Calcário Agrícola: Aumentam As Vendas Para A Cana-de-açúcar

            As indústrias paulistas iniciaram 2000 com uma boa comercialização de calcário agrícola. Entre janeiro e maio de 2000, o consumo no Estado de São Paulo somou 756,2 mil toneladas, com aumento de 23,1% face as 614,0 mil toneladas consumidas no mesmo período do ano anterior, segundo o Sindicato das Indústrias de Calcário e Derivados para Uso Agrícola do Estado de São Paulo (SINDICAL), tendo em vista especialmente o melhor desempenho do setor sucroalcooleiro em relação a 1999, que incentivou as usinas a utilizarem mais calcário na cana-de-açúcar, aliado ao aumento na renovação da área dessa cultura. Em contrapartida, as vendas para a citricultura paulista, outro grande mercado consumidor no Estado, apresentaram retração nas vendas em função da relação de troca desfavorável produto/insumo, ocasionada pela queda dos preços recebidos pelos produtores. O consumo paulista mensal de calcário mantém a típica sazonalidade observada nesse mercado, com maiores volumes entregues entre junho e outubro (Figura 1).


            Os preços médios de calcário (FOB - posto fábrica) pagos pelos agricultores no Estado de São Paulo, em maio de 2000, situaram-se em R$11,78/t (considerando o volume global comercializado no Estado). Levando-se em conta apenas as vendas da indústria paulista, responsável por cerca de 76,6% da comercialização, o preço médio foi de R$12,39/t. O custo de transporte do calcário, principal item no preço final desse insumo, chegando em muitos casos a superar seu próprio valor, será encarecido ainda mais a partir de julho de 2000 com os aumentos dos preços dos pedágios nas estradas paulistas.
            A quantidade comercializada de calcário pela indústria no próprio Rio Grande do Sul, o terceiro maior Estado consumidor desse insumo, nos cinco primeiros meses de 2000, totalizou 600 mil toneladas, praticamente o mesmo nível de igual período do ano anterior (decréscimo de 1,4%), segundo estimativas do Sindicato da Indústria e da Extração de Mármore, Calcário e Pedreiras no Estado do Rio Grande do Sul (SINDICALC).
            O Governo Federal, em junho, anunciou o Plano de Safra 2000/2001, que destinará recursos da ordem de R$11,3 bilhões para o financiamento de custeio, comercialização e investimento. O Programa de Incentivo ao Uso de Corretivos de Solo (PROSOLO) contará com recursos de R$300 milhões, devendo ser prorrogado provavelmente até junho de 2001. Este programa foi instituído pelo Banco Central do Brasil (Resolução no 2.534, de agosto de 1998), com a administração direta do BNDES/FINAME, sendo operacionalizado pelos agentes financeiros públicos e privados, com prazo de pagamento de cinco anos (dois de carência), taxa de juros de 8,75% a.a. e limite de R$40mil por produtor/ano.
            De 1999 até maio de 2000, o total de recursos liberado somou R$106,7 milhões, realizando 5.113 operações e atendendo 7.899 mutuários. Entre os bancos credenciados, o BANESPA foi um dos que mais promoveu essa linha de crédito contratando 633 operações que somaram R$14,4 milhões até março de 2000. Essa baixa liberação de recursos pode ser explicada por problemas de endividamento do setor agrícola aliada às exigências de garantias no crédito bancário. Ademais, poucos agentes financeiros apoiaram o programa, em parte, devido ao baixo spread e retorno mais demorado do que outros negócios, como o financiamento para custeio.
            Em 2000, o setor de calcário agrícola para o Estado de São Paulo prevê que o consumo aumente entre 10% e 20% em relação ao ano anterior, considerando-se, principalmente, o aquecimento do mercado para a cana-de-açúcar. Em nível nacional, as perspectivas também são favoráveis, com probabilidade de crescimento de 10% a 15% em relação ao ano anterior, em função dos bons preços para vários produtos agrícolas, especialmente soja, milho e algodão, além do açúcar e do álcool.
 
 

A ORIGEM DO CALCÁRIO CONSUMIDO NO BRASIL

O calcário agrícola é um dos recursos minerais brasileiros que não necessita ser importado, tendo em vista abundantes reservas já conhecidas e novas que aparecem à medida que se exploram os solos brasileiros. Assim, ao contrário do observado na maioria dos insumos agrícolas (fertilizantes e defensivos agrícolas), a desvalorização do real não provocou grande efeito sobre os preços do setor. Entretanto, ao longo do ano, as empresas tiveram aumento na planilha de custo de extração e de moagem, principalmente com impostos e energia.

Data de Publicação: 04/07/2000

Autor(es): Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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