

Autor(es): Malimiria Norico Otani (maliotani@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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