Modernização do Levantamento dos Preços Médios Mensais Recebidos pela Agropecuária Paulista, 2009-2013

Iniciado em 1948, o levantamento dos preços médios mensais recebidos pelos produtores agropecuários no Estado de São Paulo (PMR) é realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), ambos seções da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) do Estado de São Paulo. Projeto pioneiro no nível nacional foi iniciado com informações estatísticas de preços de produtos vegetais. Já em 1954, o levantamento foi ampliado aos produtos de origem animal.

No restante do século XX, tendo em vista as modificações acontecidas na agropecuária paulista, aperfeiçoamentos metodológicos foram feitos para acompanhar a modernidade tecnológica e suas inovações. Como as cadeias agropecuárias estão em incessantes transformações, entende-se a renovação permanente do levantamento enquanto ação fundamental para a manutenção de sua qualidade. Exemplo disso são as constantes atualizações da ponderação de cada produto na definição do índice de preços segundo as variações surgidas ano a ano nos fluxos de comercialização dos produtos agropecuários.

Mudanças estruturais neste processo de acompanhamento sistemático aconteceram em vários momentos, as quais se destacam as feitas por Dias (1960)1, Sendin (1968)2, Peceguini (1977)3, Carmo e Santiago (1979)4, Santiago, Albuquerque e Nogueira (1987)5, Santiago et al. (1990)6, Mariano et al. (2003)7 e Pinatti et al. (2010)8. Atualização dos informantes9, fiscalização da qualidade dos dados frente à sazonalidade das culturas10, e modernização do programa de ponderação para cálculo dos índices de preços pagos pela agricultura paulista11 se colocaram como as mais importantes rotinas implementadas na reestruturação dos preços médios mensais recebidos pelos produtores no Estado de São Paulo.

O método usado para o levantamento descrito em Santiago et al. (1990)12 e seguido até a última reestruturação13 consiste na obtenção de dados a partir de uma amostra intencional, distribuídos nas seguintes categorias: Casas da Agricultura dos municípios paulistas, agroindústrias, atacadistas, cooperativas, produtores, sindicatos e associações. Os produtos levantados passaram a ser 55, sendo 28 de origem vegetal e 27 de origem animal e, quanto à coleta, 30 provêm da coleta diária (Levantamento de Preços Médios Diários Recebidos Pelos Produtores - PDR) e 25 da coleta do preço recebido mensal, via questionário (enviados e retornados por correio e e-mail). Todo mês, respeitando a sazonalidade das diferentes culturas agropecuárias integrantes do estudo, divulga-se a média dos produtos levantados tanto pelo PDR14 quanto via questionário.       

A última grande melhoria realizada entre os anos de 2009 e 201015 trouxe ao levantamento as técnicas estatísticas mais modernas de processamento informacional dos dados recolhidos no setor rural paulista (Figuras 1, 2 e 3).

 

 

 

Encaminhada com o intuito principal de realizar alterações no procedimento de cálculo da média, utilizando a ponderação por região (Escritório de Desenvolvimento Regional – EDR) (Figura 2), acoplou ao levantamento um programa informatizado de fechamento dos preços médios e do índice de preços que muito contribui para sua modernização.

 

 

Recebidos os dados referentes ao valor das transações de venda dos produtos transferido do agricultor ao primeiro comprador no processo de comercialização (livre de despesas de colheita, transporte, embalagens e impostos), estes são digitados pelos técnicos do Núcleo de Informática para os Agronegócios (NIA), consolidados sob supervisão dos pesquisadores científicos envolvidos e divulgados na forma de preço médio e índice de preços recebidos pela agropecuária paulista no site do IEA (Figuras 3 e 4).

 

 

 

Contudo, mesmo com estas melhorias, de 2010 a 2013 identificou-se que a coleta dos questionários realizada via correio apresentava-se como o principal gargalo da estrutura do levantamento a ser transposto16. Mesmo numa realidade em que a modernidade tecnológica se manifestava (pela presença de computadores e internet) em quase toda a estrutura de informantes dos preços efetivados nas diferentes regiões paulistas, uma fatia dos técnicos responsáveis pelo preenchimento permanecia avessa ao questionário eletrônico e continuava demandando os questionários via correio – seja por falta de infraestrutura ou de pessoal qualificado. Diante disso, o que se visualizava era um disparate entre os prazos de obtenção dos dados: enquanto os preços adquiridos pelo PDR se apresentavam disponíveis para serem consolidados já no primeiro dia útil do mês subsequente ao levantamento e os relacionados aos questionários captados via e-mail já retornavam com as informações preenchidas até o dia 08 (Figura 5), os dados coletados pelo correio chegavam às mãos dos técnicos do IEA para serem digitados somente na terceira semana do mês posterior ao levantamento. Daí que, se usando o exemplo de dezembro de 2012, só foi possível disponibilizar os dados referentes aos preços médios mensais recebidos pela agropecuária paulista e conseguintemente do acumulado deste ano de estudo no site do IEA a partir do dia 26 de janeiro17.

Buscando resolver este problema, diante da característica da instituição de aperfeiçoamento permanente de suas rotinas, durante todo o ano de 2012 foi realizado um processo de modernização de sua base de informantes do PMR, centrando-se na atualização de seus cadastros via captação dos correios eletrônicos (e-mails) das instituições parceiras. Culminada no início de 2013, devido principalmente aos esforços de renovação dos compromissos com a CATI, desde janeiro último todos os dados obtidos para o fechamento dos preços médios recebidos pela agropecuária paulista são recebidos via e-mail.

Em um transcorrer de transição, o fechamento final tem conseguido ser adiantado em quase uma semana, e a consolidação de uma amostra já maior que a vigorante até 2012 dá a garantia de que, nos próximos meses antes de findar a primeira quinzena do mês subsequente ao levantamento, os dados do PMR estarão disponíveis online para consulta dos clientes da instituição.

Firma-se, assim, mais uma etapa de modernização estruturante do IEA que o tem mantido enquanto uma instituição de pesquisa consistente frente aos desafios de subsidiar a sociedade e o setor agropecuário paulista e nacional com informações fidedignas e céleres, segundo as demandas do período histórico atual. Com as modificações, reduziram-se os custos financeiros do levantamento – ao extinguir o envio de questionários via correio, aumentando aqueles via e-mail -, e de tempo despendido pelos profissionais envolvidos, pois ocorreu uma racionalização das atividades. Essas considerações contribuíram para uma melhor qualidade e confiabilidade com custo menor de um dos principais serviços prestado à sociedade pelo IEA da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

 

 

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1DIAS, R. Levantamento dos preços médios recebidos pelos produtores. Agricultura em São Paulo, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 37-48, 1960.

 

2SENDIN, P. V. Preços médios recebidos pelos lavradores: efeito do número e da regionalização sobre a precisão das estimativas. Agricultura em São Paulo, São Paulo, v. 15, n. 9-10, p. 19-26, 1968.

 

3PECEGUINI, E. E. Preços médios recebidos pelos agricultores: metodologia e dimensionamento de amostras. Agricultura em São Paulo, São Paulo, v. 24, n. 1-2, p. 119-134, 1977.

 

4CARMO, M. S.; SANTIAGO, M. M. D. Preços médios recebidos pelos agricultores do estado de São Paulo: metodologia de cálculo e de controle de qualidade. São Paulo: IEA, 1979. 9 p. (Relatório de Pesquisa).

5SANTIAGO, M. M. D.; ALBUQUERQUE, N. G. S.; NOGUEIRA, E. A. Controle de qualidade dos preços médios recebidos pelos agropecuaristas do estado de São Paulo: dimensionamento da amostra. São Paulo: IEA, 1987, 64 p.

 

6 _______. et al. (Coord.). Estatísticas de preços agrícolas no Estado de São Paulo. Séries Informações São Paulo: IEA, 1990. (Série Informações Estatísticas da Agricultura/).

 

7MARIANO, R. M. et al. Reestruturação do sistema de processamento e cálculo dos preços médios mensais recebidos pelos agricultores no estado de São Paulo. Informações Econômicas, São Paulo, v. 33, n. 10, p. 100-101, out. 2003.

 

8PINATTI, et. al. Reestruturação do levantamento de preços médios mensais recebidos pelos produtores no Estado de São Paulo, 2009. Informações Econômicas, São Paulo, v. 40, n. 11, p. 05-11, nov. 2010.

 

9SANTIAGO, M. M. D. Reestruturação do sistema de levantamento dos preços médios diários recebidos pelos agricultores no estado de São Paulo. Informações Econômicas, São Paulo, v. 30, n. 3, p. 10-16, out. 2000.

 

10Op.cit. nota 4.

 

11PELLEGRINI, R. M .P. et al. Sistemas de ponderação para cálculo de índices de preços pagos pela agricultura paulista: uma análise comparativa. São Paulo: IEA, 1987, 20 p.

 

12Op. cit. nota 6.

 

13Op. cit. nota 8.

 

14Especificamente os dados do PDR são base para o importante estudo divulgado pelo IEA referenciado como Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR).

 

15Op. cit. nota 8.

 

16Problemas burocráticos como a demora na renovação de contratos com os correios, aliados à falta de recursos financeiros para cobrir os custos de postagens das cartas, atrapalharam em muito o andamento da rotina no último período.

 

17Ou seja, se estava terminando um mês e ainda eram apresentadas pendências do anterior. Tudo isso pela falta de celeridade na coleta obtida via correio.

 

Palavras-chave: modernização, preços recebidos, PMR, IEA.

 

 

Data de Publicação: 24/06/2013

Autor(es): Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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