Preços Agropecuários com alta de 0,51% no encerramento do mês de Outubro

                O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 encerrou o mês de outubro de 2011 em alta de 0,51%. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal) registraram variações positivas, respectivas de 0,47% e 0,63% (Tabela 1).

Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Outubro de 2011 e Acumulado nos Últimos 12 Meses.



 
 

Índice Acumulado

São Paulo

São Paulo - sem cana

Variação mensal Outubro/11

Acumulada 

12 meses

Variação mensal Outubro/11

Acumulada 

12 meses

IqPR

0,51% 

17,12%

0,24%

-0,80%

IqPR-V

0,47%

20,92%

-0,15%

-8,70%

IqPR-A

0,63%

5,60%

?

?

Fonte: Instituto de Economia Agrícola

                Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice (devido a sua importância na ponderação dos produtos), os índices fecham o mês de outubro com variação positiva para o IqPR em 0,24% e variação negativa para o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) de 0,15% (Tabela 1).
 

                Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas no mês de outubro foram: batata (41,46%), carne suína (9,40%), amendoim (7,80%), leite C (4,72%) e tomate para mesa (3,14%) (Tabela 2).
 


Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Outubro de 2011.

Origem

Produto

Unidade

Cotações (R$)

Variação mensal (%)

Variação Out/11-Out/10 (%)

Setembro/11

Outubro/11

VEGETAL

Algodão

15 kg

59,58
59,18
- 0,67 
-19,25

Amendoim

sc.25 kg

32,09
34,59
7,80 
1,30

Arroz

sc.60 kg

28,70
28,46
- 0,83 
-18,39

Banana nanica

cx.21 kg

14,44
14,85
2,80 
6,52

Batata

sc.60 kg

18,55
26,24
41,46 
-14,10

Café

sc.60 kg

496,65
477,22
- 3,91 
55,61

Cana-de-açúcar 

kg de ATR

0,4942
0,4983
0,83 
41,40

Feijão

sc.60 kg

102,99
99,33
- 3,56 
-29,34

Laranja p/ Indústria

cx.40,8 kg

8,80
8,40
- 4,57 
-43,13

Laranja p/ Mesa 

cx.40,8 kg

11,13
10,02
- 9,95 
-48,31

Milho

sc.60 kg

26,30
26,34
0,15 
29,91

Soja

sc.60 kg

44,01
43,05
- 2,19 
2,96

Tomate p/ Mesa

cx.22 kg

29,61
30,54
3,14 
91,19

Trigo

sc.60 kg

27,55
27,39
- 0,58 
-5,15

ANIMAL

Carne Bovina

15 kg

95,89
96,47
0,60 
-0,91

Carne de Frango

Kg

1,97
1,97
0,24 
7,02

Carne Suína

15 kg

47,47
51,93
9,40 
-14,57

Leite B

Litro

0,94
0,95
1,11 
14,45

Leite C

Litro

0,84
0,88
4,72 
18,00

Ovos

30 dz

44,10
42,16
- 4,39 
16,63
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).


 

            No caso da batata, o final da safra de inverno reduziu a oferta e aumentou o preço recebido pelos produtores - revertendo a realidade de preços cadentes de meses anteriores - num processo de recuperação expressiva na gangorra de preços deste perecível.
 

            Para a carne suína, os preços subiram pela pressão da demanda associada a um novo alento nas exportações do produto, numa realidade de capacidade de oferta dada, ou seja, sem perspectiva de alteração no curto prazo.
 

            No amendoim, os preços elevados em pleno plantio refletem a escassez relativa do produto neste período do ano, numa tendência que será estendida até o prenúncio da próxima colheita.
 

            Para o leite ("C" e "B"), as condições climáticas e o atraso das chuvas que diminuíram a qualidade e a capacidade de suporte das pastagens levaram à menor oferta do produto e majoração das cotações. Isto ocorreu em maior intensidade para o "C", que é mais dependente das pastagens, pois o "B" utiliza mais de rações na alimentação dos animais. As recentes chuvas ainda não estão refletidas em alteração dessas condições.
 

            No caso do tomate se aplica o mesmo raciocínio da outra solanácea, a batata. Ou seja, preços em elevação devido a dificuldades da colheita face às chuvas e proximidade da finalização do atual ciclo produtivo.
 

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços neste mês foram: laranja para mesa (9,95%), laranja para indústria (4,57%), ovos (4,39%), café (3,91%) e feijão (3,56%) (Tabela 2).
 

           Nas laranjas nota-se a clássica diferenciação entre mercados com contratos e sem contratos, com a queda maior da laranja para mesa vendida sem contrato em relação à laranja para indústria. Em geral, a queda dos preços decorre da magnitude da safra colhida, com as agroindústrias operando em plena colheita no limite da sua capacidade de moagem e numa realidade de demanda interna plenamente abastecida.
 

            Nos ovos, o incremento substancial da oferta nas últimas semanas (que finalizou o ciclo de alta dos preços) abriu espaço para o reposicionamento das cotações internas, levando a recuo das cotações.
 

            No café ocorre uma acomodação dos preços internacionais com reflexos no mercado interno, contudo sem uma indicação nítida de tendência.
 

           No feijão, a entrada em maiores volumes da safra de inverno, em conjunto com produtos do plantio irrigado "do cedo", reduziram o preço médio recebido pelos produtores de feijão.
 

            Em resumo, em outubro, 11 produtos apresentaram alta de preços (6 vegetais e 5 de origem animal) e 9 apresentaram queda (8 vegetais e 1 animal).
 

            No acumulado dos últimos 12 meses, o IqPR registra alta de 17,12%, patamar sustentado pelos maiores preços da cana (+41,40%), que ausente leva o índice (IqPR-sem cana) para um fechamento negativo de 0,80%. Isso fica claro quando se avalia o IqPR-V (vegetais), onde o acumulado tem alta de 20,92% e sem a cana fica com variação negativa de 8,70%. Para o IqPR-A (animais), nos últimos 12 meses o índice fecha em alta de 5,60% (Tabela 1).
 

           Na análise da variação mensal dos índices de preços agropecuários nos últimos 12 meses verificam-se comportamentos distintos: os produtos vegetais crescem até maio de 2011 com salto em decorrência do reposicionamento da cana na entrada da safra. Desde então mostram queda bruta em junho-julho e vêm se mantendo em patamar similar desde então (Figura 1).
 


Figura 1. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Com Cana-de-Açúcar, Outubro de 2010 a Outubro de 2011.


Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).





            Os produtos animais mostram desempenho errático com idas e vindas, de novembro de 2010 a abril de 2011. De abril de 2011 a junho de 2011 apresentam queda expressiva, seguida de alta puxada pela carne bovina na entressafra e pela carne de frango com os altos preços internacionais. Em setembro mostra queda e em outubro ascensão, numa realidade em que todos os índices convergem levemente para cima. (Figura 1).
 

            O comportamento dos preços agropecuários paulistas foi fortemente influenciado pelo preço da cana de açúcar, cujos reajustes na entrada da safra pressionaram os índices para cima. Quando se exclui esse principal produto da agropecuária paulista verifica-se que a reversão de tendência dá-se em março, desde quando os preços dos produtos vegetais revelam nítida trajetória descendente definindo o comportamento dos preços em geral na mesma direção. Verifique-se a queda abrupta de junho para julho que definiram o ajuste dos preços próximos ao patamar verificado no mesmo período do ano passado, desde quando as mudanças são menos pronunciadas. (Figura 2).
 


Figura 2. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Sem Cana-de-Açúcar, Outubro de 2010 a Outubro de 2011.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).



            Na variação de preços de outubro/11 em relação a outubro/10 (Tabela 2), têm-se os maiores incrementos para: tomate para mesa (+91,19%), café (+55,61%), cana-de-açúcar (+41,40%), milho (+29,91%), leite C (+18,00%), ovos (+16,63%), leite B (+14,45%) e carne de frango (+7,02%), os quais apresentaram elevações de preços maiores que a inflação do período. Tiveram preços majorados, mas inferiores ao patamar inflacionário: a banana nanica (+6,52%), a soja (+2,96%) e o amendoim (+1,30%). Tiveram recuos moderados a carne bovina (-0.91%) e o trigo (-5,15%). Apresentaram reduções elevadas os preços da laranja para mesa (-48,31%), da laranja para indústria (-43,13%), do feijão (-29,34%), do algodão (-19,25%), do arroz (-18,39%), da carne suína (-14,57%) e da batata (-14,10%). Em síntese, nos últimos 12 meses, um conjunto de 11 dos 20 produtos componentes do índice apresenta preços atuais maiores, e um conjunto de 9 têm preços inferiores. Logo, no conjunto os preços agropecuários mostram viés de alta, comparativamente às cotações do ano anterior.

__________________________________________________________________

¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/10/2011 a 31/10/2011 e base = 01/09/2011 a 30/09/2011.
 

²Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573

 

 


Data de Publicação: 07/11/2011

Autor(es): Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
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