Preços Agropecuários sobem 2,79% na segunda quadrissemana de Março

 

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 aumentou 2,79% na segunda quadrissemana de março, 0,26 pontos percentuais acima da 1ª. quadrissemana. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) registrou alta de 2,77% e o IqPR-A (produtos de origem animal) de 2,84% (Tabela 1). 
 

Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, segunda de março de 2011

 

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Fonte: Instituto de Economia Agrícola.

 

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice devido a sua importância na ponderação dos produtos, o IqPR se eleva para 3,51% e o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) sobe para 4,15% (Tabela 1).

 

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, na Segunda Quadrissemana de Março de 2011.

 

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

 

            Os produtos do IqPR que registraram maiores altas na segunda quadrissemana de março, em comparação com o período anterior foram: laranja para mesa (18,49%), tomate para mesa (17,64%), café (14,03%), ovos (13,26%), carne de frango (7,28%), milho (4,58%) e feijão (3,20%) (Tabela 2). 
  
  
            Os preços da laranja de mesa refletem o impacto da demanda típica do verão sobre o consumo de sucos naturais, numa realidade de ocorrência da pressão da entressafra “fisiológica da planta” ofertando menor quantidade de frutas, quando a oferta está dada e dimensionada como safra de menor oferta.

  
            No caso do tomate, numa situação de demanda aquecida e safra menor, as chuvas continuadas geraram perdas de colheita, com impacto conjuntural no abastecimento do produto, elevando expressivamente os preços. 
 

            Para o café, os preços desta commodity se elevam devido às pressões da demanda internacional e aos menores estoques mundiais. No mercado interno cresceu de forma importante o consumo de café, inclusive de cafés de melhor qualidade, com impacto nos preços. 
 

            Na produção de ovos verifica-se a menor oferta num ajuste desproporcional em decorrência da conjuntura anterior de preços baixos associada à pressão de demanda, da agroindústria de massas alimentícias e de panificação, por conta da proximidade da páscoa, quando há um incremento do consumo desse produto.

            O preço da carne de frango sofreu os impactos dos aumentos das exportações e das pressões da demanda interna, tendo em vista que a enorme oferta de produto manteve os preços sob algum controle na passagem do ano e, agora, a não renovação dos plantéis no mesmo ritmo reverte a tendência de preços. 
 

            O milho começa a refletir as pressões oriundas do mercado internacional e a demanda interna crescente com o crescimento da economia, em especial no segundo semestre do ano passado em diante. 
 

            O feijão mostra a reversão da tendência de queda, passando a incorporar-se ao movimento convergente de alta dos preços agropecuários, dado que passou a conjuntura de oferta excedente de janeiro/fevereiro com preços muito abaixo dos custos de produção, desestimulando plantios nas safras complementares seguintes como a da seca. A gangorra de preços alavanca a subida. 
 

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços na segunda quadrissemana de março foram: banana (23,91%), amendoim (15,39%), carne suína (13,59%), arroz (3,29%) e leite tipo C (2,41%) (Tabela 2). 
 

            No caso da banana, o clima quente e chuvoso acelera a oferta ao mesmo tempo em que os consumidores passam a preferir as frutas de geladeira, também com oferta abundante e diversificada no verão, provocando a redução do preço do produto. 
 

            Para o amendoim, a entrada da colheita da safra das águas produziu recuo conjuntural dos preços num período em que as pressões pelas compras pelas agroindústrias de confeitaria levaram a preços em queda. 
 

            A queda de preços da carne suína é influenciada pelo incremento da oferta, pois além da mercadoria de produção local, há boas disponibilidades de produto oriundo de outros estados. 
 

            No arroz, a colheita da safra brasileira, com entrada de maior volume de produto indica o começo de ciclo de queda dos preços dos produtos cuja importação vem sendo barateada pela valorização cambial e oferta significativa do mercado internacional. 
 

            O leite C revela a significativa pressão de oferta nos meses de pastagens verdejantes e nutritivas, mas numa tendência que deve ser revertida em pouco tempo à frente quando mais se adentra no outono e aproxima-se do inverno


  

Figura 1 – Evolução da variação dos índices quadrissemanais de preços agropecuários, 1ª quadrissemana de outubro de 2010 à 2ª quadrissemana de março de 2011.

 

 

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).


            Na segunda quadrissemana de março de 2011, 10 produtos apresentaram alta de preços (7 de origem vegetal e 3 de origem animal) e 8 apresentaram queda (5 de origem vegetal e 3 de origem animal).

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 ¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no  Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a  referência = 15/02/2011 a 15/03/2011 e base = 16/01/2011 a 14/02/2011. 
  
 ²Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em  2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto

 

                                                                                                                                       

Data de Publicação: 21/03/2011

Autor(es): Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
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