AGRICULTURA FAMILIAR NA CITRICULTURA PAULISTA: A RECONSTITUIÇÃO DA TRAJETÓRIA DE UM CONCEITO

Resumo: O objetivo deste artigo é de mostrar como as análises baseadas em determinantes estruturais vão se mostrando insuficientes para analisar formas complexas da agricultura familiar. Destaca-se a importância de considerar: 1) a análise dos "determinantes" provindos do contexto sócio-econômico mais geral em que se dá determinada organização da produção (perfil e organização do mercado de trabalho regional, disponibilidade de mão-de-obra abundante e barata, podendo significar alternativa em relação ao trabalho familiar). Estes "determinantes" levariam a reorientações no padrão de integração estrutural do sistema produtivo através de modificações na relação da família com a propriedade, resultantes das alterações no uso da terra, do trabalho e das técnicas de produção; 2) a análise dos "determinantes" das afiliações socioculturais e projetos destes produtores em casos específicos, por incidirem sobre decisões e estratégias do produtor (desde questões relativas a prestígio social até questões sobre a natureza corporativista do engajamento dos produtores nos conflitos setoriais). Estes "determinantes" trazem reorientações nas formas de articulação às alternativas de comercialização da produção agrícola que levam a posições diferenciadas no mercado segundo critérios não-estruturais (incidentes nos processos de natureza identitária). Assim, formas complexas de agricultura familiar, como é o caso encontrado na citricultura, só podem ser apreendidas através da investigação dos processos socioculturais de validação de classificações autoreferendadas (princípios de identidade-identificação) em um contexto de desigualdades sociais.

Artigo apresentado no XLIII Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural - SOBER, em Ribeirão Preto-SP, no período de 24 a 17 de julho de 2005.

Data de Publicação: 03/08/2005

Autor(es): Marie Anne Najm Chalita (mariechalita@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor