Mercado De Máquinas Agrícolas Automotrizes: Mantêm-se As Expectativas De Crescimento Do Segmento

            O segmento de máquinas agrícolas automotrizes encerra o primeiro semestre de 2001 com crescimento de 18% nas vendas, totalizando 12.983 máquinas comercializadas (dados obtidos junto a importante fabricante). Analisando os dados divulgados pela ANFAVEA, disponíveis para o período janeiro a maio, pode-se observar expansão em 38,6% da produção total; 21,4% nas vendas no mercado interno; e 84,1% nas exportações. Levando-se em conta o conjunto das máquinas agrícolas, o total das vendas atingiu aumento de 31,3% (Tabela1).
 
TABELA 1 – Produção, Vendas e Exportação de Máquinas Agrícolas Automotrizes1, Brasil, 2000 e 2001
(em unidade)


 

Item
Janeiro a maio
(b/a-1)*100
2000 (a)
2001 (b)
Trator de roda
Produção
8.656 
12.510 
44,5
Vendas no mercado interno
7.216 
9.282 
28,6
Exportação
1.157 
2.390 
106,6
Total das vendas
8.373 
11.672 
39,4
Colhedoras
Produção
1.838 
2.340 
27,3
Vendas no mercado interno
1.678 
1.598 
-4,8
Exportação
265 
637 
140,4
Total das vendas
1.943 
2.235 
15,0
Total Máquinas agrícolas1
Produção
12.044 
16.692 
38,6
Vendas no mercado interno
10.034 
12.184 
21,4
Exportação
1.883 
3.467 
84,1
Total das vendas
11.917 
15.651 
31,3

                   1Inclui cultivador motorizado, trator de esteira, trator de roda, colhedora e retroescavadeira.
                   Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA).

            A expansão total nas vendas de tratores de rodas decorre do aumento nas vendas no mercado interno e das exportações, com 28,6% e 106,6% respectivamente. Os 11.672 tratores comercializados (9.282 no mercado interno e 2.390 exportados) correspondem a mais de 74% do total do mercado. O auspicioso desempenho dessas exportações não deve ser creditado exclusivamente ao impacto da desvalorização do real nesse primeiro semestre, mas, também, ao exaustivo trabalho de desenvolvimento de produtos, marketing, distribuição, logística e assistência técnica. Esse conjunto de ações complementam positivamente os efeitos da desvalorização cambial favoráveis as exportações. Em 2000, o faturamento com as exportações de máquinas agrícolas automotrizes somou US$ 471 milhões, devendo superar os US$ 500 milhões em 2001. Com esses resultados, o segmento caminha rapidamente para ser um dos mais importantes na pauta de exportações brasileiras.
            No mercado de colhedoras também houve elevada ampliação na produção (27,3%), embora de menor expressão quando comparada ao ocorrido no mercado de tratores, observando-se, inclusive, redução nas vendas destinadas ao mercado interno frente ao mesmo período de 2000 (-4,8%). Novamente as exportações surpreenderam, com vendas de 637 colhedoras entre janeiro e maio de 2001, frente as 265 exportadas em 2000.
            Quanto ao mercado interno, o programa de financiamento para renovação do parque de máquinas agrícolas automotrizes, denominado MODERFROTA, tem papel decisivo na ampliação da comercialização desses equipamentos. O recente anúncio do plano de safra 2001/02 prevê acréscimo de R$ 900 milhões para essa linha de financiamento (atingindo cerca de R$ 1,74 bilhão), permitindo que seja atendida toda a demanda de agricultores empresariais por máquinas.
            Apesar da concentração em poucos fabricantes, o segmento de máquinas agrícolas é bastante competitivo. A histórica liderança de produção e vendas da AGCO do Brasil foi deslocada pela ascensão da New Holland ao primeiro lugar nas vendas de tratores, no acumulado de janeiro a maio. A internacionalização da SLC através da compra pela John Deere e a modernização da Valtra do Brasil (fabricante dos tratores Valmet) tendem a aumentar ainda mais a competição. Nas vendas de colhedoras, os equipamentos New Holland também são os mais vendidos nos últimos quatro anos, enquanto as colhedoras John Deere são as preferidas no mercado externo.
            Estimativa efetuada por liderança aponta para manutenção de crescimento positivo para 2001, de pelo menos 10% do mercado, através da comercialização de 34.000 máquinas agrícolas automotrizes. As culturas da soja, algodão, cana-de-açúcar, citrus, arroz e milho encontram-se aquecidas, tanto por estímulos de preços sinalizados pelo mercado internacional como por favorecimento financeiro concedido pelo último plano de safra (no caso das culturas de exportação). Mesmo na cafeicultura, que encontra-se em fase de ciclo de baixa de preços, os esforços para incrementar a competitividade na produção têm incluído a aquisição de colhedoras automotrizes.

Administrando a crise energética

            Alguns dos fabricantes de máquinas agrícolas encontram-se instalados na Região Sul (fora do racionamento). Outros fabricantes, obrigados a economizar 15% em seu consumo, lançam mão de estratégias como a instalação de geradores para abastecimento complementar e a terceirização da fabricação de peças e componentes. Com tais medidas, possivelmente o segmento conseguirá administrar a questão da crise energética, mesmo mantendo a mencionada expansão da produção e vendas do segmento.
 

1 Convênio IEA-APTA e DESR-ESALQ/USP.


 

Data de Publicação: 16/07/2001

Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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