Fertilizantes: Mercado Em Alta

            No Brasil, no período de janeiro a julho de 2000, as entregas de fertilizantes no País totalizaram 6,864 milhões de toneladas de produto, com acréscimo de 50,0% em relação à igual período do ano anterior e de 17,5% superior ao desempenho do mesmo período de 1998, em que o comportamento do mercado foi considerado normal. Ressalte-se que 1999 foi um ano atípico, tendo em vista a desvalorização cambial que afetou a demanda desse insumo devido à elevação nos preços pagos pelos agricultores, em decorrência da forte dependência das importações de produtos intermediários e matérias-primas.
            De acordo com o critério de regionalização do Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas, no Estado de São Paulo (SIACESP), observou-se, nos sete primeiros meses de 2000, em relação ao mesmo período de 1999, aumento nas entregas de fertilizantes ao consumidor final em todas as Regiões: Centro de 50,4%, Sul de 51,8%; Nordeste de 46,5%; e Norte de 57,0%. Constatando-se incremento nas vendas em todos os estados brasileiros, com exceção do Ceará e Sergipe (os quais têm pouca expressão no consumo). No caso específico de São Paulo, as entregas foram superiores 30,2%. Esse Estado, que vinha liderando as vendas nos últimos anos, nesse período foi superado pelo Paraná, que absorveu maior quantidade das entregas de fertilizantes, ou seja, 1,312 milhão de toneladas de produto, representando 19,1% do total. Esse desempenho deve-se à antecipação das vendas do insumo para soja paranaense estar bem adiantada. São Paulo aparece em segundo lugar, com 1,293 milhão de toneladas de produto (18,8 %); seguido de Mato Grosso, 828 mil toneladas (12,1%); Minas Gerais, 816 mil toneladas (11,9%); Rio Grande do Sul, 708 mil toneladas (10,3%); Góias, 539 mil toneladas (7,8%); e Bahia, 339 mil toneladas (4,9%).
            Os principais fatores que colaboraram para o acréscimo da demanda foram: relações de troca mais favoráveis para importantes produtos consumidores de fertilizantes, como soja, milho e algodão. Ademais a cultura da cana-de-açúcar aumentou os níveis de adubação e de renovação de área com canaviais após a recuperação dos mercados do açúcar e do álcool; crescimento em 2000 na área plantada da 2a safra de milho no Brasil de 7,9%, em relação à safra 1999, de acordo com o quinto levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB); e, finalmente, a antecipação de compra de fertilizantes para a safra 2000/01 pelos produtores, principalmente de soja, possibilitando a obtenção de melhores preços e contribuindo para amenizar a tradicional sazonalidade do setor.
            Nos Estados de Mato Grosso e Goiás as compras estão bastante adiantadas registrando-se aumento nas entregas de 76,8% e 64,4%, respectivamente, em relação ao ano precedente. Ressalte-se que na safra 1999/2000, Mato Grosso ocupou o primeiro lugar na produção de soja e algodão, apresentando as maiores produtividades médias do País, tendo em vista, principalmente, a utilização de tecnologias e as condições privilegiadas de clima, segundo a CONAB.
            A expansão da demanda alavancou a produção da indústria nacional de produtos intermediários para fertilizantes com aumento de 14,8% no referido período, sendo produzidas 4,2 milhões de toneladas de produto, com incremento na produção, em termos de nutrientes, dos fertilizantes fosfatados (17,4%) e potássicos (10,1%). Também aumentaram as importações brasileiras de fertilizantes, no período de janeiro a julho de 2000, em 50,6% em relação ao ano anterior, perfazendo 4,1 milhões de toneladas de produto. O cloreto de potássio foi o principal produto importado, respondendo por 41,2% dessas importações, seguido do sulfato de amônio (18,3%), fosfato mono-amônio- MAP (13,6%) e úreia (9,1%).
            Em julho de 2000, no mercado internacional, os preços dos principais fertilizantes fosfatados (como o superfosfato triplo e fosfato di-amônio - DAP) mostraram-se decrescentes em relação ao mesmo mês de 1999. No caso dos nitrogenados, a úreia e o sulfato de amônio apresentaram aumento em suas cotações em diversas regiões do mundo, como, por exemplo, a úreia que passou de US$83-86/t FOB para US$154-160/t nos Estados Unidos (Golfo), no referido período. Os preços dos potássicos ficaram estáveis. O cloreto de potássio, em julho de 2000, no Canadá foi cotado em US$127-138/t FOB-Vancouver (granulado), a granel.
            A previsão do setor de fertilizantes para 2000 é de aumento nas entregas ao consumidor final no Brasil situando-se, em termos de produto, em torno de 15,5 milhões de toneladas contra 13,69 milhões de toneladas em 1999 e 14,67 milhões de toneladas em 1998, tendo em vista principalmente os bons preços de milho e algodão, boas condições creditícias e maior consumo na cana-de-açúcar, especialmente no Estado de São Paulo.
 
 

Data de Publicação: 01/08/2000

Autor(es): Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Roberto de Assumpçao (rassumpçao@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor