Preços Agropecuários: baixa de 1,65% no fechamento do mês de fevereiro de 2012

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 encerrou o mês de fevereiro de 2012 em baixa de 1,65%. Separado em grupos de produtos, tanto o IqPR-V (produtos de origem vegetal) como o IqPR-A (produtos de origem animal) apresentaram quedas respectivas de 2,03% e 0,64% (Tabela 1).
 
 

Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Fevereiro de 2012 e Acumulado nos Últimos 12 Meses.

Índice Acumulado

São Paulo

São Paulo - sem cana

Variação mensal Fevereiro/12

Acumulado 

12 meses

Variação mensal Fevereiro/12

Acumulado 

12 meses

IqPR

-1,65% 

9,17%

-2,92%

-7,19%

IqPR-V

-2,03%

12,91%

-5,37%

-13,34%

IqPR-A

-0,64%

-2,73%

-

-

Fonte: Instituto de Economia Agrícola


 

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice (devido a sua importância na ponderação dos produtos), os índices também fecham o mês de fevereiro com variações negativas: o IqPR em 2,92% e o IqPR-V em 5,37% (cálculo somente dos produtos vegetais) (Tabela 1). Interessante pontuar que as quedas de preços agropecuários se dão na perspectiva de entrada do maior volume do ano-safra nacional, que corresponde à colheita de verão.
 

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Fevereiro de 2012.

Origem

27Produto

Unidade

Cotações (R$)

Variação mensal (%)

Variação Fev/12-Fev/11 (%)

Janeiro/

12

Fevereiro/

12

VEGETAL

Algodão

15 kg

54,53
57,13
4,78 
27,24

Amendoim

sc.25 kg

32,65
33,37
2,20 
8,19

Arroz

sc.60 kg

30,24
32,37
7,05 
12,40

Banana nanica

Kg

0,6532
0,6394
- 2,10 
113,08

Batata

sc.50 kg

24,59
21,59
- 12,19 
-13,64

Café

sc.60 kg

480,01
449,22
- 6,41 
-2,59

Cana-de-açúcar 

kg de ATR

0,5037
0,5026
- 0,22 
30,82

Feijão

sc.60 kg

165,96
149,61
- 9,86 
148,52

Laranja p/ Indústria

cx.40,8 kg

10,34
10,50
1,53 
-30,05

Laranja p/ Mesa 

cx.40,8 kg

10,89
10,42
- 4,29 
-58,96

Milho

sc.60 kg

26,29
25,08
- 4,61 
-3,10

Soja

sc.60 kg

42,43
42,80
0,87 
-7,66

Tomate p/ Mesa

cx.22 kg

27,81
14,57
- 47,61 
-52,54

Trigo

sc.60 kg

26,03
26,29
1,02 
-1,31

ANIMAL

Carne Bovina

15 kg

97,34
96,55
- 0,82 
-3,04

Carne de Frango

Kg

1,60
1,58
- 1,08 
-21,01

Carne Suína

15 kg

53,71
51,11
- 4,83 
15,65

Leite B

Litro

0,91
0,91
- 0,48 
17,83

Leite C

Litro

0,82
0,82
- 0,26 
21,16

Ovos

30 dz

40,55
41,20
1,62 
-4,47
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas no mês de fevereiro foram: arroz (7,05%), algodão (4,78%) e amendoim (2,20%) (Tabela 2).
 

            No arroz, a colheita gaúcha, principal estado produtor, sendo menor que as anteriores, produziu maiores preços recebidos pelos produtores inclusive o paulista, sendo que os estoques mundiais do produto e a valorização cambial podem limitar as expectativas de continuidade dessa ascensão.
 

            A baixa oferta de algodão no mercado interno brasileiro garantiu a sustentação dos preços da pluma, uma vez que as indústrias mantiveram o interesse de compra com o objetivo de recompor seus estoques neste intervalo.
 

            No amendoim, mesmo com o aumento de área e da produtividade, os baixos estoques de passagem levaram a movimentos de preços em alta, precificando a possibilidade de escassez durante o decorrer do ano.
 

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços neste mês foram: tomate para mesa (47,61%), batata (12,19%), feijão (9,86%), café (6,41%) e carne suína (4,83%) (Tabela 2).
 

            O tomate, produto perecível que se caracteriza pela alta amplitude de variação conjuntural nos preços, uma vez que com as temperaturas elevadas, verificou-se o amadurecimento rápido nos tomateiros que levou a necessidade do produtor colocá-lo rapidamente no mercado, gerando uma boa oferta do produto.
 

            Na batata, também solanácea perecível, verifica-se a reversão dos preços, que num primeiro momento tende a se manter, mas num segundo momento, com o aumento do consumo no final das férias, poderá refrear essa tendência de baixa.
 

            No café, os preços internacionais associados à valorização cambial indicam tendência de queda nos próximos movimentos tanto internos quanto externos, situação que poderá ser alterada para melhor ou pior na dependência do desenrolar da crise européia.
 

        Para a carne suína, verifica-se de forma mais direta a retração da procura numa conjuntura de oferta elevada (inclusive com ofertas de outros estados de suíno já abatido). Ademais, a comparação de preços se dá com o pico da demanda levando à indicadores de recuo no curto prazo.
 

            Em resumo, em fevereiro, 7 produtos apresentaram alta de preços (6 de origem vegetal e 1 de origem animal) e 13 apresentaram queda (8 vegetal e 5 animal).
 

            No acumulado dos últimos 12 meses, o IqPR registra alta de 9,17%, patamar sustentado pelos maiores preços da cana (+30,82%). Ausente este produto de alta ponderação, o índice (IqPR-sem cana) se direciona para um fechamento negativo de 7,19%. Isso fica claro quando ao se avaliar o IqPR-V (vegetais) o acumulado tem alta de 12,91%. Sem a cana a variação fica negativa em 13,34%. Para o IqPR-A (animais), nos últimos 12 meses o índice fecha em queda de 2,73% (Tabela 1). Isso deixa nítido o sucesso da estratégia de proteção de margens típicas de economias de oligopólios praticadas pelos agentes econômicos da cadeia de produção de açúcar e álcool que, na entrada da safra em março de 2011 realinharam os preços da cana. Tanto assim que, através da análise da variação mensal dos índices de preços agropecuários nos últimos 12 meses se verificam comportamentos distintos: os produtos vegetais crescem até maio de 2011 com salto, em decorrência do reposicionamento da cana na entrada da safra. Desde então se mostra queda abrupta em junho-julho, com manutenção de patamar até dezembro e elevação em janeiro (Figura 1).
 

Figura 1. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Com Cana-de-Açúcar, Fevereiro de 2011 a Fevereiro de 2012.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).


 


            Os produtos animais mostram desempenho errático com idas e vindas, de fevereiro a abril de 2011. De abril de 2011 a junho de 2011 apresentam queda expressiva, seguida de alta puxada pela carne bovina na entressafra e pela carne de frango com os altos preços internacionais. Em setembro mostra queda e em outubro ascensão, numa realidade em que todos os índices convergem para cima no novo ciclo de aumento dos preços agropecuários. Em janeiro de 2012 mostra, contudo, forte queda puxada pelo recuo dos preços das carnes que continua com ritmo menor em 2012 (Figura 1).
 

            O comportamento dos preços agropecuários paulistas foi fortemente influenciado pelo preço da cana de açúcar, cujos reajustes na entrada da safra pressionaram os índices para cima. Quando se exclui esse principal produto da agropecuária paulista se verifica que a reversão de tendência se dá em março de 2011, desde quando os preços dos produtos vegetais revelam nítida trajetória descendente, definindo o comportamento dos preços em geral na mesma direção. Note-se o comportamento convergente de janeiro de 2012 com queda expressiva dos preços dos produtos animais compensadas pela elevação significativa dos preços dos produtos vegetais sem cana. Em fevereiro de 2012 os preços animais recuam pouco e a queda do índice geral decorreu da maior queda dos produtos vegetais sem cana (Figura 2).
 

Figura 2. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Sem Cana-de-Açúcar, Fevereiro de 2011 a Fevereiro de 2012.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).


            Na variação de preços de fevereiro de 2012 em relação a fevereiro de 2011 (Tabela 2), têm-se os maiores incrementos para: feijão (+148,52%), banana nanica (+113,08%), cana-de-açúcar (+30,82%), algodão (+27,24%), leite C (+21,16%), leite B (+17,83%), carne suína (+15,65%), arroz (+12,40%) e amendoim (8,19%), todos em patamares mais elevados que a inflação medida pelo IPCA-IBGE. Apresentaram reduções os preços da laranja para mesa (-58,96%), tomate para mesa (-52,54%), laranja para indústria (-30,05%), carne de frango (-21,01%), batata (-13,64%), soja (-7,66%), ovos (-4,47%), milho (-3,10%), carne bovina (-3,04%), café (-2,59%) e trigo (-1,31%). Em síntese, nos últimos 12 meses, um conjunto de 9 entre 20 produtos componentes do índice apresenta preços atual maiores; outro conjunto de 11 produtos tem preços inferiores. Logo, a maioria dos preços agropecuários mostra queda comparativamente às cotações do ano anterior, exceto, principalmente arroz, feijão e leite, produtos da alimentação básica.
_______________________________________________________
1 A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/02/2012 a 29/02/2012 e base = 01/01/2012 a 31/01/2012.

2 Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em:http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573

 


 

Data de Publicação: 06/03/2012

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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