Segunda Estimativa de Oferta e Demanda de Milho no Estado de São Paulo em 2011

 



            A produção da primeira safra de milho no Brasil está praticamente consolidada, com a colheita estimada de 35,0 milhões de toneladas, segundo o nono levantamento da safra 2010/11 da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), de junho de 2011. Esta produção é 2,8% maior que a de 2009/10, graças ao aumento da produtividade, de 3,7%, compensando a queda de 0,9% da área plantada. Para o Estado de São Paulo, a CONAB estima uma produção na primeira safra de 3.322 mil toneladas, com queda de 4,3%, devido à retração da área, de 6,5%. A produtividade média, de 5.942 kg/ha, cresce 2,4%, mas não compensa a diminuição da área.
 

            Na segunda safra (safrinha) de milho no Brasil, a CONAB prevê um aumento de 8,8% da área plantada e uma queda da produção de 1,1%, passando de 21,9 milhões de toneladas em 2009/10 para 21,7 milhões de toneladas em 2010/11. Esta diminuição da produção se deve às condições climáticas desfavoráveis durante as fases de semeadura e de desenvolvimento vegetativo nas principais regiões produtoras do país, afetando a produtividade da cultura. Para São Paulo, a Companhia prevê produção de 1.075 mil toneladas, praticamente a mesma de 2009/10, com a queda da produtividade (5,3%) neutralizando o aumento da área (6,0%). Estas estimativas são baseadas em levantamento realizado na segunda quinzena de maio de 2011. Com a ocorrência de fortes geadas nos dias 27 e 28 de junho, atingindo as lavouras de milho safrinha do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, pode-se prever queda significativa da produção nesta segunda safra.
 

            A segunda estimativa de oferta e demanda de milho no Estado de São Paulo para 2011 da Câmara Setorial de Milho, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), elaborada com base em discussão realizada pelos membros do colegiado em reunião de 28 de junho de 2011, indica, em linhas gerais, que a produção do cereal cai menos e o consumo cresce menos que a previsão da reunião de março de 2011.
 

            Prevê-se neste levantamento que a produção da primeira safra (verão) 2010/11 decresça 3,1% em relação à do ano anterior, em função da retração da área (5,2%), que não foi compensada pelo aumento da produtividade (2,3%). Estima-se, neste levantamento, a mesma produção de milho safrinha da safra 2009/10, porquanto o crescimento da área plantada (de 9,2%) não será suficiente para o aumento da colheita, tendo em vista a ocorrência de geadas em junho de 2011, conforme citado anteriormente, o que afetará seriamente a produtividade da cultura. Estima-se, preliminarmente, uma queda de 8,5% na produtividade média da safrinha paulista, constatada no levantamento de abril, da SAA. Os levantamentos de junho, da SAA, e de julho, da CONAB, poderão fornecer dados sobre os prejuízos causados pelas geadas, fenômenos climáticos que ainda poderão ocorrer até o final da safra.
 

            A disponibilidade interna de milho no Estado de São Paulo sobe um pouco em relação à previsão de março de 2011, ou seja, cai menos (1,5%) em 2011, com a revisão (para mais) da produção da primeira safra (3.258,9 mil toneladas) em relação à estimativa anterior (3.177,4 mil toneladas) (Tabela 1).
 
 

Tabela 1 - Oferta e Demanda de Milho, Estado de São Paulo, 2009 a 20111
(em t)

Especificação

2009

(b)

2010

(c)

Var. (%) 

(c/b)

20112

(c)

Var. (%) 

(c/b)

 

Estoque inicial

517.100

586.900

13,5

613.200

4,5

 

Produção

4.183.500

4.404.400

5,3

4.301.000

-2,3

 

Primeira safra (verão)

3.380.100

3.362.300

-0,5

3.258.900

-3,1

 

Segunda safra (safrinha)

803.400

1.042.100

29,7

1.042.100

0,0

 

Disponibilidade interna

4.700.600

4.991.300

6,2

4.914.200

-1,5

 

Importação

3.789.800

3.855.000

1,7

4.215.100

9,3

 

Oferta total

8.490.400

8.846.300

4,2

9.129.300

3,2

 

Consumo

7.816.500

8.162.8005

4,4

8.426.200

3,2

 

Animal

5.990.500

6.290.1005

5,0

6.514.400

3,6

 

Avicultura de corte

2.721.200

2.857.000

5,0

2.999.800

5,0

 

Avicultura de postura

1.008.400

1.089.000

8,0

1.089.000

0,0

 

Suinocultura

861.400

900.200

4,5

918.200

2,0

 

Pecuária leiteira

358.800

369.600

3,0

388.000

5,0

 

Pecuária de corte

196.700

196.700

0,0

206.500

5,0

 

Outros animais

844.000

877.800

4,0

912.900

4,0

 

Industrial

1.150.000

1.200.000

4,3

1.260.000

5,0

 

Não comercial3

676.000

672.500

-0,5

651.800

-3,1

 

Exportação

27.900

9.800

-64,9

4.900

-50,0

 

Sementes e perdas

59.100

60.500

2,4

59.200

-2,1

 

Demanda total

7.903.500

8.233.100

4,2

8.490.300

3,1

 

Estoque final4

586.900

613.200

4,5

639.000

4,2

 
1Segunda estimativa para 2011, aprovada em reunião de 28/06/11.
2Ano-safra 2010/11: 1o/01/11 a 31/12/11.
3Estimado em 20% da produção da primeira safra.
4Estimado em 30 dias de consumo comercial.
5Dado retificado.
Fonte: Câmara Setorial de Milho, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.



            A demanda de milho para consumo interno no Brasil (48,1 milhões de toneladas) deverá crescer 3,7% em 2011, conforme a CONAB. Mas a previsão de exportação em 2011, que teve 8,0 milhões de toneladas, é de queda de 25,9%, de acordo com o levantamento da Companhia em junho de 2011.
 

            No Estado de São Paulo, a demanda total deverá crescer um pouco menos que a previsão de março, dada a revisão para baixo da variação da estimativa de consumo dos segmentos da suinocultura (de 5,0% para 2,0%) e da pecuária de corte (de 10,0% para 5,0%). A previsão de consumo dos demais segmentos não foi alterada.
 

            Nos cinco primeiros meses deste ano, as relações de troca dos segmentos da produção animal com o milho pioraram em relação ao mesmo período de 2010, ou seja, os aumentos acentuados dos preços do cereal em 2011 deterioraram significativamente a rentabilidade das criações de animais, dado o elevado peso das rações nos seus custos de produção. Em termos relativos, a suinocultura foi o segmento mais prejudicado, com diminuição de 42% na relação de preços suíno-milho no período.
 

            Com a previsão de menor queda da disponibilidade interna e do incremento proporcionalmente menor do consumo e do estoque final em 2011, o volume de milho importado de outras regiões cresce menos (9,3%) que o previsto anteriormente (12,3%).
 
 

Palavras-chave: câmara setorial, consumo, demanda, milho, oferta, produção.

 

 

Data de Publicação: 13/07/2011

Autor(es): Alfredo Tsunechiro (tsunechiro@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor
Maximiliano Miura (maximiliano.miura@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor